As aulas já tinham começado e Luciano já estava com dificuldade de se acostumar com aquele novo modelo de escola, pois era muito diferente de seu país de origem. A escola era bem mais restrita o que o deixou logo chateado, já sabia que não teria tanta liberdade, além disso, não entendia muito bem a matéria, os professores falavam muito rápido, desta forma o jovem brasileiro sempre ficava depois das aulas pegando as anotações de Matt e recebendo ajuda do amigo, já que não podia contar para esse tipo de auxilio com o Alfred, pois esse cochilava na sala de aula ou era expulso da mesma por fazer bagunça. Bem, a verdade é que não podia reclamar muito, afinal, pelo menos tivera a sorte de ter ficado na mesma sala dos irmãos Kirklands... Se os gêmeos não tivessem ali, Luciano se sentiria totalmente perdido!
O sinal do intervalo finalmente tocou para o alivio do brasileiro, estava exausto, aquela semana fora demais! Os ingleses só podiam ser loucos por encher as suas crianças com tantas tarefas logo no início do ano letivo! Sabia que iria se acostumar, pelo menos era isso que o seu pai sempre o lembrava quando chegava em casa reclamando... Mas uma coisa já se tornara o seu principal objetivo: sobreviver a escola para degustar as férias! Já estava sonhando com o período sem aulas e tarefas...
– Olha! São os garotos filhos de uma frutinha! –O moreno escutou aquilo, levantando o olhar para uns garotos mais velhos que estavam logo na entrada de sua sala de aula. Luciano franziu o cenho sem entender a quem eles estavam se referindo... Será que era alguma gíria da língua? Havia ainda muitas palavras que não compreendia muito bem e até mesmo traduzia ao pé da letra e pareciam não ter sentindo algum! Será que era esse o caso? Devia perguntar aos gêmeos, mas Matt e Alfred tinham saído primeiro para comprarem os seus lanches deixando o brasileiro na sala copiando as anotações.
– O seu pai usa roupa de mulher? – Os garotos estranhos continuavam com a suas perguntas.
– Do que eles estão falando, afinal... – Luciano não estava gostando nem um pouco do tom usado por eles.
–Ou ele prefere usar maquiagem?
"Isso está com cara de bullying!" Pensou o moreno, em sua antiga escola havia esses casos de garotos ou garotas implicando com outros... Humilhando para o seu bel prazer! Luciano também fora alvo dessas "brincadeiras" devido a sua tez de coloração mais escura, pois muitos diziam que não podia ser filho de Afonso que apresentava uma pele mais clara e jeito europeu (o que era obvio, pois Afonso era sim Português!)... Mas o garoto nunca fora de aceitar esse tipo de comentários sem revidar! Perdera a conta das vezes que se meteu em briga e ficou suspenso. Sua falecida mãe ficava muito chateada por ser chamada tantas vezes na diretoria e interromper suas preciosas aulas de yoga ou mesmo suas visitas (muito constantes) a boutiques e cabelereiros.
Luciano resolveu ir ver o que estava ocorrendo, ficou surpreso ao ver quem eram os alvos do "ataque" dos garotos mais velhos: Matt e Alfred.
– Meu pai não veste roupa de mulher e muito menos usa maquiagem! – Disse Alfred, as suas bochechas estavam vermelhas
–Alfred ...Não ligue para o que eles dizem... – Matt tentou acalmar o irmão segurando o seu braço o impedindo que esse avançasse e brigasse com os outros garotos (maiores e possivelmente mais fortes) que pareciam se divertir e muito com a situação.
"Eles não passam de uns valentões! Parece que eles existem em todo o lugar... Seja no Brasil ou na Inglaterra!" Concluiu Luciano sentindo a fúria o dominando aos poucos, afinal seus amigos estavam sofrendo! Não podia deixar que isso ocorresse! Devia fazer algo!
–Ora, ora... Filho de gay sabe bater? Seu pai não te dá bonequinhas para brincar?
–Seu...Imbecil! – Alfred continha as lagrimas de raiva, Matthrew já estava chorando, os outros garotos da escola nada faziam, ficam escutando cabisbaixos e passavam apressados pelo corredor, outros, entretanto, estavam ansiosos, esperando que a briga se iniciasse.
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Vizinhos
Hayran KurguAfonso decidiu que deveria recomeçar a sua vida depois de um evento traumático em sua vida, novo país... Novo trabalho... Seria perfeito para um jovem pai viúvo e seu pequeno filho. Quem sabe que surpresas o destino pode trazer a eles? Será que pode...