O encontro - Parte I

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Afonso estava nervoso, não sabia o motivo, afinal só era um jantar entre amigos, não é? Por que estava tão ansioso? Talvez tal reação estivesse atrelado ao fato de que desde a morte da sua esposa nunca mais saíra para se divertir, ou melhor, mesmo quando ela ainda estava viva...Se dedicara tanto ao trabalho que nem recordara de algum momento de total lazer, pois mesmo estando em casa com sua família, respondia algum e-mail ou rabiscava alguma planilha ou relatório em algum papel...Enfim, ele nunca relaxava de verdade. Contudo, isso era tudo passado, desde que chegara a Inglaterra se dedicou ao seu filho e aos afazeres domésticos e... Bem, também não estivesse dando espaço para relaxar nessa nova fase de sua vida.

–Essa camisa não está boa! Nem essa... – Resmungou jogando mais camisas por cima da cama.

–Pai... – Luciano chegou ao quarto é recebido com uma camisa na cara –Pai!

–Oh! Desculpe Lu... – Tirou a camisa do rosto do menor –Papai estava se arrumando!

–Você disse isso faz duas horas! Quando vai terminar? – Reclamou o garoto fazendo biquinho, sinceramente ele não entendia o que tinha de tão importante em escolher uma roupa, afinal, sempre pegava a primeira camisa ou short de sua gaveta sem ao menos analisar se era bonita ou não... Seu pai devia estar doido!

–Duas horas?! Droga! Estou atrasado! –Pegou uma camisa aleatória e veste com rapidez –Você vai ficar na casa do Arthur, não é?

–Sim... Tio Arthur disse que um amigo dele vai servir de babá! –Falou o menor ajudando o pai a colocar os sapatos. Sim, seu pai estava doido, mas não queria que ele ficasse ainda mais insano se no final percebesse que estava vestindo sapatos trocados!

–Se comporte, ok? Nada de brigas! – Falava isso enquanto se mirava no espelho, parecia bem, não estava tão formal e tão pouco informal. O equilíbrio de forças no vestiário...Mas, por que estava ligando tanto para sua aparência!? Estava se comportando de forma totalmente tola!

–Pai! Eu já sou crescidinho! Sei me comportar! –Luciano fechou a cara e cruzou os braços.

–Sei...- Afonso se aproxima e dá um beijo na testa do menor, acariciando a cabeleira negra e encaracolada do seu pequeno filhote –Para mim sempre será meu bebê!

–Pai! Não sou bebê! – Resmungou Luciano –E você não estava atrasado?

–Sim! Droga! – Exclamou o mais velho correndo as escadas abaixo, Lu riu do jeito do pai, era divertido vê-lo assim... Na verdade, não recordara ter visto o pai dessa maneira antes. Bem, gostava desse novo pai, meio atrapalhado e super-protetor.

~**~

– Nada de dar doces e outras comidas ricas em açúcar para o Alfred! E Matt tem medo de escuro, quando for colocá-lo para dormir deixe o abajur ligado e...Nada de filmes de terror, Alfred pode fazer xixi na cama e... – Tagarelava Arthur para a babá, ou seja, Yao Wang. O chinês apenas assentia paciente...

–Pai! Não conte isso para as pessoas! –Choramingou o loirinho envergonhado.

–Mas é verdade! –Riu Matt.

–Arthur, não é a primeira vez que tomo conta de seus filhos! – Diz Yao cruzando os braços irritado –Temos que passar pela a mesma lista de recomendações toda vez que venho aqui? Eu não tenho problemas de memória!

–É que... – O Inglês exibiu um sorriso nervoso, mas simplesmente não conseguia se controlar, sempre ficava nervoso ao deixar seus filhos sozinhos...Mesmo que confiasse em Yao, era um instinto paternal.

VizinhosWhere stories live. Discover now