Três

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Um pouso forçado num planeta selvagem. Pelo menos, foi isso que eu entendi da conversa dos aliens. Não demorou muito depois que pousamos para Dravos mandar todos de volta para suas funções, e logo depois ele aparecia na sala para me levar de volta para o meu quarto. E se eu fiquei feliz porque ele voltou, foi só por causa daquela coisa da compatibilidade. Só por isso. E porque ele é menos assustador que os outros aliens.

Quando me trouxe para cá, Dravos falou alguma coisa sobre terem estragado a nave. Propulsor atingido e mais algumas coisas que não fizeram o menor sentido para mim. O que entendi foi: atiraram de volta na nave no meio daquela confusão, fizeram um estrago tão bom que ele foi obrigado a pousar no primeiro planeta que achou e que vamos ficar parados aqui um bom tempo enquanto fazem os consertos.

Se eu não estivesse nessa nave também, ia dizer um 'bem feito', porque foi merecido depois de destruírem a nave esquisita e matarem todo mundo. Na verdade, isso é bem menos do que eles merecem.

Agora, a coisa sobre esse ser um planeta selvagem... Não gostei disso. Não mesmo. E é literalmente uma selva lá fora. O monitor da parede do meu quarto agora está mostrando árvores e mais árvores enormes, com folhas vermelhas. Não ia nem ser uma paisagem estranha, se de vez em quando eu não visse um alien passando perto das árvores. Elas são gigantescas. Muito, muito grandes. E é uma selva mesmo: são árvores de vários tipos e tamanhos para todo lado, com trepadeiras caindo dos galhos e cipós e...

Daqui a pouco vai sair um dinossauro gigante do meio disso tudo e abocanhar a nave de uma vez só.

Balanço a cabeça e abraço meu travesseiro de novo, me sentando na cama. Não vou ficar pensando nisso. Não vai ter nada demais nessa selva, só uns passarinhos fofos. Mais nada.

O quarto está todo bagunçado. Tive que arrastar o colchão de volta para cima da cama e pegar os travesseiros do outro lado do quarto. Acho que agora entendi por que não tem nenhum tipo de enfeite e coisinhas de decoração por aqui. Se o monitor não fosse embutido na parede, tenho certeza que ia estar torto também. E descobri umas presilhas estranhas nas pontas do colhão. Nem parei para pensar no que podiam ser e as prendi na cama. Minha dúvida é se estavam presas antes ou não.

E o que será que aconteceria se alguém estivesse dormindo quando a nave estava balançando daquele jeito? Ai meu Deus, acho que nunca mais vou conseguir dormir. Não quero acordar sendo jogada para o outro lado do quarto.

Queria ter o sangue frio daquelas duas doidas que estavam presas comigo. Suelen e a novata, a que o cara demoníaco comprou. Ia ser muito mais fácil, mesmo que eu ainda ache que elas são doidas mesmo. Como alguém consegue ficar calma depois de acordar em uma cela numa nave alienígena? Não, não mesmo.

Olho ao redor, vendo o quarto vazio. Não que ele seja realmente vazio. Tem um guarda-roupas estranho embutido na parede, que se abre quando aperto uma das marcas mais escuras na parede. Mas a impressão que eu tenho é que estou num quarto que não tem nada além de uma cama de solteiro e paredes cinza. Não sei por que estou reparando nisso agora, mas... Faz quanto tempo que estou aqui? Pelo menos quando estava no quartinho da nave de João Mário eu tinha Paloma para me distrair e contar o que estava acontecendo lá fora.

Acho que a culpa foi dessa confusão toda e do pouso forçado. Não consigo dormir nem ficar olhando para o monitor fingindo que tudo é só um filme depois daquela cena da nave sendo atacada. Saco. E agora?

Olho para o monitor de novo. Os aliens estão andando pela selva ao redor na nave, alguns arrastando galhos e outras coisas que não consigo ver o que são. Eu odeio mato. De verdade. Mato é cheio de insetos, coisinhas com muitas patas e... Não. Mas não faço ideia de quanto tempo faz que estou trancada dentro de uma ou outra nave. E depois que sairmos daqui, não faço a menor ideia de quanto tempo vou continuar trancada dentro de uma, então...

Dravos (Filhos do Acordo 4) - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora