Capítulo 20 Felicidade Infeliz.

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~~ Freya e Noah

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~~ Freya e Noah

Won: Palavra coreano que significa que uma pessoa tem relutância em desistir de uma ilusão e encarar a realidade.


- Não são lindas? — tia Sophia falou com um sorriso enquanto passava os dedos afetuosamente no buquê de orquídeas — me certificarei de que a colocarão em seu quarto.

— Sim — murmurei — são lindas.

— Mayson disse se chegará a tempo para seu aniversário? — ela perguntou passando as flores ao lacaio e sentando-se ao meu lado em seguida.

Meneei a cabeça a voltando o olhar para o bilhete que havia chegado com as flores.

Minha Juliete, embora tenha chegado há apenas dois dias, eles têm sido muito tediosos sem sua presença, a única coisa que me conforta é saber que a próxima vez em que estiver em Londres será a seu lado. Espero que goste das flores, não chegam nem perto da sua beleza, mas sei que são suas preferidas. Pensei em você quando as comprei.
M.G.

— Uma pena, mas foi muito gentil da parte dele mandar as orquídeas, são suas preferidas.

Preferidas da Juliete, não minhas. Pensei com tristeza.

— Está tudo bem, querida? Parece um tanto triste. — Sophia retorquiu me fitando com profundidade.

— Não tive uma boa noite de sono — sussurrei me lembrando...

Estava em uma floresta, cheia de arvores e o sol era muito quente, mas eu gostava, parecia à floresta da casa de campo da família, a floresta que eu e Noah brincávamos quando éramos crianças.

Suspirei passando o olhar por ela, nem lembrava da última vez que estivemos lá.

— Freya... — Virei-me no mesmo instante para encontrar a voz que soara meu nome, a voz familiar.

Então todo o sonho se iluminou como se fosse real.

— Noah... — Sussurrei com emoção — é mesmo você?

— Frey...

Foi o que bastou para correr ao encontro dele e abraçá-lo como se fosse a última vez.

— Eu senti a sua falta, eu senti tanto a sua falta. — Afirmei sentido às lágrimas nos olhos.

— Eu sei, eu sei. — Ele disse enxugando às.

Embora eu soubesse que era um sonho, aproveitaria o máximo que pudesse.

— Lembra quando éramos crianças? Como corríamos pela floresta e como eu sempre ganhava de você — falei com um sorriso bobo.

— Eu sempre deixei você ganhar, Frey. — Noah retorquiu retribuindo o sorriso.

— Se é mais fácil pra você acreditar nisso — o afrontei segurando seu braço enquanto caminhávamos pela floresta. — É como nos velhos tempos — comecei tentando organizar mentalmente o que diria — e embora eu esteja muito feliz...

Suspirei. Não sabia bem como terminar.

— Quando acordar pela manhã será só você... — Noah completou compartilhando da minha tristeza.

Aquilo era verdade e era como um soco no meu estômago.

No final eu ficaria sozinha.

— Eu preciso — Noah continuou — te mostrar uma coisa — falou quando interrompeu a caminhada um pouco distante da praia.

Segui seu olhar fixo em um casal conversando distraidamente sentados do outro lado na praia.

— Se parecem com a gente, somos nós? — perguntei e nesse exato momento eles começaram a correr para a água, em uma disputa de quem a tocava primeiro, depois começaram a molhar um ao outro... — Juliete e Ethan — constatei com tristeza — por que está me mostrando isso?

Noah ficou calado por alguns instantes, depois disse:

— Você tem estado tentando lidar com a dor desde que eu fui embora, a sua ida a 1818, a forma como age, como se fosse a Juliete, como se o acidente, a minha morte, a nossa família... Como se nada disso fosse real.

