Eu não aguento mais ouvir alarme. Não dá. Chega. Viro mais um corredor e paro. Onde é que eu estou? Sei que o elevador me deixou no andar certo – eu reconheci onde saí. O problema é achar o corredor certo. Especialmente com esse alarme apitando o tempo todo e o aviso de intruso na nave. Eu só quero o meu quarto!
Por que é que depois de tanto tempo sem nenhum problema, de repente é uma coisa atrás da outra? Passei quanto tempo sem ouvir um alarme desses? Nem sei mais. Mas agora toda hora é um diferente.
Não devia ter saído do meu quarto. Devia ter ficado trancada lá dentro, que aí pelo menos eu não ia ficar pensando no tamanho do portão de carga da nave e como não tinha ninguém vigiando ele. Qualquer coisa pode ter entrado na nave. Não esqueci que estamos num planeta selvagem.
Solto um suspiro aliviado quando viro em outro corredor e reconheço onde estou. Corro para o meu quarto e... A porta está aberta? Mas essas coisas não fecham sozinhas? Paro na porta e olho para dentro. Nada. O quarto está vazio e do jeito que deixei. E eu estou ficando paranoica. Se bem que acho que isso é uma boa coisa.
Entro e coloco a mão no painel para fechar a porta. Nada. Como assim, não quer fechar? Será que eu estraguei a porta? Oxe, mas eu só coloquei a mão aqui para abrir... Tiro a mão e coloco de novo. A porta faz um barulho estranho mas não sai do lugar. Eu quebrei isso. É a única explicação.
Dou um passo atrás e a porta se fecha. Coisa estranha. Mas pelo menos agora o barulho do alarme está abafado e eu não preciso ficar escutando aquela voz falando que tem um intruso na nave...
Eu ouvi um miado?
Paro no meio do quarto. De novo. É um miado, tenho certeza. E é o mesmo som estranho que eu achei que a porta tinha feito. Como é que tem um gato aqui dentro?
Me abaixo e olho debaixo da cama. É o único lugar onde um gato pode ter se escondido. E sim, tem uma sombra mais escura encostada na parede.
Eu sempre quis ter um gato.
— Chaninho, chaninho... — chamo.
O gato continua no mesmo lugar. É assim que se chama um gato, não é? Por que é que ele não veio? Chamo de novo e ele se mexe, mas só se encolhe mais na quina da parede. E agora?
Me sento no chão, ao lado da cama, e estico uma mão. Não tenho nada para fazer mesmo. E ficar esperando o gatinho sair é melhor que ficar preocupada com o tal alarme de intruso, não é? Já estou trancada no quarto mesmo, não tem nem perigo de alguém entrar aqui.
Apoio a cabeça na cama e olho para o monitor. Alguns aliens continuam lá fora, mas são bem menos que antes. Acho que estão vasculhando a nave atrás do tal intruso. Ou vigiando o portão, o que seria uma ótima ideia. Espero que consigam consertar o propulsor – acho que isso que faz a nave voar, mas não tenho certeza. Estou começando a pensar que eu devia ter assistido mais filmes espaciais. Por que não fazem filmes de coisas no espaço com mais romance, hein? Aí eu acho que ia pelo menos saber do que os aliens estavam falando.
Continuo encostada, olhando para o monitor, e começo a bater os dedos no chão. Que preguiça. Ou melhor, que tédio. E o alarme continua apitando. Já deveriam ter resolvido isso, não? Espero que isso não continue apitando por muito tempo, porque uma hora eu vou querer dormir.
Alguma coisa bate na minha mão. Paro de tamborilar com os dedos e abaixo a cabeça. O gatinho está deitado no chão, com uma pata esticada para a frente. E ele parece ser verde. Certo. É um gatinho alien, devia ter esperado alguma coisa assim. Volto a bater os dedos no chão e ele estica a pata ainda mais, batendo de leve na minha mão. Ahh, que fofinho. Quero ele para mim. Será que ele é de alguém da tripulação e escapou nessa confusão toda?
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Dravos (Filhos do Acordo 4) - Degustação
Romansa-= Romance Sci-fi =- Já faz algum tempo desde que Jéssica acordou em uma nave alienígena com outras mulheres. Alguns anos, provavelmente, mas ela não tem certeza. A única coisa que sabe é que foi vendida - de novo - e que o alien que a comprou é um...