Mãe

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  Confesso que quando Crowley sumiu diante de meus olhos, me deixando sozinha com Ruby senti vontade de matá-lo. Infelizmente eu ainda não tinha poder pra isso. Não havia outra opção, era encarar minha querida mamãe sim ou sim.

Olhei para minha mãe agora com mais atenção. Debaixo da sujeira que cobria seu rosto havia uma bela mulher de cabelos cacheados e um olhar penetrante. Pensando bem, nós éramos parecidas fisicamente, mas não podia me deixar levar por aquilo. Independente de qualquer coisa Ruby continuava sendo uma supervilã.

Eu simplesmente não sabia o que dizer diante daquela mulher e ela pareceu perceber isso e acabou me dando um tempo para assimilar melhor a situação. Ficamos nos analisando durante certo tempo até que minha mãe resolveu quebrar o gelo.

– Você cresceu tanto. – disse a mesma levando a mão ao meu rosto, porém logo desviei.

– Corta essa de mamãe boazinha. – fui curta e grossa.

– Está bem. – disse Ruby recolhendo a mão provavelmente fingindo um desapontamento. – Você deve ter ouvido falar muitas coisas sobre mim.

– Que você traiu meu pai e começou o Apocalipse? Sim, claro.

– Emily, eu sei que você deve ter todos os motivos do mundo para ter raiva de mim, mas, por favor, peço que me dê à oportunidade de me explicar.

– Sabe que não vou acreditar em nenhuma palavra que disser, certo?

– Eu sei disso e não tiro a sua razão. Mas, por favor, deixe-me explicar.

– Você tem três minutos.

– Primeiramente queria me desculpar, mesmo que não adiante em muita coisa. Sei que errei com você, com seu pai e com todos. Mas, querida, eu não tinha escolha.

– Escolha de começar ou não o Apocalipse? Ah, claro.

– No início eu não queria isso. Muito pelo contrário, até ajudei seu pai e seu tio a lutar contra os demônios. Tanto que os entreguei uma arma poderosíssima forjada no Inferno.

– A faca de matar demônios. – deduzi. Ruby fez que sim com a cabeça.

– Depois que voltei ao Inferno, fui seduzida por Lúcifer que conseguiu se comunicar comigo através de uma fenda do tamanho da cabeça de um alfinete. Ele encheu minha cabeça com propostas e eu acabei cedendo. Mas, infelizmente, quando voltei a Terra já era tarde demais. Eu já tinha me apaixonado perdidamente por seu pai e não conseguia conter meus sentimentos. E foi então que você nasceu. Porém se eu não fizesse o que Lúcifer havia mandado poderia ter problemas com os outros demônios que o seguiam. Então manipulei seu pai até que...

– Até que fizesse a besteira do milênio e libertasse o Diabo da jaula.

– Mas eu não queria machucar ninguém. Eu fui tão manipulada quanto qualquer outro demônio no Baixo-Inferno. – naquele instante Ruby começou a chorar lágrimas de crocodilo, o que começou a me irritar. – Mas eu aprendi da pior forma que não se deve confiar em Lúcifer porque para ele nós não passamos de simples marionetes que assim que acaba de usar as descarta para esse lugar horrível e...

– Seu tempo acabou. – falei de forma fria já de saco cheio daquele blá blá blá. – Não adianta dizer nada, não vou acreditar em alguém como você. E se me der licença, tenho mais o que fazer.

– Por favor, Emily. – disse ainda entre lágrimas. – Me tira desse lugar.

Dei as costas para a demônio já me preparando para partir daquele lugar infernal quando senti a mão de Ruby sobre meu ombro. A olhei irritada e logo ela foi lançada a metros de distância. E foi naquele instante que todo o teatrinho terminou. As lágrimas foram substituídas por uma gargalhada alta e falsa, como era de se esperar daquela mulher.

Hybrid: Um demônio em Beacon HillsOnde histórias criam vida. Descubra agora