A Caçada

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Quando cheguei ao quarto os dois homens preparavam seu arsenal. Era a última noite de lua cheia, então só teriam oportunidade de caçar os weredemons novamente na próxima lua cheia, o que só aconteceria no mês seguinte.

– Então, descobriram alguma coisa? – perguntei fechando a porta.

– Só a mesma história da Besta de Gévaudan. – respondeu papai carregando a arma com balas de prata. – E como eles surgem.

– Então?

– Se uma pessoa muito ruim beber água na pegada de um lobo, ela se torna um weredemon.

– Mas seja lobisomem ou demônio não vai resistir a uma boa bala de prata e água benta. – disse tio Dean tomando um gole da água. – Vai um pouquinho?

– Não, obrigada. – água benta me fazia um mal danado.

– Opa, que flores são essas aí? – perguntou meu tio, só agora percebendo o buquê sobre a mesa.

– Flores? – papai também olhou.

– São do Derek. – disse rindo. – Ele disse que também daria a vocês, mas com certeza iam querer jogá-lo da janela.

– Que bom que ele sabe. – brincou tio Dean.

– São bonitas. – perguntou papai se aproximando para vê-las. – Ele já saiu do hospital?

– Saiu hoje de manhã. – falei abrindo o pacote de batatinhas sabor nachos que estava sobre a mesa. – Não tem nenhum arranhão.

– Ei, minhas batatinhas! – exclamou tio Dean.

– São minhas agora. – falei comendo toda sorridente.

– Baixinha, – tio Dean jogou a bolsa sobre o ombro pegou algumas batatas. Papai também fechou sua bolsa. – Estamos indo caçar.

– Posso ir com vocês? – perguntei animada. – Eu posso ajudar.

– É melhor não, querida. – disse papai me dando um beijo na testa. – Te amo. Não nos espere, ok?

– E se for esperar, faça dentro do quarto. – falou tio Dean. Então os dois homens pegaram suas coisas e saíram do quarto.

É, estava sozinha e sem poder sair de casa outra vez, mas já havia me acostumado. Passei quase toda a minha vida assim, exceto por poucas vezes que eles me deixaram ir com eles para resolver casos menores. No último caso, no Arizona, por exemplo, ajudei a caçar o metamorfo.

Fiquei ali quieta olhando a janela com o pensamento distante enquanto comia as batatinhas que tinha roubado de tio Dean. Voltei a Terra quando a comida tinha acabado. Joguei o pacote fora e resolvi tentar ver alguma série.

Peguei o notebook do meu tio – cheio de pornô para todos os lados, é claro – e coloquei no site da Netflix. Comecei a procurar algumas séries entre os meus acompanhamentos e resolvi ver American Horror Story. Eu tinha parado na temporada, a da clínica psiquiátrica sinistra.

Vi três episódios seguidos e quando não estava nem na metade do quarto fechei o notebook. Ficar ali sentada assistindo série já não me satisfazia mais. Eu precisava de um pouco de ação e era isso que teria.

– Tô nem aí pro que eles dizem. Eu vou caçar e pronto. – disse me levantando e olhando a volta. – Só preciso de uma arma.

Um canivete, que era o que eu tinha, com certeza não iria funcionar com um weredemon, ou seja lá o que fosse enfrentar. Comecei a procurar entre as coisas de meu pai e meu tio, mas não havia nada além de roupas e mais roupas. Besteira minha, não tinha armas ali, já que elas ficavam no porta-malas do Impala.

Hybrid: Um demônio em Beacon HillsOnde histórias criam vida. Descubra agora