Sentimentos Guardados

Capítulo 9- Cauã

As aulas passaram rapidamente. Quando bateu o sino, vi Vivian sentar embaixo de uma das árvores próximas ao pátio.
- Por que você está aí?
- Tu não está com -fez aspas com os dedos- dificuldade em física?
- Você vai ficar aqui na escola direto?
- Sim, por que?
- Ah, então eu vou ficar aqui também. -Me joguei no chão e parei próximo a ela
- Você não ia pra casa? - Me questionou
- Sim, eu ia. Não vou mais. A propósito, onde vamos almoçar Vivian?
- Eu não estou com fome. Nem estava pensando em almoçar pra ser sincera.

Eu pensei um pouco e lembrei de uma lanchonete ali perto que eu havia ido no dia anterior, que tinha uma energia muito boa.
- Vem, vou te levar em um lugar. - Falei enquanto me levantava, ofereci ajuda para que ela se levantasse.
- Não precisa, eu sei levantar sem guincho. - Ela consegue tirar um sorriso de mim até com uma simples piada totalmente sem graça e nexo. COMO? Eu cheguei hoje, era pra eu estar que nem outros novatos, isolado e sem amigos. Ou até mesmo pensando em voltar pra escola antiga, o que não é meu caso. Não mesmo.

Saímos da escola e fui nos direcionando até o lugar. Não era tão longe, então fomos caminhando mesmo.

- Onde você está me levando?
- Ah, não é nenhum lugar incrivelmente fantástico. Mas é um lugar muito bonito.
- Meu Deus Cauã, eu sou sedentária. Não dá pra ficar fazendo maratona até pra ir almoçar não. - E mais uma vez, ela me fez rir.
- Ai ai. Você é sempre assim engraçadona, ou hoje engoliu o Patati Patatá?
- Nossa, depois dessa vou até voltar. -Girou o corpo em 180° e começou a andar com quem ia para a escola.
- Ei, onde você pensa que vai mocinha?
- Cauã, eu tô MORRENDO. - Se jogou na grama botando as mãos no peito.
- Não, não está. Agora vem comigo. -Puxei-a de forma rápida, o que fez com que nossos corpos por segundos não tivessem espaço entre si. O que fez nossas bocas ficarem tão próximas como quando a caneta dela caiu.

Quis minha boca na sua, mas não queria me precipitar. Nem eu sei o que estava fazendo, sinceramente. Antes que pudesse tomar qualquer atitude, lembrei que na última vez ela saiu correndo e chorando. Então preferi conter minha mente e meu corpo. Me aproximei de seu ouvido e disse:
- Pelo amor que eu sei que você sente por mim, VAMOS COMER. -Falei rindo
- Quem disse que eu te amo? - Falou séria.
- Eu sinto aqui. -Coloquei minha mão sobre o peito. -Mas não precisa ficar com vergonha não. E até que compreensível, tenho uma capacidade extraordinária de fazer com que todos me amem. -Ela me olhava fixamente
- A sua grande taxa de alto estima é algo venerável. Mas toma cuidado, é como dizem,  -Ela se aproximou de mim, quando encostando sua boca em meu ouvido.- Quanto maior o sonho, maior a queda. Tomara que sua auto estima venha com airbags.
- Olha, eu até fiquei magoado. Mas minha coisinha linda "que eu amo" -falei fazendo aspas com as mãos- eu prefiro comer um rango daqueles do que discutir.
- Ok ser humano "que eu amo" -Ela fez aspas com a mão, como eu fizera anteriormente. - Eu também tô com fome.
-Vamos logo. -Peguei em seu antebraço, como quem puxa criança -Do jeito que tu anda devagar, a gente não vai chegar nunca.
- Olha aqui senhor Richard Cauã, fique sabendo que a sua excelentíssima pessoa está magoando meu ferido coração.
- Pera. -Fiz pausa
- O que foi?
- Por que coração ferido? O que fez ele ficar assim?

Fico imaginando que tipo de pessoa fora capaz de magoá-la. Que tipo de imbecil foi tão ignorante a ponto de ferir seu coração. Como alguém pôde machucar alguém como ela? Tão meiga e incrivelmente ela. Ela é tão sensacional, que isso a torna indescritível.

- Bom, onde mesmo que você tá me levando? - Senti sua voz pesar um pouco, e ficar num tom triste.
- Ei -Me virei para ficar frente a ela. -Por que você está fazendo isso de novo?
-Isso o que? Eu não tô fazendo nada. -Desviou o olhar, evitando contato visual comigo.
- Vivian, ok. Já percebi que você não confia em mim pra contar nada. Tudo bem. É até compreensível, afinal nos conhecemos hoje. - Só continuamos andando até o 'lugar'.