Capítulo 27 O Fim

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~~ Freya

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~~ Freya

~~ Juliete

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~~ Juliete.

Então sua voz se foi, o espelho rachou por completo e depois voltou a sua forma normal como se nada tivesse acontecido... Mas diferente das outras vezes só havia eu...

— Juliete... – Gritei desesperada – Juliete!

Não...

— Não... Por favor, volte — implorei fitando o espelho — Juliete, por favor... — Supliquei em frente ao espelho, mas o invés de ver um rosto muito parecido com o meu eu estava vendo a mim mesma com o rosto triste, desolado, banhado em lágrimas...

Estava tudo acabado, agora estava tudo acabado. Pensei com tristeza caindo aos pés do espelho. Eu nunca mais o veria, ele estava morrendo e eu nunca mais o veria... Essa afirmação partiu meu coração e a dor me invadiu por dentro... Isso não era justo, eu não poderia está passando por isso de novo.

Tem um escapamento atrás do espelho, procure por um... As últimas palavras de Juliete dançaram em minha mente. Procurar por um o quê? O que ela poderia querer dizer.

Suspirei enxugando as lágrimas e levantando logo em seguida. Afastei o espelho a procura do seja lá o que ela queria que eu procurasse, poderia parecer loucura, mas eu precisava me agarrar a qualquer coisa... Qualquer coisa que... Minhas mãos pararam ao tatear um relevo atrás do espelho, havia um escapamento. Concluir depois de alguns segundos tentando abrir quando o fiz encontrei algo inesperado, um envelope.

Freya Dclair. 1818.

Soltei o ar tentando me acalmar. Juliete havia escrito uma carta para mim. Tive que exigir muito esforço para continuar em pé, minhas pernas estavam bambas. Abri a carta com muito cuidado para encontrar letras elegantes destinadas a mim.

Freya Dclair imagino que tenha encontrado a carta, espero realmente que tenha já que nossa despedida não foi nem um pouco convencional, o espelho realmente nos surpreendeu... Escrevi está carta pra deixar tudo claro para você. Não estamos mais em 1818 em meu tempo já faz quase três anos que nos vimos pela última vez, quase três anos que Mayson se foi... Estamos em 1820, esperei tanto tempo para escrever para você porque queria ter coisas boas dizer e também sei que você tem o direito de saber o que aconteceu com Mayson.



— Freya! — gritei na esperança de que seu reflexo aparecesse novamente, mas só havia eu — Ah Freya eu sinto muito — declarei me deixando vencer pela tristeza a dor — sinto muito por tudo...

Enxuguei as lágrimas do rosto. Precisava ser forte, tinha que está ao lado do Mayson... Puxando toda a força que ainda me restava fui em direção ao guarda roupa e tirei as roupas modernas para voltar aos meus trajes de sempre, para volta a ser Juliete Dclair. Assim que terminei parti para a casa de Mayson imaginei que todos estavam lá já que a casa estava vazia, minhas suspeitas foram comprovadas quando adentrei na residência, estavam todos reunidos na sala principal e embora eu estivesse com muita saudade não tinha tempo para isso agora, Mayson eu precisava ver o Mayson, antes que fosse tarde. Segui pelas escadas para o segundo andar tomei um pouco de ar quando minhas mãos trêmulas tocaram a maçaneta do seu quarto.

Já fazia tanto tempo... Um longo tempo... Pensei quando entrei no quarto pra encontrá-lo deitado na cama, sonolento ou fraco de mais para abrir os olhos apenas proferiu:

— Está aqui?

— Estou aqui — respondi sento-me ao seu lado e segurando uma de suas mãos com carinho - sua Juliete.

Seus lábios se elevaram em um pequeno sorriso.

— Como prometeu.

— Como prometi — afaguei seu rosto com ternura — agora é sua vez de me cumprir uma promessa, quando meus pais morreram você disse que sempre estaria ao meu lado, sempre e para sempre, mas agora você vai me deixar? — sussurrei com dor.

