Eu liguei pra minha mãe e ela estava no mercado. Graças a Deus ela não estava no hospital hoje. Bom, ela é enfermeira. Deixei Vivian na sala e liguei de novo pra mãe.
- Mãe, a senhora já está vindo?
- Eu já estou no caminho de casa Cauã. O que foi que tu fez? Não me diz que tu botou fogo na casa. Pelo amor de Deus Cauã eu fiz empréstimo pra pagar essa casa.
- Não mãe, calma. A casa está inteira. Preciso das suas habilidades técnicas de excelente profissional da saúde.
- Cauã não enrola. Que parte do corpo você quebrou dessa vez?
- Mãe, por que a senhora sempre espera coisas ruins de mim? - Nesse momento eu já estava morrendo de rir com os pensamentos da minha mãe.
- Quer mesmo que eu te repasse todo teu histórico?
- Ok, a senhora tem razão. Mas não sou eu quem precisa da sua ajuda. É uma amiga minha que passou mal
- Amiga... Sei. Mas tá, o que ela tem?
- Ela tá com crise de asma. Eu não sei o que fazer dona Ana.
- Já sei até como que tu fez ela ficar sem ar Cauã...
- Meu Deus mãe. Que isso?
- Tá, eu tô chegando em casa. Faz assim, leva ela pro teu quarto e deita ela na tua cama.
- Por que mãe?
- Deixa de fazer pergunta e faz o que eu tô mandando. Só não vai abusar da garota só porque ela tá na tua cama viu? Deixa a menina ao menos voltar a respirar direito, aí depois vocês continuam.
- MÃE! Eu não fiz nada com ela. Quer dizer, eu fiz. Mas não isso que a senhora tá insinuando que eu fiz. Eu sou um garoto certinho mãe.
- Quem vê até acredita nisso. Tá eu tô chegando. Faz o que eu mandei. Beijo, te amo.
- Tá mãe, também te amo.Voltei na sala e ela estava com o rosto entre as mãos. E os cotovelos apoiados nas coxas. Ela ainda não está bem.
- Vem comigo. - A chamei
- Aonde?
- Vou te levar no meu quarto.
- Por que? Não. Eu tô bem aqui.
- Calma. Foi minha mãe quem mandou. Eu estranhei também, mas é coisa dela.
- Eu não vou no seu quarto Cauã. Não mesmo.
- Ok. Você está me obrigando a isso.Você acha que eu vou carregá-la até lá? Pensou errado. Eu vou ligar pra minha mamãe na frente dela.
- Mãe. -Botei no viva-voz. - Repete o que a senhora pediu, eu acabei esquecendo.
- Meu Deus Cauã, tu é burro hein, pelamor.
- Só repete mãe
- Eu virei gravador foi? Lembrava disso não. -Vivian estava rindo. Foi engraçado, porque ela tava querendo rir mas sem ar.
- Oh mãe, repete
- Cauã, eu não sou idiota. Fala logo. Pelo que eu lembro não pari filho com amnésia não. - É, minha mãe literalmente não nasceu ontem
- É que minha amiga não tá querendo ir pro meu quarto.
- Sim querida. Eu quem mandei. Só cuidado com o Cauã, ele é meio pervertido. Puxou pro meu dedo, o pai dele.
- Nossa mãe, eu pensava que tinha nascido num repolho.
- Tá. Só faz o que eu mandei. Ah, pega minha bolsa no quarto e deixa perto dela. Quando eu chegar faço tudo que fica mais fácil.
- Sim senhora.Vivian soltava risos fracos. Acho que era o que sua respiração permitia a ela.
- Viu, eu não estava querendo te abusar não. Eu sou um anjo. - Balancei os braços em o que seriam asas
- Tá bom. Onde é seu quarto?
- Uau, menina rápida. Gosto. - Cara maliciosa. Ela me deu um tapa. - Ai. Seja mais amável comigo. Sua respiração depende da mim agora.
- Tecnicamente não, já que é sua mãe que vai me ajudar
- Quer dizer então que eu não lhe ajudei?
- Não é isso. Sei lá, buguei.
- Vem comigo. O quarto é no final do corredor a direita.Ela passou e eu fui atrás dela. Entrou no meu quarto e ficou em pé próxima a porta.
- Pode entrar.
- Tá bom. - Passei na frente dela e ajeitei o travesseiro da minha cama pra ela se deitar enquanto aguardássemos minha mãe. Ela foi até a cama e sentou-se lá.- Cauã, isso é estranho. Muito estranho.
- Sim. Até eu tô achando. Mas minha mamãe que mandou. Se ela não tivesse falado nada você estaria na casinha do cachorro, acredite.
- Be-le-za. - Ela fechou a cara e cruzou os braços
- Eu tava brincando.
- Não, tudo bem. -Fechou a cara.
- Vivian, se você não mudar agora essa cara de cachorrinho que caiu da mudança eu vou te torturar com cócegas de novo. - Ela não falou nada. Ficou quieta.
