Capítulo 13 O Passeio

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Eu analisei a sala de visita da duquesa de Graien quando o mordomo encaminhou a mim e tia Sophia para esperar por ela. Era bem elegante, assim como toda a casa, um tanto maior que a residência Dclair, embora estivesse situada na mesma rua, logo depois da esquina para ser exata. A sala era ampla em tom de branco e dourada, havia uma lareira com um grande espelho logo acima dela, as janelas tinham a vista exuberante de um pequeno lago localizado na propriedade.

Alisei a saia do vestido me sentindo desconfortável, estava nervosa, era evidente, tinha muito medo que isso não acabasse bem, eu tentava dizer a mim mesma que se Ethan e todos os outros não suspeitavam que eu não era Juliete, não seria a sua sogra que iria descobrir, mas ainda assim me sentia muito apreensiva com tudo isso... Deus, eu só queria passar todos os dias que tinha ao lado de Ethan e aproveita-los da melhor forma possível, mas estava ficando mais tempo presa aos deveres de Juliete do que fazendo o que realmente queria.

Hoje já era quarta, só me restavam mais dois dias, no sábado destrocaríamos, e eu voltaria ser, Freya Dclair, sem tia gentil, sem família e sem irmão... Sozinha, novamente. Não posso dizer que sentiria falta dos vestidos, das carruagens e do noivado, forçado ou não, mas com certeza sentiria falta de Ethan, sim sentiria, ele era o mais próximo que chegaria de ter Noah ao meu lado.

— Queridas...— uma senhora falou entrando na sala com um sorriso que cobria todo o rosto — ah que maravilha que tenham vindo.

Ela cumprimentou primeiro tia Sophia em um abraço afetuoso e lhe segredou algo que a fez sorrir, depois se destinou a mim.

— Estava com tanta saudade — me sussurrou ao ouvido — Londres pode ser ótima, mas a companhia de vocês é muito mais estimada para mim.

Tia Sophia sorriu e eu imaginei que deveria fazer o mesmo. A duquesa de Graien parecia ser tão elegante quanto o nome, tinha os cabelos em castanhos claro, olhos grandes e arredondados e uma expressão gentil.

— Dayle, traga-nos o chá — ela ordenou ao mordomo assim que nos sentamos. — Temos tanto para falar — começou empolgada — tive muitas ideias em Londres.

E lá vinham as obrigações de Juliete. As duas começaram a falar sobre a festa e estavam tão empolgadas que nem notaram que eu me desliguei por completo, a verdade é que não tinha nem um pouco de interesse em saber sobre vestidos, buffet, salão, ou seja, lá o que fosse.

— Oh, temos visitas — Nicoleta falou entrando na sala com um meio sorriso falso destinado a mim — Sophia querida, quanto tempo — ela disse se voltando para ela e cumprimentando-a com um beijo.

— Tanto tempo, Nicoleta, mas fico muito feliz que tenha vindo, ficará para o casamento, eu acredito.

— Infelizmente voltarei para Londres no final de semana, mas estarei aqui para o casamento — ela disse sem o sorriso e com um tom afetado.

Nada como uma paixão adolescente dramática.

Neste exato momento uma criada entrou na sala com uma bandeja. A conversa sobre o casamento continuou ao longo do chá, eu não parecia ser a única a não querer está ali, uma vez por outra pegava Nicoleta fazendo caretas ao ouvir as palavras, casamento, noivado, Juliete e Mayson na mesma frase, e toda a vez que o via eu tratava de sorrir para ela, um sorriso exuberante que havia aprendido com Juliete, ela por sua vez revirava os olhos tirando a atenção de mim.

Talvez, afinal, não fosse uma tarde tão tediosa como achei que seria.

— Mamãe, estamos de saída — uma voz familiar soou no corredor e logo depois o rosto de Mayson apareceu — estão aqui, imaginei que ainda não tinham chegado — ele se aproximou segurando a mão de um menino que deveria ter seus oito anos, muito parecido com ele, uma miniaturara de Mayson, devia ser Eneias — senhora Singuer — ele a cumprimentou e logo depois passou o olhar para mim com um sorriso — Juliete.

— Mayson.

— Tia, Juliete — Eneias falou se desprendendo da mão de Mayson e me abraçando — estava com saudade.

