Colo

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Se passavam algumas horas desde que Yoko havia sido resgatado, eles estavam todos em uma grande clareira a alguns quilômetros de distância de onde aquele embate havia acontecido. Yime costurava os ferimentos de Yoko que não havia acordado ainda - Ou era o que eles imaginavam, ele na realidade havia perdido a consciência novamente. -, a morena costurava o último ferimento aberto, a flechada nas costas. Yoko estava com a cabeça no colo de Ley que acariciava o cabelos do cego enquanto fitava Yime. Ley por um momento parou de olhar Yime e olhou Regalus que já estava dormindo, usar "magia" é altamente desgastante, pelo menos é o que ele diz, suas costas estavam apoiadas em uma árvore alta. Um ypê rosa, grande parte das árvores daquela região são dessa espécie.

- Por acaso ele vai ter alguma sequela?

- Tá preocupada de mais, são flechadas de bestas, podem ser mais fortes que arcos mas ainda sim não atravessam uma pessoa. Pelo menos, não que eu sabia. - Yime estava sentada sobre os joelhos do lado da árvore em concentração total em costurar o ferimento, ou quase total.

Ley franziu o rosto e fechou suavemente os olhos repetindo a pergunta, agora com uma adição:

- Não foi isso que eu perguntei, ele vai ter alguma sequela por causa dessas flechadas? Dores? Ferimentos internos?

- Há, isso... - Yime pensou, colocou a linha da agulha na boca, mordeu cortando o fio e respondeu a pergunta sorrindo - Ele nunca vai poder... Apertar a sua bunda e dizer "Eu t" - foi interrompida por um soco de Ley que acertou bem no meio da testa de Yime que caiu para trás.

- NÃO ME COMPARE COM VOCÊ! - gritou enfurecida com uma das veias da testa pulsando.

Yime ficou imóvel no chão durante poucos segundos, se sentou com uma das pernas deitada na grama e um dos joelhos dobrados, apoiou os braços no joelho e deu um sorriso forçado, a testa estava completamente vermelha.

- Certo, certo. Ainda bem que eu terminei antes do soco. Poderia ter machucado ele. - Olhou para Yoko.

- Sério? De qualquer forma, a culpa é sua.

- Sei. Não sou eu que bato em todos por terem opiniões diferentes. - moveu os olhos para olhar para a amiga que a encarava com um olhar sombrio e brutal, como se quisesse esfaquear Yime. - Eu só estou brincando, s-sei que não gosta dele nem nada assim. Hahahahaha

Ley continou fitando a mulher durante alguns instantes, ela não engoliu isso, depois fitou Yoko em seu colo, suspirou e olhou para cima, depois instantemente olhou para o cego, ele, ele estava corado?

Ley deu um sorriso forçado, Yime não entendeu isso, afinal, ela estava atrás do cego. A ladra manteve uma mão acariciando os cabelos do cego e ergueu a outra mão, deixou os dedos moles e moveu contra a nuca do cego num forte tapa que ecoou pela clareira, seguido instantemente por um arrepio por todo o corpo do cego e um grito de surpresa e dor.

- AAAAAAIIIIII!

O cego tentou rolar mas Ley o segurava pelos cabelos com um sorriso sombrio, apertou os dedos segurando nos cabelos do cego com força.

- Está gostando do colo?

- Eu? N-nunca! Eu suas coxas são duras como uma pedra! - Yoko virou o pescoço para Ley, seu rosto permanecia corado.

Para um jovem virgem e altamente inocente como Yoko, aquilo era equivalente a uma das maiores demostrações de carinho feminino já feito a ele por uma mulher que não fosse sua mãe, triste. Aquele colo era incrivelmente agradável, mesmo que se recusasse a aceitar isso.

Yime começou a dar uma risada baixa enquanto fitava os dois, um sorriso safado de quem "shippava" os dois apareceu em seu rosto. Yoko e Ley viraram o rostos para a morena mas ela virou o rosto antes que Ley percebesse seu sorriso ou seu olhar. Ley cerrou os olhos.