— Você foi sempre tão persuasiva com as palavras — Mayson suspirou cansado — sabe que sempre estarei ao seu lado, mesmo não estando aqui.

— E quanto o casamento? — dei um sorrisinho quando ele com muito esforço abriu os olhos e me fitou. — O vestido, você nem ao menos chegou a ver.

— Sei que você estaria linda de qualquer formar, é sempre tão bonita.

— Você é sempre tão galante.

Ele sorriu.

— Hora de dizer adeus... — Mayson sussurrou enquanto seus olhos se fechavam lentamente — força... Lembra?

Assenti tentando conter as lagrimas.

— Eu... Eu...— Parei tentando me controlar. — Amo você Mayson de Graien - seus olhos já estavam fechados eu não saberia dizer se ainda me ouvia, mas eu precisava continuar — Pode me ouvir?

Minha frase foi cortada por um soluço e meu olhar foi atraído para nossas mãos entrelaçadas e embora a dele estivesse fria e sem reação eu continuei:

— Sempre irei amar você, até o infinito... Consegue me ouvir?

Seu rosto continuou inerte e quando eu tinha perdido todas as esperanças sua mão apertou suavemente a minha e logo depois soltou...

Assenti enxugando as lágrimas em meu rosto.

— Adeus meu querido Mayson... Eu nunca esquecerei você...

Depois de sua morte foi difícil para todos, mas você precisa saber que fez dos últimos dias dele os melhores. Ele foi enterrado na propriedade Graien, eu visitei seu túmulo em 2017 ainda está aí, também fiz amizade com o filho dos Graien, Ian, ele é uma boa pessoa, talvez vocês venham a ser amigos também. Sei que vai gostar dele. As famílias ainda são próximas, se quiser visitar o túmulo do Mayson e levar algumas flores será bem vinda... Eu sinto a falta dele todos os dias, eu ainda não consigo aceitar que ele se foi para sempre, que não vai voltar mais, acho que é difícil dizer adeus porque isso significa que vai ser pra sempre, mas tento me consolar com o fato de que  agora Mayson está em paz...

Você também vai gostar de saber que eu e Cibele voltamos a ser amigas, não precisei explicar para ela que não estava me casando com Mayson por dinheiro, e sim porque estava doente, ela mesmo chegou a essa conclusão e me pediu inúmeras desculpas, eu as aceitei é claro, estava com tanta saudade de Bele e estava tão quebrada também, precisava dela, por um tempo nós não falamos de Nathan, até que Cibele achou que já estava na hora de tocar no assunto e me recomendou que escrevesse para ele, não o fiz é claro e a proibi de fazer... Acho que eu e Nathan não fomos feitos para ficar juntos e não achei que seria justo depois de tê-lo feito sofrer tanto mesmo que não propositalmente eu o procurasse, mas eu tenho uma amiga muito teimosa e não desconfiei o que se passava em sua cabeça até que em uma tarde recebi um convite da duquesa para um chá, me apareceu muito normal o seu convite afinal somos muito próxima e temos muito carinho uma pela outra.

— Devo agradecer pelo convite Eloisa — falei com um sorrisinho enquanto tomávamos chá.

— Não a de que — ela retribuiu o sorriso —  eu adoro sua companhia — seu sorriso se apagou um pouco — ao menos tudo isso serviu para nos deixar muito, muito próximas.

Assenti.

— E embora eu goste muito de conversar com você Juliete hoje eu a chamei porque precisamos falar algo importante — Eloisa falou com intensidade, pousou a xícara na mesinha e segurou minhas mãos com carinho — sabe que sempre serei grata a você pelo que fez ao meu filho, não sabe?

Assenti mais uma vez.

— Aquilo não foi nada... O Mayson merecia o melhor.

Era difícil falar sobre ele, ainda era difícil embora já fizesse quase um ano a sua partida.