Sorri.

— Eu estava com muito mais.

— Estávamos indo da uma volta na praça, a senhora não quer vim conosco?

A ideia de andar parecia muito mais atrativa que ficar a ouvir a conversa delas.

— Não estar nublado? Tenho quase a impressão que irar chover — a duquesa falou olhando Mayson de soslaio.

— Não creio que irar chover, e a praça não é tão longe, não nos demoraremos muito.

Ela suspirou levando a xícara de chá a boca.

— Claro, claro, mas levem a Arya com vocês.

— Como quiser madame — Mayson sorriu para ela — você vem, Juliete?

— Oh, sim — disse levantando empolgada por poder sair dali, mas pelo sorriso de Eloisa e Sophia elas deviam achar que estava feliz por ficar na presença de Mayson.

— E você, Nicoleta? — Eneias perguntou virando para a prima.

— Da última vez que estive em uma praça com você e Juliete, acabei dentro do lago, na companhia dos peixes — ela disse com cara de poucos amigos.

Ah como eu gostaria de ter visto essa cena. Quando estava a ponto de me deixar levar por um sorriso tia Sophia suspirou me destilando um olhar cansado, então tive que me segurar.

— Um terrível incidente sem dúvida — A duquesa se pronunciou, mas eu poderia jurar que tinha visto um sorrisinho nos seus lábios.

— Incidente, claro. — Nicoleta repetiu sem humor.



Eu nunca tinha estado nesta praça antes, nem em 2017 e muito menos em 1818, de modo que me encantei com o lugar assim que o vi, era lindo, todo o caminho do parque era rodeado de arvores que impediam os raios solares, que não eram muitos já que o céu estava nublado.

Andamos pelo caminho que segue a margem do lago, e havia cisnes, belos cines que desfilavam pelo riacho. Eneias parou junto ao lago para alimentá-los e nós ficamos ali ao seu lado.

— É tudo tão bonito — deixei escapar enquanto observávamos Eneias.

— É, é lindo, sempre me surpreendo — ele comentou com um suspiro satisfeito.

Noah teria gostado de conhecer esse lugar, ele teria adorado.

Suspirei aproveitando o clima cálido e suave, eu voltaria aqui, quando estivesse em 2017, com certeza voltaria.

— Quer fazer uma visita a Catedral? — Mayson perguntou me tirando dos meus devaneios. — Não vamos demorar muito.

Assenti. Essa deveria ser a Catedral onde o casamento seria realizado.

— Arya, eu e Juliete vamos a catedral, mas não nos demoraremos — ele falou para a empregada enquanto envolvia seu braço ao meu e continuava o caminho.

Chegamos à entrada principal da Catedral em questão de minutos. O portão era ricamente adornado com gravura de anjos ao redor, com janelas em tom de azul turquesa. Entramos e desta vez realmente me faltou a fala, era um belo lugar, o interior conseguia ser ainda mais bonito que a entrada, as cores eram diversas, mas o que mais se destacava era o dourado em volta das colunas que sustentavam a catedral. Caminhamos por um longo corredor até chegar na parte de trás da, havia um lindo jardim, grande e espaçoso, deveria ser aqui que realizariam a recepção do casamento.

Agora entendia porque diziam que seria o casamento do ano, é porque realmente seria, como não chamar atenção casando em um lugar como esse.

— Vai ser um grande casamento — comentei.

— Devemos isso a sua tia e minha mãe, elas simplesmente não deixariam que o casamento fosse menos que isso.

Nós dois sorrimos do empenho que a duas estavam demonstrando ante os preparativos do casamento.

— Graien... — uma voz grave soou se aproximando.

— Simon, velho amigo — Mayson se aproximou do homem e os dois se cumprimentaram com um amigável aperto de mão — Não sabia que você estava em Canterbury.

— Nem eu que você havia partido de Londres — ele sorriu — Doraty precisava de uns dias de descano, então resolvemos antecipar nossa vinda a cidade, assim poderemos ficar para seu casamento — ele falou voltando o olhar para a jovem ao seu lado.

— Fico feliz que tenham vindo, mas deixe-me apresentar minha noiva, a senhorita Juliete Dclair — Mayson se voltou para mim com um sorriso — Juliete querida, estes são o visconde Eliot Simon, e a viscondessa sua esposa lady Doraty Simon.

