O que acontece na fria madrugada londrina...

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As ruas londrinas estavam frias, isso era devido a noite que se prologava e o fato que tinha acabado de chover. As poças de água se formavam nas calçadas e refletiam a luz bruxuleante dos postes. Afonso arrastava o bêbado inglês com certa dificuldade, sendo que essa dificuldade não estava atrelada ao fato das pernas de Arthur estarem vacilantes e por vezes tropeçar em pedras invisíveis. A dificuldade estava em tentar segurar Kirkland queria caçar os seus "amigos" imaginários. Arthur esperneava e gritava atraindo muita atenção das poucas pessoas que andavam na madrugada.

–Espera! Eu tenho um encontro com os duendes! Você está me atrasando! –Resmungava Arthur.

–Sei...Mas antes, o que acha de tomar um café? Acho que os duendes não ficarão felizes em te receber nesse estado. – Argumentou, com paciência, Afonso. Não podia confiar o inglês ao Yao e seu estranho namorado de sorriso infantil e de aura ameaçadora...Afinal essa dupla parecia estar estimulando a bebedeira do seu vizinho e não ao contrário! Não, tinha que proteger Arthur. Iria leva-lo para casa...

–Eu odeio café! – Choramingou, de forma infantil, o inglês. Afonso teve mordeu o lábio inferior para conter uma risada. Era bem provável que Arthur fosse morrer de vergonha no dia seguinte (ou de ressaca...). Sentia uma louca vontade de filmar o momento, mas era um bom vizinho...Iria guardar em sua memória aqueles momentos e não em algum dispositivo digital.

–Um chá então? O que acha? – Sugeriu o lusitano, a verdade era que desejava saber o que Arthur estava querendo lhe dizer, antes de vomitar... Sentia que era algo importante.

"Será que eu deveria questiona-lo...Aproveitando da falta de inibição de um bêbado?" .

–Príncipe... Essa noite até que é romântica, não é? –Sorriu Arthur, pegando Afonso de surpresa, além de o fazer ruborizar. Não sabia como responder, afinal...Nunca fora chamada de príncipe antes.

– Por que me chama de príncipe? Se me chamar assim...O que você seria? –Tenta entrar no "mundo" dele. Talvez, assim, conseguisse algumas respostas.

– Oh...Eu? – O loiro apontou para si mesmo.

–Isso, você. Ora, se eu sou seu príncipe...Você seria a minha princesa? –Afonso brincou, mas logo notou um rubor dominar o rosto do seu companheiro.

–I-idiota...Eu sou homem...N-não posso ser uma pr-princesa! E nem quero ser! Ficaria ridículo usando saia ou espartilho! – Disse tentando se afastar de Afonso, que o prendeu fortemente perto de si.

– Não acho que você ficaria ridículo. – Disse, gentilmente.

– Posso ser gay, mas não irei me vestir de mulher só para satisfazer algum fetiche secreto seu!

Afonso quase tropeçou nos próprios pés com aquela fala.

– E-eu... – Tinha perdido totalmente a capacidade de se expressar por meio das palavras.

– Ainda mais... Não quero ser sua princesa... Quero apenas ser o seu Arthur.

No momento, estavam parados abaixo de um salgueiro, gotas remanescentes da chuva passada, escondidas nas folhas da frondosa árvore, caiam sobre eles, mas Afonso e tão pouco Arthur pareciam se importar com o fato de ficarem molhados.

– O que você quer dizer com isso? – Quis saber o lusitano, sentindo sua voz tremer.

Arthur negou com a cabeça.

– Nada. Esquece...Estou bêbado...

– Artie... – Afonso segurou a mão fria do inglês – Diga-me...

VizinhosWhere stories live. Discover now