— Eu... — Olhei para Noah, mas não sabia o que dizer — É só que perder você acabou comigo, me rasgou de dentro pra fora... — Falei enxugando as lágrimas com o dorso da mão — eu só quis fugir por um tempo, só queria que — parei olhando para Juliete e Ethan brincando no mar — que fôssemos nós... – Me voltei para ele desistindo de enxugar as lágrimas – eu preciso tanto de você aqui comigo.

-Irmã... – Noah passou a mão pelo meu rosto, tentando afastar as lágrimas – você tem que aceitar que eu morri. Tem que me deixar ir, eu te imploro...

- Não! – Eu o interrompi meneando com a cabeça e fechando os olhos – eu não consigo.

- Consegue sim. Você pode fazer qualquer coisa, até mesmo seguir em frente...

— Juliete, querida... Quer falar sobre o pesadelo? – Tia Sophia me trouxe de volta.

Suspirei exausta.

— Não foi um pesadelo tia, e não eu não quero falar, só quero descansar um pouco — disse me levantando — tudo bem pra senhora?

— Sim filha, claro. Descanse.

Só me senti um pouco melhor depois que dormi desta vez sem sonho, sem Noah, sem a triste verdade de que essa não era minha vida, Sophia não era minha tia, Ethan não era meu irmão, aquela não era minha família e embora eu quisesse muito que fosse real, a felicidade... Não era. No final eu estava sozinha, e era bom que eu fosse me acostumando a isso, afinal tinha pouco mais de uma semana, até que voltasse para todo aquele inferno de novo.

— Sente-se melhor agora, filha? —  Sophia falou entrando no quarto depois de algumas batidas.

— Sim, novinha em folha — tentei demonstrar um pouco de empolgação.

— Ótimo que esteja sentindo-se bem, porque temos muito a fazer. — Ela sentou ao meu lado - programação do buffet para seu aniversário, e aprovação para a lista de convidados — ela me estendeu um papel — o que acha?

Fiquei estática ao olhar para a lista, depois voltei o olhar para ela.

— Pensei que fossem só para os mais íntimos — indaguei surpresa.

— Sim, é. Para nossos duzentos e cinquenta amigos mais íntimos.

Ninguém tem tantos amigos assim. Eu quis dizer, mas no final, assenti.

— Certo, como a senhora quiser. — falei com um sorrisinho.

— Eu acrescentei a família Hilman este ano a lista, imaginei que seria algo bom e que Ethan iria gostar.

— Sim, tem razão, ele irá adorar.

— Coloquei a família Eleal também, com especificações que Cibele deveria vir, sabia que retornou da Grécia? Ela fez uma visita à duquesa de Graien e a duquesa comentou qualquer coisa sobre ela está mais divinamente encantadora do que antes — Sophia disparou de uma vez — e embora vocês tenham rompido o laço de amizade, eu a tenho em mais alta estima e Ethan também, então será bom que ela venha.

— Ah... — exclamei sem saber o que dizer. Juliete nunca tinha mencionado essa Cibele.

— Nunca vou entender porque deixaram de ser amigas, sempre foram tão unidas, desde a infância. — Ela comentou pensativa — enfim, deixarei que descanse –  me deu um beijo no rosto e saiu me deixando mais confusa do que nunca.

Voltei o olhar novamente para lista e encontrei a amiga de Juliete.

Cibele Eleal. E mentalmente me perguntei o motivo de terem deixado de serem amigas...

***

— É, ela conseguiu se superar dessa vez... — Juliete afirmou enquanto olhava a lista.

— Só está tentando agradar você, está tão empolgada – observei com carinho.

— É o que geralmente tia Sophia faz — Juliete murmurou com um pequeno sorriso no rosto, que aos poucos foi se desfazendo – Bele está na lista... Ela chegou da Grécia? – perguntou voltando o olhar para mim.

— Segundo a tia Sophia, sim.

— Mas ela ainda não confirmou presença – Juliete observou ainda com o olhar na lista – acho muito difícil que venha. – Suspirou tristemente.

— Talvez ela só não tenha tido tempo de confirmar, já que regressou a pouco. — Tentei consolá-la.