Os dois sorriram para mim com um comprimento de cabeça e eu fiz o mesmo. O visconde era um homem alto, muito mais alto que Mayson, talvez fosse um pouco mais velo também, beirava pelos vinte sete anos, tinham olhos muito azuis e cabelos pretos que lhe caiam muito bem, o tom de pele era branco. A esposa não devia ser muito mais velha que eu, era muito bonita isso ninguém poderia contestar, os olhos eram da mesma cor dos cabelos âmbar escuro que desciam até a cintura, tinha um porte elegante, mas havia qualquer coisa no olhar dela, me parecia muito triste, me perguntei se o motivo de toda essa tristeza seria um casamento forçado, já que isso parecia ser normal nesse tempo.

— É um enorme prazer finalmente conhecê-la senhorita Dclair — Doraty falou.

— O prazer é todo meu. — Respondi educadamente.

— Eu irei roubar o seu noivo por alguns instantes senhorita Dclair, mas não me demorarei muito — o visconde falou me fitando com um pequeno sorriso enquanto se afastava com Mayson.

— Você vem sempre a catedral? — Lady Simon foi a primeira a quebrar o silencio.

— Sim, com o casamento estando tão perto é quase inevitável.

Esperei que ela demonstrasse a empolgação que todos demonstravam quando o assunto casamento surgiu, mas ela não o fez.

— Todos tem falado muito a respeito de sua festa de noivado em Londres. — Ela comentou — Imagino o quanto esteja sendo trabalhoso organizar um casamento dessa magnitude.

— A minha tia e a duquesa têm feito a maior parte do trabalho.

— É muito bom contar com ajuda nesses momentos — Doraty sorriu de forma doce para mim — lembro-me que quando me casei minha mãe e minha sogra quase enlouqueceram com tantos preparativos.

— Então de fato isso acontece em todas as famílias — disse retribuindo o sorriso.

— Viu não demoramos quase nada — o visconde falou se colocando ao lado de sua esposa e envolvendo seu braço com carinho no dela.

— Já podemos ir? — Doraty perguntou se voltando para ele.

— Sim, claro. Graien como sempre foi um prazer, senhorita Dclair esperamos poder vê-la mais vezes.

— Seria ótimo revê-los  — Doraty falou sorrindo para Mayson e depois para mim. – Por favor venham nos visitar quando puderem.

— Eu iria gostar muito — afirmei com sinceridade enquanto eles retomavam seu caminho — Me pareceram boas pessoas.

— E são — Mayson falou enquanto recomeçávamos nossa caminhada — ficarão em Canterbury por muito tempo de modo que você poderia fazer amizade com a viscondessa.

— Ela me pareceu um tanto triste, você não acha?

Mayson suspirou.

— Eles passaram por uma grande perda, a alguns meses a viscondessa sofreu um aborto.

— Oh... — Então era isso, toda aquela tristeza no olhar.

— Ainda é muito recente, é de se esperar que ainda não tenham se recuperado. Simon a trouxe para cá na intenção de que ela se afastasse um pouco dos falatórios de Londres — ele parou me fitando — as vezes as pessoas podem ser um pouco inconvenientes.

— Como estão sendo com o nosso casamento? A viscondessa comentou que tem sido o assunto mais falado em Londres.

— Era de se esperar, já que minha adorável mãe acaba de regressar de lá.

Eu sorri. Era realmente de se admirar que elas estivessem tão empolgadas com esse casamento. Mayson ergueu uma das sobrancelhas e me fitou com curiosidade.

— O que foi? Ah alguma coisa errada comigo? — perguntei constrangida, tentando colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha que o vento não deixava em paz.

— Não a nada de errado com você — ele disse estendendo a mão e colocando os fios de cabelo em seu devido lugar.

Me repreendi mentalmente pelas mãos frias e o coração em disparada.

— Mas devo dizer que a qualquer coisa de diferente em você desde que voltei de Londres...

 
— Mas devo dizer que a qualquer coisa de diferente em você desde que voltei de Londres

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~~Micaela.

Olá pessoas! Alerta de spoiler.

Teremos uma grande revelação no próximo capitulo, segredos serão descobertos, então não percam.

1818Onde histórias criam vida. Descubra agora