Capítulo 10

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- Jagiya talvez seja a única pessoa que fica bêbada com dois copinhos de soju. - Hyungwon comenta distraído levando uma colher de cereal a boca. O crec crec de todos eles mastigando fazia minha cabeça doer. Então eu tava de ressaca mesmo. Dorgas.
- Eu não faço ideia do que cura ressaca - Jooheon diz ainda com meu rosto entre as suas mãos.
- Eu sei o que cura - Hoseok já começa a falar rindo - meus beijos. - ele manda um beijo voador que Jooheon finge pegar, amassar e jogar bem longe.
- Só descansa - é Kihyun quem diz isso, nem parece que ontem tava me acusando de foder com os planos do grupo.
- É, vou ficar por aqui mesmo, vocês podem ir passear.
Hyungwon aproveita a situação e fala que vai ficar.
- Eu tô com sono, ainda são nove horas da manhã. Além disso, vocês não vão deixar ela sozinha, né?
Eu lembro de ontem, quando todos eles me abandonaram e só Jooheon me esperou. Seus falsos.
- Verdade, - Kihyun continua seu ataque de falsidade - acho que vou ficar também.
O radar do Jooheon ativa.
- Não precisa, eu fico com ela.
- Vocês são namorados, se ficarem sozinhos vão fazer o que? - Kihyun dá um sorriso safado.
Minhyuk decide apoiando Kihyun.
- Não, sozinhos nem a pau.
- Hmmm, pau, né? - eu comento rindo, depois percebo o que eu disse e desconverso: - Tá quente o dia hoje, né?
Minhyuk me olha assustado.
- Jagiya, você é inocente, entendeu?
- Sim, senhor. - eu respondo rindo. - O que é um pau, né? Um pedaço de madeira.
- Aaaaaah, para. - Ele fala desesperado.
- Vamos logo. - Changkyun apressa os outros.
Nesse momento estou na sala com Kihyun. Hyungwon me abandonou sozinha pra poder dormir. Jooheon manda mensagens pra ver se eu tô bem, pra ver se ninguem me seduziu.
O silêncio é bem pesadinho.
- Então, Kihyun - eu finalmente falo depois de pensar bastante - É você que fica mandando mensagem?
Ele me olha com cara de bunda.
- Que?
- Nada não, tava brincando. Érh... Eu acho que vou pro meu quarto.
- Não, espera - ele respira fundo antes de começar a falar - Desculpa. É que... sabe, o grupo significa muito pra mim, pra todos nós. Foi difícil chegar até aqui, muito difícil. Tempo, esforço e dificuldades enormes que você nem consegue imaginar.
Eu fico calada ouvindo ele falar. Cada palavra era uma facadinha no meu coração.
- A integração do grupo também foi complicada no começo, então o que esse elo de amizade vale... ninguém mais sabe quanto isso vale além de nós sete. Quando eu penso que isso pode acabar ou ser prejudicado, eu fico... Arg... Você sabe.
- Sim, eu... eu entendo. - Abaixo a cabeça e encaro meu amigo chão.
- Ei, mas eu não sou contra o namoro de vocês. Eu não te odeio.
- Dizer que não me odeia não é o mesmo que dizer que gosta de mim.
- Aish, mas eu gosto. Sério.
- Sério? - eu sorrio o sorriso mais fraco da história dos sorrisos.
Depois disso fui pro meu quarto pensar se valia a pena colocar tudo em risco pelo meu amor tão verdadeiro e também tão egoísta.
Não valia. Eu não podia deixar todos eles, incluindo Jooheon, perderem tudo que tinham conquistado. Mesmo sabendo disso eu precisava confirmar se o culpado das mensagens eram os meninos, além disso eu teria mais uns dias, poucos dias, pra aproveitar meu amor com o Jooheon antes de terminar com ele sem nenhum motivo aparente. Só em pensar nisso, meu coração se partiu em dois, três, muitos pedaços.

♡♤♡♤♡

- Então, você que tá mandando mensagem pra mim?
- Não - Hoseok responde. - Mas eu posso mandar se você liberar o número do celular.
Eu rio muito antes de dizer um "não".
Parece que não era nenhum dos meninos.

