Anteriormente já tinha chamado à atenção para a importância de um livro conter boas descrições. Afinal como é possível fazermos o nosso leitor interiorizar-se na obra, se não lhes damos os detalhes absolutamente necessários?
É importante especificar-mos certos aspetos fundamentais do espaço onde a ação decorre, ou traços de uma certa personagem.
Quanto à caracterização de um personagem, esta pode ser estática, no sentido em que descrevemos as suas características, ou dinâmica, se estivermos a focar-nos sobre os seus movimentos. Deve ser elaborada segundo uma ordenação lógica (de frente para baixo, da esquera para a direita, de dentro para fora, etc.).
« As classes de palavras predominantes são o nome (que contribui para a visualização do que se descreve) e o adjetivo qualificativo (que indica características, qualidades do que é descrito, criando um efeito visual); mas também advérbios (e locuções adverbiais) e preposições (e locuções prepositivas) que situem no espaço o que é descrito, realçam qualidades, sugiram movimentos.
Não é raro serem despertadas várias sensações (visuais, auditivas, olfativas, táteis e gustativas) e sentimentos, o que permite ao leitor uma aproximação ilusória do real descrito. É frequente o uso de recursos expressivos, tais como a comparação, a metáfora, a personificação, a adjetivação e a enumeração, cuja expressividade permite visualizar mais claramente aquilo que se descreve.»
Exemplo (retirado da minha história O Romeu, a Julieta e o Melhor Amigo - peço desculpa, mas estava preguiçosa para fazer um das borboletas):
«Camden exaltava a sua energia do costume. Pessoas com cabelos estranhos e roupas surreais passavam por mim, de rostos fechados e cheios de piercings. O meu apartamento situava-se na direção oposta de Camden Lock, mas suficientemente perto, para ter turistas nessa área. Foi estranho, quando, no início, saía de casa e via imensos chineses, japoneses, espanhóis e franceses explorarem as ruas adjacentes, mas depois acabei por me habituar.
No mini mercado, regido por dois indianos, encontrei uma embalagem de tortilla, que me pareceu bastante boa, acabando, assim, por a levar. Atravessei a rua e direcionei-me para o meu apartamento, localizado um pouco mais abaixo. Assim que dei entrada no prédio, deparei-me com o velho snob, que era o meu vizinho de baixo. Este não me cumprimentou, passando por mim de cabeça erguida e bengala na mão. Era um personagem interessante e carismático, apesar de ser, extremamente, rude.
Abri a porta, penetrando no hall de entrada, curto e apertado, onde pendurei o meu casaco. Fui até á cozinha, tirando do saco de plástico, de aparência barata, o meu jantar. Esmaguei o derivado de petróleo, colocando-o no lixo, buscando depois, nas prateleiras, por um prato, onde coloquei a comida congelada. O micro-ondas não estava muito bom, mas depois de fechar a porta pela terceira vez, consegui que aquecesse a refeição.»
Espero que vos tenha sido útil, o excerto sobre descrições foi retirado de um livro de 12º ano. Se alguém tiver dúvidas basta perguntar :)
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Guia (quase de ouro) Para Um Bom Livro
Non-Fiction{COMPLETO} Este é um livro dedicado a ajudar as restantes pessoas a escrever e a melhorar as suas capacidades. Caso estejam a pensar em escrever um livro e a se aventurarem pelo mundo das palavras, deixo aqui dicas, que considero importantes.