— Mesmo assim você sacrificou um amor por ele, pela felicidade dele... — Ela suspirou e seu olhar se perdeu um pouco, talvez voltando no tempo em uma tarde em que ela me dissera que sabia sobre o Nathan e que era grata a mim, pois mesmo amando a ele me casaria com Mayson para não deixá-lo sozinho em seus últimos dias.

— Está tudo bem Eloisa — apertei suas mãos com carinho — agora já está tudo acabado.

— Eu sei, mas não precisa ter um final triste para você, sei que ainda o ama.

— Eloisa...

— Você fez muito por meu filho, agora está na hora de deixar que eu faça algo por você — seu olhar se voltou para a porta e eu o segui sem entender até que Cibele e Nathan passaram por ela.

— Juliete... — Nathan pronunciou meu nome e seus olhos me fitaram com dor.

— Deixaremos vocês a sós — Eloisa foi a primeira a se pronunciar e depois se retirou com Cibele.

— Você voltou — falei ficando de frente para ele.

— Cibele me contou tudo sobre o seu noivado.

Suspirei tentando ser forte e não chorar.

— O que você fez por ele foi nobre.

Engoli um seco que saiu rasgando por dentro.

— Você entende? Não poderia deixá-lo.

Ele assentiu fitando o chão.

Fez-se um silencio profundamente desagradável.

— Eu... Você... — Interrompi a mim mesma, não sabia como fazer aquilo — eu preciso saber, as palavras são difíceis de sair, mas eu vou tentar... — Me aproximei um pouco e o olhei nos olhos — Nathan você ainda pode me amar? Será que ainda pode me amar...

Sim foi a afirmação dele. Nunca pensei que uma palavra tão pequena me deixaria tão feliz.
Nathan foi muito respeitador, e por dois anos fomos apenas bons amigos, eu ainda estava de luto por Mayson, não me considerava pronta para ter um relacionamento embora o amasse com todas as minhas forças, ele esperou pacientemente por mim e hoje dois anos depois estamos noivos.

Eu contei a Nathan sobre você, no começo ele achou que estava as portas da loucura até que mostrei as roupas que ficaram comigo e depois de quase ter um infarto as palavras dele foram: Não acredito que andou em roupas tão inapropriadas Juliete...
Tudo tem sido ótimo Freya, a duquesa e Eneias gostam muito dele, tia Sophia Ethan o aprovaram. Eles querem me ver feliz, e falta muito pouco para casamento e por falar em casamento Ethan e Catarina se casaram assim que passou o luto de Mayson, e devo dizer que você fez um ótimo trabalho, ela é ótima e Ethan tem estado tão feliz, a palavra certa seria radiante e você vai gostar de saber que ele perguntou por você meses depois que o espelho se quebrou e imagine a minha surpresa...

— Ju... Irmã — Ethan chamou-me entrando na sala — como está?

— Melhor — respondi me afastando da janela, estava tentando me distrair com a paisagem.

— Estamos todos melhorando aos poucos — ele se aproximou e me abraçou com carinho, sabia que estava sendo difícil para ele, Mayson era seu melhor amigo desde a infância — eu estava pensando — ele sussurrou — que você não falou mais sobre aquela sua amiga que sofreu um acidente com o irmão... Frey eu acho...

Agradeci mentalmente por estar com a cabeça em seu peito pois eu imaginava minha expressão e não seria fácil de explica-la.

— Freya...

— Sim, você me disse a um tempo que havia feito amizade com ela e que infelizmente havia perdido o irmão

Freya você me surpreende.

— Como ela está?

— Ela vai ficar bem.

Eu espero...

— Quando a ver...

— Não vamos, mas nos ver... Ela mudou pra longe, muito longe. — Admiti com tristeza.

— Bom quando se corresponder com ela, diga que mandei lembranças. Espero que Freya fique bem.

Incrível não é mesmo? No final Ethan se referiu a você Freya, e desejou seu bem.