— Não, Bele não virar, já escolheu um lado, e não é o meu. — Juliete afirmou levantando-se da cama em que estava sentada ao meu lado.

Escolheu um lado?

—  Sophia disse que eram amigas, mas que romperam os laços, por que? – não queria dá uma de intrometida, mas estava muito curiosa para saber mais do assunto.

— Éramos as melhores amigas – Juliete sorriu animada – nos conhecíamos desde a meninice... Ela estava lá quando meus pais morreram, e eu estava ao seu lado quando a mãe dela faleceu...

Suspirei um pouco ao pensar nisso. O que ela tinha com Cibele era o que eu tinha com Lily.

— Mas então nós nos afastamos quando ela descobriu sobre o Nathan...

Oh...

— Ela ameaça você?

— Não, Bele é muito nobre para fazer algo do tipo, ela só não concorda com minha atitude, disse que não iria compactuar.

Ah... Isso soa familiar.

— Desde então não nos falamos mais, mas realmente não importa — Juliete deu de ombro em um claro esforço para fugir do assunto — são orquídeas... - Sorriu encantada se aproximando do jarro. — São minhas preferidas, imagino que sejam do Mayson.

Assenti.

— Ele é realmente um doce.

— Sim — disse um pouco desanimada.

— Como ele está? — ela voltou o olhar para mim, novamente.

— Bem, eu suponho. Está em Londres agora, mas...

— Mayson está em Londres? — Juliete exclamou exaltada—como assim está em Londres? Desde quando? Por que e quando volta?

— Ele foi na segunda, e voltara no sábado, foi resolver alguns assuntos.

— E... Ele disse algo mais?

Meneei a cabeça. Isso era muito estranho, não esperava uma reação desse tipo, já que ela dificilmente se importava com Mayson.

— Por que não me disse que ele tinha viajado?

— Imaginei que não fosse importante para você – respondi com tanta sinceridade que Juliete abriu a boca em espanto.

— Mayson é meu noivo Freya sempre me importo com o que se passa com ele. – Juliete disse me fitando atentamente nos olhos, e naquele momento eu pude ver, embora ela não o amasse como uma noiva deveria amar seu noivo, ela se importava com ele, talvez um dia isso virasse amor.

***

A semana seguiu seu curso normal. Sophia estava a ponto de enlouquecer com os preparativos da festa. Juliete estava um pouco mais calma em relação a viajem do Mayson, sempre perguntava por ele, demonstrando o interesse que para mim era novo. Quanto a Mayson, adiara sua vinda de sábado para domingo, alegando que tinha muitos assuntos a serem resolvidos, e afirmando que me recompensaria, eu duvidava muito disso.

Era estranho o que sentia quando pensava em Mayson, quando cheguei aqui, lembro-me que o que mais queria era que ele ficasse o mais longe possível de mim, e agora que ele estava, não era bem o que eu queria, eu poderia até dizer que estava com saudades, mas tinha que afastar esses pensamentos de mim, não poderia me permitir tal coisa, não era certo, não era certo...

A manhã seguinte foi cheia de parabéns, flores, presentes e cartões. Passara mais tempo na sala de visita na companhia de estranhos do que em meu quarto, nem tivera tempo de conversar com Juliete, ou lhe dá os parabéns.

— O presente de Madeleine acaba de chegar, com uma carta em que ela pediu mil desculpas por não comparecer, infelizmente, seu marido adoeceu – tia Sophia falou entrando na sala com um embrulho.

Madeleine, a mais nova condessa de Hidryl, era prima de Juliete, a única filha de Sophia, ao que parece os três haviam sido criados juntos, sempre que Juliete se referia a ela era com um sorriso, certa vez falara que: Eu a tenho na mais alta estima, quando eu e Ethan nos mudamos para sua casa ela nos acolheu tão bem, é a melhor prima que alguém poderia ter. Fiquei realmente muito triste quando teve que se mudar para a residência do conde, em Londres.