- Tem alguma coisa de engraçada nisso? E, minhas coxas não são duras! - deu um potente cascudo na cabeça do cego que gemeu de dor e colocou as duas mãos na cabeça, que aliás,também doeram no momento.

- PARA DE ME BATER! MEU CORPO JÁ ESTA DOENDO O SUFICIENTE!

Yime voltou a fitar os dois e disse com sinceridade.

- Vocês parecem irmãos.

Ley olhou para o Yoko e lentamente foi virando seu rosto em direção a Yime como se seu pescoço fosse alguma engrenagem enferrujada, ela estava sem graça e um pouco corada. Já Yoko abriu os olhos, piscou algumas vezes e virou o rosto para a mulher, seu rosto permanecia corado.

- C-como? - os dois dizeram em uníssono.

- Nada, e só pra deixar claro, eu ainda acham que vocês são um ótimo casal juntos e quero ser a ma - ela recuou num salto para o lado quando Ley tentou acertar outro soco nela, já ia se gabar com um "O mesmo truque não funciona duas vezes", mas tropeçou na perna do Yoko que não estava ali do lado dela alguns segundos atrás, ela caiu como uma pedra batendo a cabeça em uma pedra - que ironia - e desmaiou. Um fantasma saiu de sua boca.

Yoko ficou um pouco preocupado e perguntou:

- Ela vai ficar bem?

- Não se preocupe, a parte mais dura dessa ninfomaníaca é a cabeça.

- Ainda não sei o que é uma ninfomaníaca.

- É melhor não saber.

Ambos ficaram em silêncio durante alguns instantes, Yoko deixou sua cabeça no colo de Ley, era agradável e como ela ainda não havia empurrado ele de lá ou algo do tipo, pensou que ela gostasse de ter uma cabeça em seu colo, ele se lembrou da última coisa que ouviu e abaixou a cabeça.

- Eu sou um estorvo?

- Posso acariciar sua cabeça?

Os dois perguntaram ao mesmo tempo, Ley ficou séria com a pergunta de Yoko e Yoko por sua vez ficou surpreso com a pergunta de Ley.

- Deixa eu responder antes, - o cego pediu - sim, pode.

- Ótimo.

- Mas! Não é porque eu gosto, é porque é um desperdício deixar uma mão acariciadora sem acariciar.

- Humn. - Ley deu uma breve risada iniciando os carinhos na cabeça do cego que murmurou algo tão abaixo que Ley não ouviu, se tratava de um "Obrigado".

Se passavam alguns segundos, até que Ley respondesse a pergunta de Yoko.

- Não. - uma breve, curta e sincera resposta.

- Só isso? - Yoko virou o rosto para que ficasse de frente ao dela, o rosto ainda sutilmente corado, ele esperava uma resposta maior.

- Só, você só não é. Apenas isso, é uma resposta simples para uma pergunta simples. Não é como se tivesse me perguntado sobre trigonometria ou algum tipo de equação matemática complexa.

- Trigonometria? Você conhece coisas estranhas. - comentou o cego com uma das sobrancelhas se movendo, mentalmente ele se perguntava o que era trigonometria.

- Nada não. Então vá por mim, você não é. Por que da pergunta?

Yoko virou o rosto no mesmo momento da pergunta.

- Por nada.

- Estranho.

Ambos ficaram em completo silêncio, Yoko abriu os olhos por um instante, depois os fechou deixando os carinhos de Ley o acalmarem. Yoko precisava mostrar para eles que não era inútil, principalmente para Regalus.

" Eu não sou inutil!"

Pensou. Com o decorrer dos minutos antes que percebessem Yoko e Ley acabavam caindo no sono, Ley encostada em uma árvore com Yoko em seu colo.

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Primeiramente, desculpem pelo tamanho desse capítulo, sei que foi pequeno. Gostaria de agradecer pelas leituras e pelos votos, obrigado! :3

Também quero avisar que tentarei escrever outro capítulo para essa semana, quero mandar mais no mínimo 1. Para compensar pela semana de hiato (mesmo que tenha sido culpa do ENEM). Espero que estejam gostando da história, e novamente obrigado!

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