Descobrindo os sentimentos...

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As aulas já começaram, bem como o trabalho de Afonso, anteriormente ele trabalhava como engenheiro naval de uma multinacional, projetava as embarcações a serem comercializadas no mundo...Adorava sua profissão, todavia era requisitado uma dedicação quase que total, tinha que fazer projetos das novas embarcações, avaliar a construção dos navios, planejar apresentações para promover seus projetos... No final o resultado era que acabara por ter pouco tempo em casa com a sua família e mais tempo na empresa ou viajando pelo mundo, uma das vantagens era que ganhava muito bem...Contudo, os eventos passados demonstraram que o ganho financeiro não suprimia a carência na parte afetiva, sua esposa o tinha traído com o seu professor de yoga, mas aquilo era compreensível agora que ele avaliava, não fora um bom marido, nem um bom pai...

Depois do acidente, com o falecimento da sua esposa, alguns parentes acusaram Afonso ter provocado o incidente de forma intencional como uma forma de vingança pela a traição, queriam até tirar a guarda de Luciano... O português não poderia admitir isso, podia ser muitas coisas, mas não era um assassino... Tinha perdido muitas coisas naquele horrível acidente e não iriam retirar o que restou de sua família, iria compensar os anos perdidos, prometera a si mesmo isso! Agora trabalhava em uma loja de navios esportivos como vendedor, nada comparado ao seu antigo emprego, mas não tinha mais ambições, queria um trabalho simples e que não corresse o risco de ficar ausente da vida de seu filho.

– Gostou do novo modelo!? –Perguntou Antônio, era o seu chefe e dono da loja e tinha se tornado um dos melhores amigos de Afonso ali na Inglaterra – Você projetou esse também!?

–Não, na verdade só uma parte... – Sorriu meio embaraçado, era estranho estar vendendo as suas criações, antes só imaginava como construir melhores navios, mas não fazia parte do departamento de vendas e marketing, de modo que nada sabia sobre essa área...

–Nossa! Você é um gênio! Ainda vou te contratar para construir um barco pessoal para mim! Podemos batiza-lo de " Gazpacho*" ou " salmorejo", ainda estou em dúvida! –Falou sonhador o espanhol.

–Você tem um certo fanatismo para com tomates, ou é impressão minha? Afinal, pelo o que sei...Esses nomes são de pratos espanhóis que tem o tomate como base!

–Mas eles são ótimos! Ainda vou te levar para comer na minha casa! Pode levar o seu filho! Vou ensinar a vocês os prazeres que o tomate pode dar! Além disso, devem comer jamon! Um manjar dos deuses! É como você tivesse gozando enquanto come...

–Isso é estranho de se falar Antônio... – Afonso fez uma careta, Antônio era extremamente apaixonado com as coisas que gostava, tal como barcos e a culinária de sua pátria mãe.

– O que? Não tem nada de errado em comparar o prazer gastronômico com os prazeres que a mulher pode te dar também! – Dá um soquinho no ombro do português. – Ainda temos que sair para beber e pegar umas garotas, não é? Com essa cicatriz misteriosa que tens no rosto...Aposto que atrairíamos muitas garotas!

–Eu não sei se estou pronto para essas coisas... Sabe? – Falou nervoso Afonso, a imagem de Arthur surgiu de modo repentino em sua mente, o lusitano corou com aquela visão.

"Estou sendo hipócrita?" Pensou se sentindo meio culpado e confuso.

–Ohhh...Ou já iniciou um romance! –Antonio sorriu de forma maliciosa com a reação do amigo e ficou o cotovelando.

–N-não...Não tem romance nenhum! E...Olha! Clientes! – Apontou desesperados para algumas mulheres que passavam na frente da loja.

–AHH! Mulheres! – O espanhol logo foi jogar o seu charme nas possíveis clientes, deixando o pensativo Afonso para trás.

VizinhosWhere stories live. Discover now