— Não vai abrir? – tia Sophia me fitou sem entender.

— Sim, claro, mas... Eu irei abrir em meu quarto — disse em disparada para escada não dando tempo para os protestos de Sophia a verdade é que não me sentia nada confortável abrindo os presentes de Juliete, então sempre que recebia um que julgava ser muito importante para ela, eu subia para o quarto e guardava, ela mesma os abriria. À noite, depois da festa.

***

Dei uma boa fitada na exuberante ruiva no espelho. Era a primeira vez que eu realmente me achava idêntica a Juliete... Desde aos cabelos presos em um coque elegante, ao vestido igualmente vermelho tinha um tom delicado, com uma renda que o envolvia na parte superior, um laço logo abaixo acentua minha cintura, me deixando bonita, sofistica e alegante ao mesmo tempo.
A festa teve início logo pela noite, no salão de festa da residência Dclair, que aos poucos foi se enchendo, quando dei por mim já havia tantas pessoas em vestidos bufantes que não sabia bem distingui quem era quem. A orquestra que havia sido contratada para tocar estava fazendo um divino trabalho, a música de bom tom, não parava. As pessoas eram como sempre insuportáveis, ou ao menos a maioria, sempre tentavam chamar minha atenção, parecia haver uma disputa por ela.

— Juliete! Finalmente a encontrei. – A duquesa de Graien se aproximou para um caloroso abraço que eu logo retribuí. – Feliz aniversário querida.

— Obrigada, fico feliz que tenha podido vim.

— Eu não poderia perder o aniversário de minha futura cunhada — ela me soltou um sorriso agradável – o que me faz lembrar que Mayson já deveria ter chegado, na última vez que nos correspondemos ele disse que viria direto de Londres para a festa.

Soltei um sorriso afetado. Ele havia dito o mesmo para mim. Não pôde vim ontem, mas chegaria hoje, a tempo para a festa de Juliete, mas no final ainda não estava aqui.

— Ele me disse o mesmo, espero que consiga chegar a tempo. – Declarei tentando não transparecer minha tristeza.

— Vossa graça... – Uma voz estranhamente irritante e conhecida se aproximou – que honra encontrá-la – Lady Terny falou fazendo uma reverencia com sua filha logo mais ao lado.

— A honra com certeza é toda minha – Eloisa proferiu com um elegante sorriso.

Neste momento começaram as bajulações... Logo se juntara ao grupo mais algumas senhoras e senhoritas e eu percebera que para ser esquecida aquela noite não precisava de muito, apenas ter uma duquesa em minha festa.

— Acho que alguém muito importante acaba de chegar – uma mulher da roda de conversa falou.

Segui seu olhar um pouco ao longe na entrada para encontrar um aglomerado de pessoas. Talvez fosse a rainha para causar tal estardalhaço... A pessoa se móvel um pouco indo ao encontro de alguém até que pude vê-la por completa, e meu rosto foi tomado por um sorriso abobado...

Mayson...

Ele andou tentando se livrar de parte das pessoas até parar ao lado de Ethan para ser recebido com um cumprimento de mão e um caloroso sorriso, eles falaram qualquer coisa entre si, depois Ethan apontara para mim e Mayson seguiu em minha direção.

— E seu noivo acaba de chegar, querida. – A duquesa me sussurrou com um misto de alegria.

Soltei um suspiro. Estava estranhamente feliz.

~~ Mayson

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~~ Mayson

Olá, olá pessoinhas do meu coração.

Mil desculpas pela demora, sinto muito, mas meus dias tem sido corridos, gostaria de informar que estamos chegando a reta final de 1818. :(  Se eu estou triste com isso? Muito, mas infelizmente é a vida, logo, logo teremos o fim, mas muitas coisas estão por vir, teremos o grande segredo de Juliete revelado, saberemos quem afinal ficará com Mayson e muitas outras coisas, fiquem ligados.

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