Capítulo 12- Vivian

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Quando saí do quarto do Cauã, a mãe dele estava na sala mexendo em uma bolsa. Eu a cumprimentei
- Obrigada pela atenção, Dona Ana. Mas eu tenho que ir, desculpa qualquer coisa. - Falei dirigindo-me até a porta
- Ah não, mocinha. Não posso deixar você ir pra casa com crise asmática.
- Eu não quero atrapalhar mais.
- Você não atrapalha em nada, meu amor. Sente-se aqui que eu irei lhe ajudar, aí depois você vai. Pode ser? -Ela insiste com um sorriso que me faz concordar involuntariamente. Agora já sei de quem o Cauã herdou aquele sorriso maravilhoso. Que sorriso.
- Tudo bem. - Ri fraco

Ela me perguntou se eu era adepta de uma bombinha. Falei que não. Nunca fui, minha mãe acredita que eu posso viver sem, mas eu ainda duvido bastante. Ela me explicou sobre a importância de andar com uma, seria uma precaução em caso de uma crise mais forte.
- Cauã havia me dito que você é enfermeira, mas parece mais com uma médica.
- Ah, por causa da medicação que lhe dei? -Falou sem qualquer vergonha
- Também. E desculpa a indiscrição.
- Tudo bem. É que na verdade, enfermeiros não são aptos a prescrever medicação. Mas eu tenho asma, então essa medicação é para uso próprio.
- Então o Cauã também tem? -Perguntei sem pensar. A pergunta apenas saiu
- Ele chegou a ter crises de asma quando criança, mas depois nunca mais teve. Acho que por conta de sempre praticar esportes. Querendo ou não meu bebê é um atleta. - Riu
- É, isso faz sentido.
- Bom, no que eu podia te ajudar, eu fiz. Você tá melhor?
- Tô sim, obrigada Dona Ana.
- Não é nada mais que meu dever né...

Peguei minha bolsa e despedi-me dela. Quando estava prestes a sair, ela me chama
- Vivian. Eu vou te dar meu número. Caso você precise, não tenha vergonha, é só ligar. - Veio em minha direção com um pequeno pedaço de papel na mão e me entregou um outro com uma caneta para que eu anotasse meu número de telefone.
- Obrigada, Dona Ana. Obrigada mesmo. - Entreguei o papel em que havia anotado meu número, dei-lhe um rápido abraço e um beijo na testa.
- Vá com Deus, Vivian.
- Fique com Deus também, Dona Ana.

Sai de lá e fui em busca de algum lugar que eu reconhecesse, para então saber para onde era minha casa. Sim, eu estava tecnicamente perdida. Andei bastante por uma avenida principal. Até que avistei uma rua que era a da minha casa. Meus pais haviam saído para trabalhar e meu irmão estava na escola. Agora faz sentido não terem ligado-me perguntando onde eu estava naquele horário. Bom, já era quase dezesseis horas, quando abri a porta principal da minha casa e então adentrei.

Fui para o meu quarto, os passos eram caminhos infinitos. A falta de ar novamente pairava em meus pulmões, se é que um dia eu os tive. Minha cabeça começou a pesar quando finalmente abri a porta do meu quarto e atirei-me sobre a cama. Sinto minhas pálpebras pesarem e então durmo.

Acordo do meu 'sono de pedra' com a voz da minha mãe a chamar-me
- Filha... Filha, acorda. -Abro os olhos ainda muito sonolenta. Reconheço os traços
- Oi mãe...
- Você ainda está de uniforme. Vá tomar banho, a janta está na mesa
- Tá bom. - Digo isso retirando o cobertor que estava sobre meu ineficaz corpo
- E não demore no banho. Estamos esperando por você na mesa
- Sim, senhora. - Disse, entrando no banheiro.

