Baile no Inferno

153 10 0
                                    

 Àquela noite mal consegui dormir. Fiquei pensando no que tinha acontecido na sala do trono no dia anterior. Eu me despedi para sempre da minha família e parecia ainda não ter caído muito à ficha. Havia passado por cima de tudo o que tinha aprendido a minha vida toda por, assim creio eu, um bem muito maior. Em breve todos no mundo humano estariam seguros e era isso que importava.

Levantei da cama e fui me arrumar para o treinamento daquele dia. Marlene trouxe um café da manhã reforçado que, logo após de comê-lo, saí do quarto em direção à sala do trono que estava bastante movimentada. Demônios iam de lá para cá retirando a decoração atual, instalando luzes e pondo mesas redondas com oito cadeiras em cada.

– Então, Vossa Majestade, temos tons de bege, bordô, ébano, turquesa, ébano... – disse o demônio mostrando diversos tecidos para Crowley, que estava sentado em seu trono.

– O que está acontecendo aqui? – perguntei entrando no salão. Quando o Rei do Inferno me viu levantou-se do trono de imediato para me cumprimentar.

– Emily, minha querida. Estamos preparando a sua festa de boas-vindas, um baile de gala para os demônios da mais alta classe.

– Crowley, não pre-...

– Nem pense em dizer que não precisa de festa. – disse o mesmo me olhando. – É o mínimo que posso fazer para agradecer por ter ficado no Inferno.

– Vossa Majestade. – disse o demônio.

– Ah, as cores, é mesmo! Emily, que cor prefere para a festa?

Ok, eu nunca imaginaria que Crowley e eu um dia estaríamos conversando sobre cores. Isso mesmo, cores. Decidimos usar preto, para não perder o estilo do Inferno e o clássico dourado. Naquele instante parei para pensar que nunca havia ido a uma festa na vida porque estávamos sempre na estrada ou ficava trancada dentro de algum quarto de motel enquanto papai e tio Dean resolviam algum caso na cidade. Então aquela seria a minha primeira festa.

– Mandei meus demônios arranjarem roupas nas lojas mais caras. Louis Vuitton, Prada, Chanel, Cartier, Dior... etc etc etc.

– Deve ter custado caro.

– Que nada, não custou um centavo e também não precisei matar ninguém. – disse Crowley. – Afinal, como acha que essas marcas fazem tanto sucesso? Um pacto aqui, um pacto ali e todo mundo fica feliz.

– Crowley, você não presta.

– Mais tarde um demônio irá ao seu quarto para cuidar de unhas, cabelo, maquiagem... Essas coisas.

– Tá, e o treinamento? – perguntei.

– Nada de treinamento hoje. Tire o dia de folga, relaxe... Afinal, hoje é o seu dia. – disse o mesmo. – E, se me der licença, tenho que voltar aos preparativos da festa. Tenha um bom dia, Emily!

Ok, acho que deu para perceber Crowley estava bem mais animado que o normal, certo? Ele deveria estar feliz por eu ter praticamente "renegado" minha família e ter decidido ficar no Inferno. Pobre "Fergus", mal sabia que em breve estaria nadando nos lagos de fogo do Baixo Inferno junto com a minha querida mamãe.

Eu tinha o dia inteiro livre, então resolvi ir a biblioteca procurar algum livro para ler. É, minha gente, infelizmente não havia Netflix no Inferno. Porém, no meio do caminho, vindo na direção contrária, encontrei com Rowena que me parou para conversar.

– Ah, Emily, querida, como está? – perguntou a mesma. – Passei a noite inteira pesquisando e finalmente achei um feitiço que pode te ajudar a tirar sua amiga do Baixo Inferno.

Hybrid: Um demônio em Beacon HillsOnde histórias criam vida. Descubra agora