Sei que as coisas estão bem difíceis para você aí. Já faz quase três anos que Mayson se foi e ainda sinto a sua falta, quem dirá você que ainda não faz nem vinte quatro horas... Sempre sentirei a perda dele e sua partida, mas espero sinceramente que fique bem, quero que saiba que eu fiz de tudo para que a situação ficasse a melhor possível para você em sua casa. Adeus, Freya

PS: Ainda me pego fitando esse maldito espelho na esperança de ver alguém muito parecida comigo, mas com roupas um tanto devassas...

Dá sua amiga, Juliete Dclair.


Olhei para a carta com dor.

— Adeus Juliete, Adeus 1818.


























EPÍLOGO.

Abri os olhos involuntariamente. Não havia dormido quase nada, tinha tentando, mas eram esforços falidos. Depois de tudo que havia acontecido eu não conseguia mais voltar ao normal, estava em 2017, mas não era aqui que queria está, não sentia como se pertencesse a esse lugar.

Levantei com muito esforço indo em direção ao banheiro. Visitaria o túmulo do Mayson hoje, levaria flores pela primeira vez. Saí do quarto em disparada pelo corredor, não tomaria café, não queria nem sequer ver Charles ou Agnes, a vida já estava ruim demais para ter que lidar com o desprezo deles agora... Minhas pernas pararam de se mover assim que um quadro chamou minha atenção.

— De onde você veio? — perguntei fitando o quadro, uma pintura muito antiga de Juliete e Ethan.

— A senhorita o encontrou ontem no porão — uma voz soou ao meu lado — pediu que limpássemos e colocássemos aqui.

Assenti para a moça.

— Obrigada.

Isso devia ser coisa da Juliete...

— Quando você e seu irmão fizeram esse quadro? — outra voz familiar se aproximou.

Agnes fitou o quadro e tocou o rosto de Ethan.

— Não somos nós, é de 1818. São nossos antepassados.

— Ah... – Ela continuou olhando o quadro atentamente — se parecem muito com vocês, ele é idêntico ao Noah.

— É...

Ficamos em silencio por alguns segundos até que Agnes voltou a si e falou:

— Eu e seu pai vamos visitar os Graien, achei que você iria querer ir. Gosta tanto deles.

Isso era ótimo. Estranho, mas ótimo.

— Tá — tentei não soar paranoica, mas era muito suspeito que ela me chamasse para sair, já que mal me suportava.

***

Mas estranho ainda foi está no mesmo carro que os dois. Pareciam bem, nem chegava a me lembrar quando os tinha visto sorrindo juntos, conversavam entre si e prestavam atenção um no outro. Não me recordava de já ter visto isso desde que... Desde há muito tempo.

— Freya — Agnes sorriu para mim como nunca havia sorriso antes — Charles terá que ir a Londres e achou que gostaríamos de acompanhá-lo, assim você pode rever suas amigas e podemos visitar o túmulo do Noah...

Ela havia falado sobre ele como se ele estivesse morto?

— E então?

Assenti abalada demais para responder.

Você vai perceber que algumas coisas mudaram...

***

Quando chegamos e cumprimentamos a todos depois de um tempo eu me aventurei na propriedade a procura do cemitério quando finalmente o encontrei tive que exigir muito de mim para entrar, não imaginei que seria tão difícil como realmente estava sendo.

— Mayson... — Sussurrei com a voz chorosa me aproximando da lapide — como eu gostaria que estivesse aqui.

Nunca mais nos veríamos. Agora eu teria que viver com aquilo, a certeza de que existiu alguém para mim, mas nunca seria meu.

— Freya o que faz aqui sozinha? — uma voz soou atrás de mim.

Esse devia ser o amigo que Juliete havia feito.

— Desculpe, não devia ter entrado assim — disse me virando — eu só estava... — Meus lábios pararam de se mover e minha voz falhou quando vi seu rosto.

Talvez vocês venham a ser amigos. Sei que vai gostar dele.

— Mayson...




E chegamos ao final queridos

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E chegamos ao final queridos. Espero que tenham gostado, obrigada por terem me acompanhado até aqui, foi muito importante a presença de cada um de vocês. Beijos e abraços, Até a próxima!

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