A decisão

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 Dizem que no Inferno perde-se a noção de tempo. Meu tio Dean mesmo disse que enquanto esteve aqui pareceu se passar mais de trinta anos, enquanto ficou apenas por três meses. Desde que cheguei ao Inferno sinto algo similar; parece que já se passaram meses, quando na verdade, no mundo dos humanos pode ter passado apenas alguns dias ou até mesmo horas.

Nesse tempo que estive aqui fiquei treinando com Crowley e agora já consigo me controlar muito melhor. Sem vidros explodindo, sem mortes, sem confusão. Também fiz bastante amizade com Rowena, mãe do Rei do Inferno, que mesmo com as ordens de seu filho para ficar longe de mim sempre está por perto. Já até perdi as contas das vezes em que tomamos chazinho e jogamos conversa fora.

Confesso que achei que as coisas por aqui iriam ser bem piores, mas até que o Inferno era um lugar legal cheio de pessoas interessantes como, por exemplo, Marlene. Passava horas ouvindo suas histórias sobre o Brasil e de como era um lugar muito bonito, sobre como as coisas eram animadas, etc.

Se eu sinto falta de casa? Sinto, e muita. E também do jeito certinho de papai, das palhaçadas de tio Dean, dos meus amigos da escola e também de Derek. Aliás, foi ele quem me deu forças para ser realmente quem eu sou e sempre serei grata por isso. Gostaria de vê-lo mais uma vez para agradecer-lhe por tudo, mas não sei se será possível.

Naquela manhã – ou seria tarde? – estava treinando na sala de armas, enfrentando um grupo de demônios altamente preparado para o combate que Crowley havia reservado especialmente para mim. Eles tinham diversos tipos de armamentos e eu, bem, apenas o poder da mente.

Alguns demônios partiram para cima de mim com suas armas ao mesmo tempo. Girei o corpo, liberando uma quantidade de energia que os lançou com força em direção à parede. Mais um grupo resolveu atacar, então peguei um bastão que caiu quando os demônios voaram e comecei uma batalha derrubando um a um. Em um piscar de olhos todos os demônios estavam no chão.

Joguei a arma no chão e indo pegar a toalha para secar o suor. Antes que pudesse chegar onde a toalha estava pendurada recebi um ataque surpresa por trás. Um demônio vinha com uma faca enfeitiçada pronto para perfurar o meu corpo. Apenas me virei, estiquei a mão em sua direção e ele saiu voando longe, batendo de costas na parede e fazendo um grande buraco.

– Isso é pra aprender a não atacar os outros por trás. – falei passando uma mão na outra, como se as limpasse.

– Ótimos reflexos, Emily. – ouvi uma voz feminina dizer.

– Rowena? Não vi que estava aí. – disse observando a mulher sentada sobre um baú madeira em um canto da sala.

– Acabei de chegar. – disse se levantando. – Mas cheguei a tempo de ver esse show. Como consegue?

– Não é tão difícil. – falei dando de ombros. – Ah, Rowena, eu estava mesmo precisando falar com você.

– Então diga, querida.

– Vamos para um lugar mais reservado. – disse indicando os demônios que se levantavam na sala.

Rowena e eu saímos do salão de treinamento e fomos parar no corredor, que estava vazio. Fechei a porta de madeira sem fazer muito barulho e me certifiquei se realmente não teria ninguém para ouvir nossa conversa.

– Então, o que tem de tão secreto para me contar? – perguntou a ruiva.

– É possível tirar um demônio do Baixo Inferno? Digo, existe algum feitiço que faça isso?

– Baixo Inferno? – disse a mulher pensativa. – Hum... Posso pesquisar. Mas pensei que odiasse sua mãe.

– Não é minha mãe. Por mim Ruby queima no fogo do Inferno pela eternidade.

Hybrid: Um demônio em Beacon HillsOnde histórias criam vida. Descubra agora