Olhei rapidamente para o relógio do meu quarto e constatei o horário: 19:08. Ok, a madame aqui havia tirado uma sonequinha. Olhei-me no espelho por alguns segundos. Removi meu uniforme, jogando-o no cesto de roupas sujas. Ao ligar o chuveiro, uma água morna banha meu corpo, fazendo-me relaxar profundamente. Pego minha toalha e saio do banheiro. Visto uma camisa com mangas compridas e um shortinho. Ouço minha mãe chamar
- Filha! Vem logo!
- Já estou indo, mãe

Amarro meu cabelo, e enxugo meu rosto, ainda um pouco molhado. Vou até a mesa e percebo que eles realmente estavam esperando a minha presença. Minha mãe havia preparado uma macarronada. Não estava com tanta fome, em dias comuns teria devorado aquela macarronada em quinze minutos. E acredite, sem muito sacrifício.

Quando terminei de comer, ajudei minha mãe a retirar a louça da mesa e a lavar as louças. Por fim, vou para meu quarto. Bate um desespero quando procuro meu celular e não o encontro. Droga! Até que escuto um barulho de notificação de mensagens. Acho meu celular, estava atrás do travesseiro. Destravei meu celular e percebi que as mensagens que haviam chegado eram de um número desconhecido. As mensagens diziam

  Boa noite! :)
  Você está melhor?

Não respondi. Apenas visualizei. Não sabia quem era. Mas descobri rapidamente o remetente de tais mensagens quando uma terceira chegou em meu celular
        
Não ignore minhas mensagens,    Nerdizinha. Estou vendo isso, que coisa feia hein

Sorri ao ler tal mensagem. Respondi-o de imediato

  Você deveria ter falado que era você. Não tenho bola de cristal ainda, Debutante

Que engraçadinha ela. Vem cá
Posso te fazer uma pergunta que eu não tive coragem de fazer hoje?

Lá vem. Faz! kkk

Tu tem parentesco com o Bozo e com o Patati Patatá
Ou tu é a única palhaça da tua família?

Tu só tá com isso pq eu não tô aí pra te dar uns tapas né Richard Cauã?!?
Mas falando em palhaços, a gente tem que ver as coisas do seu aniversário né?

Verdade... Tinha esquecido. Bom, eu falei com a Dona Ana, vulgo mãe, sobre você me ajudar. Ela gostou de saber que vai ter uma assistente, e que vai ser você

Dona Ana é um amor. Tu não é adotado não? Kkkk
Brincadeira <3

Lembra não? É que eu pareço mais com meu pai, o dedo dela... Kkkk
E pode parar de usar esse emoji de coração, você não tem um pra ficar usando :)

Achei ofensivo
Depois dessa vou DORMIR
TCHAU, Richard Cauã


Olha o drama kkkk

Sai daquiiiii
Me deixa
Eu não tenho coração, lembra? Palhaço

Não sei você, mas EU realmente tenho que ir dormir

Também tenho
Acho que é isso

Boa noite, Nerdizinha.
Fica bem
E sonha comigo
Opa
*Sonha com os anjos
Esse corretor

Modéstia sempre será uma das suas grandes virtudes
Boa noite, Debutante

Nada de passar mal, viu? Não estarei aí para te salvar novamente se você tiver mais uma crise de asma

Acho que preciso te relembrar que foi sua mãe a heroína do dia kskskks
Mas é bom poder contar com o filho dela também

Achei que ia ficar me menosprezando o tempo todo
Ao menos um pouco de reconhecimento kkkkkkk

Bom, super herói. Agora deu a hora da linda e indefesa donzela aqui dormir. Então.. Boa noite, debutante

Também vou nessa
Boa noite, nerdizinha

Até amanhã, então

Até...


Coloquei meu celular para carregar em cima da mesinha e voltei pra cama. Pus-me embaixo do edredom e senti o pesar forte das minhas pálpebras, e então minha vista embaçar e escurecer por fim.

Sentimentos GuardadosOnde histórias criam vida. Descubra agora