♡♤♡♤♡

Eu estava deitada. Era tarde da noite e eu estava tentando dormir quando escutei a porta do quarto abrir.
- Ei, Jagiya, sou eu - Jooheon fala entrando embaixo do edredom.
Eu o abraço e coloco a cabeça sobre seu peito, sinto seu coração acelerado.
- Eu não sei o que fazer.
- Sobre o que? - Ele pergunta.
- Nada, é só que... Mudando de assunto, você adora os meninos, né?
- Uhum. Eles são minha segunda família.
- Ah, entendo - nessa hora eu já estava morta por dentro. Eu tinha o direito de interferir tanto?
- Por que você tá pensando nisso?
- Por nada. - eu subo nele por baixo do edredom e o beijo.
- Você tá estranha, Jagiya. - ele fala me afastando de leve.
- Não é nada. - seguro a lateral do rosto dele e o beijo outra vez, um beijo mais profundo, mais desesperado, uma vontade imensa de tê-lo dentro de mim, de esquecer que eu teria que esquecê-lo.
Eu o estimulo com a minha mão, logo ele está duro embaixo de mim. Afasto a calcinha que eu usava para o lado e o deixo entrar em mim.
Eu guio o ritmo, as mãos dele estão na minha cintura, mas ele só me beija e me olha enquanto eu subo e desço por todo o seu comprimento repetidas vezes. Olho o quando eu posso para seu rosto, seu pescoço, sua boca, seus olhos. Tento decorar a textura da sua pele, o cheiro de sabonete que ele tinha, o jeito que a pele dele se arrepiava quando eu o mordia.
Por mais que ele não soubesse que isso era uma despedida, Jooheon também estava atento a cada movimento meu e isso me comoveu tanto, que eu não gozei. Cavalguei nele o quanto pude, pelo tempo que pude. Agora, por vontade minha, fiquei por baixo, e ele acelerou o ritmo até que ele gozou dentro de mim. Eu tomava as pílulas em dia desde que começamos a namorar, então gravidez nem era um risco.
Nos deitamos de conchinha, abraçados.
- Você tá estranha.
- Tô? - aperto a mão dele, nossos dedos entrelaçados.
- Sim. Aconteceu alguma coisa?
- Não. Sim. - eu me viro e fico de frente pra ele na cama - Eu não tenho confiança pra ficar com um idol.
- O que?! - ele pergunta rindo, ainda sem acreditar.
Eu continuava a ditar o texto que tinha memorizado:
- Não acho que eu confie em você o bastante pra manter esse relacionamento. Quer dizer, você viaja muito, mesmo como staff, não sei... Não consigo.
- Do que você tá falando, Jagiya?
- O que eu tô dizendo, Jooheon, é que eu quero terminar. Eu preciso ter o pé no chão. Terminar minha faculdade, voltar pro Brasil, ajudar meus pais.
- E você acha que não pode fazer isso enquanto tá comigo?
- Você ouviu a parte de voltar pro Brasil? Ou você acha que eu vou ficar aqui pra sempre só porque te amo? Não é assim que funciona, eu não abro mão do que eu tenho por ninguém.
O olhar dele de agora eu nunca vou esquecer. Parece que eu tinha magoado ele de verdade.
Minha mão se move até quase seu rosto, mas me detenho.
- Não é egoísmo?
Era irônico ele dizer aquilo quando eu fazia tudo por causa deles.
- É egoísta, eu sei, mesmo assim-
Ele me abraça forte. Eu entendo a confusão dele. Eu tinha acabado de me entregar, de deixar meu corpo nas mãos dele, e agora estava terminando nosso namoro.
- Foi uma boa transa. - engulo em seco quando falo isso. - Mas agora sai do meu quarto, não fala mais comigo, fica longe.
- Uma boa transa? Uma boa transa? - Ele revira os olhos e senta na beirada da cama, de costas pra mim. Mesmo que o quarto estivesse escuro, eu imaginava como seu rosto devia estar vermelho. - Jagiya, eu... nós... eu não entendo. -  ele olha pra mim outra vez - Você tá com alguém, é isso?
- Não, não tô com ninguém. Você só tem que entender que isso que a gente tem um com o outro não é nada sério. - eu já estava chorando, mas a voz saia firme, então ele não perceberia.
- Nada sério. Então é o Hoseok?
- O que?! Não, o que ele tem a ver?
- Você inventa qualquer coisa pra servir de motivo, eu só - ele bagunça os cabelos e apoia os cotovelos nos joelhos. - Droga, droga, Jagiya! - Ele levanta o tom de voz.
- É isso mesmo. - Eu falo um pouco mais alto, uma briga resolveria tudo. - Uma droga, uma droga que você não entenda que eu só te usei. Quantas mulheres podem dizer que treparam com Lee Jooheon?
Ele levanta e joga a luminária da mesinha de cabeceira no chão. Ele recolhe as roupas e sai do quarto, me deixando sozinha com minhas lágrimas.
Uma verdadeira droga.