- Vivian, eu vou contar até três. Se tu não mudar essa cara, eu te faço cócegas de novo e foda-se sua falta de ar. -Ficou quieta e não esboçou qualquer reação.
- Ok, você que pediu. -Corri até a cama. Pus minhas pernas ao redor de seu quadril, apoiando meus joelhos na cama. Com uma mão estava segurando seus pulsos acima da cabeça e com a outra fazia cócegas em suas costelas. Ela gritava, xingava e implorava para que eu parasse com a 'tortura'. Tortura é ela estar com esse corpo por baixo do meu.
- CAUÃ... POR... FAVOR... PARA... COM... ESSA... TORTURA...
- Você vai parar com essa cara fechada pra mim ou eu vou continuar. - Continuei com as cócegas.
- CAUÃ... PARA- Vi que sua respiração falhava e estava tardia. Penso em parar até que
- CAUÃ!
- Não é isso que parece. -Digo
- Eu não falei pra tu esperar a menina voltar a respirar direito e depois vocês continuarem... Tu tá é com fogo é Cauã?
- MÃE!Olhei para Vivian e notei vermelhidão em seu rosto. É incrível como ela fica linda assim. Até assim.
- Dona Ana, não é nada disso que a senhora tá pensando. Não mesmo.
- Não precisa se envergonhar, meu bem. Só tomem cuidado porque sou jovem demais para ser chamada de vovó...Minha mãe saiu. Vivian levantou e foi em direção a porta.
- Onde você vai? - Perguntei
- Pra casa. Eu acho que já incomodei demais. -Abriu a porta, mas eu a interrompi
- Você não vai agora. Vai sentar ali e esperar minha mãe, mocinha.
- Cauã, eu não quero atrapalhar a vida de mais ninguém. -Segurei ela pelo braço, impedindo sua ida. -Me solta, por favor.- falou num tom cabisbaixo.
- Fica aqui.
- Cauã, é melhor assim. Eu consigo ir pra minha casa. Até amanhã e obrigada por tudo. - Ela livrou-se do meu pulso e então saiu pela porta.Apenas sentei na minha cama com as pernas envolvidas pelos meus braços e fiquei ali. Depois de um tempo, vi a porta ser entreaberta
- Vivian? - Questionei na esperança que fosse ela
- Não, a Vivian já foi. O que aconteceu Cauã?
- Eu também quero saber, mãe.
- Bom, ao menos deu tempo de ajudá-la com a falta de ar
- Pelo menos isso né...Você acha que ela ficou melhor?
- Sim. Ela saiu tem pouco tempo e a respiração dela tava mais regulada e com um espaço de tempo maior, ou seja, não estava tão ofegante.
- Tá, obrigado mãe. -Deitei
- Olha, ela pediu pra você não se preocupar porque ela ficaria bem. Mas se mesmo assim, você se preocupar, ela deixou o número dela comigo
- Você pode me dar?
- Posso. Agora vai tirar esse uniforme e vem almoçar
- Eu já almocei, mãe.
- Posso saber onde meu lindo filho de apenas 15 anos almoçou? - Arrancou um sorriso meu
- Pode sim, Dona Ana. Eu fui com a Vivian naquela lanchonete de cachorro quente que a vossa majestade me levou um dia desses.
- Você levou a Vivian pra almoçar com você o 'Melhor Dogão de Porto Branco'?
- Sim. -Ri fraco. - Eu a levei lá
- E quando vocês vão sair de novo?
- Mãe! Isso não foi um encontro. Eu apenas fui lá com ela porque eu pedi a ajuda dela pro meu aniversário
- Então o senhorzinho mudou de ideia?
- Mudei, Dona Ana. Seu bolso está preparado? - Ri
- Depende do tipo de baderna que você e minha futura nora, opa, a Vivian, estão pensando em fazer. - Fiquei sem entender
- Pera. Futura nora? É sério mãe? A senhora conheceu a menina hoje... Meu Deus, Dona Ana
- Ué, ela é bonita e educada.
- E ela também é muito inteligente
- Acho que vai demorar menos do que eu esperava
- Demorar pra que?
- Pra ter ela como nora
- MÃE!
- Não esqueça de tomar banho. Beijo.Ela simplesmente saiu e não falou mais nada. Não vou mentir, eu pensei na possibilidade da Vivian ter minha mãe como sogra. Imaginar não faz mal nenhum né? Além do mais, não custa nada e não arranca nenhum pedaço.
Desculpa pela demora, meus amores.
Eu estava passando por alguns problemas e acabei perdendo o foco do livro... Mas tá aí, capítulo novinho pra vocês. Espero que gostem e mandem sugestões nos comentários.Amo vocês de montão ❤
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Sentimentos Guardados
Teen FictionTodos parecem viver sua vida comum. Mas Vivian é tão diferente. Não tem amigos de verdade, a não ser seu incrível e inseparável caderno. Caderno este que guarda todos os sentimentos e pensamentos de uma jovem. Tudo parece rotineiro até a chegada de...