♡♤♡♤♡

Voltei mais cedo que os meninos e decidi que era hora de ficar longe de tudo isso. Mandei um email para o Senhor Jung pedindo transferência, fosse pra agir sentada numa mesa ou com outro grupo da empresa, a resposta foi "não".
Eu respiro fundo e redijo minha carta de demissão, não envio.
Merda.
"Jagiya, é o Hoseok, roubei seu número do celular do Jooheon. O que aconteceu?".
Ignoro a mensagem e continuo encarando a tela do meu computador. A carta de demissão escrita. O emprego que paga três vezes mais que o restaurante. Uma Jagiya que precisa de dinheiro não consegue desistir de dinheiro assim.
Eu respiro fundo.
Olho pro telefone e envio a mensagem para o LoucoDasChantagens.
"Feito".
Olhei ao redor pensando no segundo passo pra tudo isso. Eu teria que me mudar.
Felizmente, quando busquei por assassinatos achei um apê perto dali em que um casal tinha morrido num assalto a mão armada. Bem, os meninos voltariam só amanhã pela tarde, então foi fácil acertar os detalhes do acordo ainda hoje com um preço muito baixo, bem acessivel. Amanhã mesmo eu me mudaria, só pedi que ele tirasse os móveis sujos de sangue.
Hoje a noite não consegui dormir. Passei a conversa milhões de vezes na minha cabeça e vi de quantas maneiras diferentes eu o magoei.
Eu precisava descobrir quem era o chantageador pra tentar uma abordagem direta e como eu tinha certeza que se tratava de alguém do trabalho, não seria difícil executar o plano que eu tinha em mente.
Quatro dias depois de me mudar, fui chamada para acompanhá-los para uma apresentação num programa.
Fui na van das staffs, não no mesmo carro que eles como acontecia antes.
Quando chegamos lá, Jooheon me encarava. Hoseok veio falar comigo, insistente.
- O que aconteceu? - Ele pergunta - Eu tava tão em cima de você e você sempre dizendo que estava apaixonada, que gostava dele.
- As pessoas mudam, Hoseok. E fala mais baixo. - eu peço com um sorriso de staff no rosto.
- Não acredito em você.
Quando ele se afasta vejo se todos estão no camarim e começo meu plano, que era simples, mas bem eficaz.
Disquei o número do chantageador e deixei chamar. Olhei ao meu redor e a staff de antes me olhava enquanto o celular dela tocava.
- Não vai atender? - Eu pergunto.
- Claro, é a minha mãe.
- Uhum. - eu digo esperando ela colocar o celular na orelha. - Mãe nada, né? Vamos falar em particular.
A gente vai até um corredor vazio e eu a encaro esperando qualquer coisa.
- Então, como conseguiu meu número e o dele?
- Você colocou senha no celular, mas colocar o chip no meu telefone foi bem fácil também. - disse a espiã do FBI. Puta.
- Era você mandando as mensagens.
- Sim, foi só um chute - ela sorri - Mas eu tava certa, né? Por isso eles ficaram estranhos com você, finalmente terminou seu namoro.
- É, graças a você, sua piranh-
- Ei, ei, não precisa xingar. - ela diz sorrindo meigamente. Queria quebrar esses dentes perfeitos pra ver se ela continuava tão feliz.
- Eu terminei com ele, mas não consegui me transferir e preciso desse emprego.
- Dê seu jeito. Eu quero distância entre vocês.
- Haahahahah - eu começo a rir descontroladamente - Ai, espera... - Respiro fundo recuperando o fôlego - Você tem sérios problemas. Acha mesmo que eu vou me demitir? Sério?
A expressão dela fica pesada de tanto ódio.
- Eu vou ficar longe dele - falo e empurro ela de leve - Só que você não vai conseguir nada me mantendo longe dele. - a empurro outra vez até as costas dela baterem contra a parede.
- O q- O que você tá fazendo? - Ela pergunta gaguejando.
- Mexeu com a pessoa errada. Eu sou bem vingativa, sabia? Mas por enquanto você tem vantagem. Uma vantagem que é um boato, mas tudo bem, ainda é uma vantagem. - eu a puxo de volta e ajeito sua roupa, passo a mão sobre os seus cabelos. - Eu vou te tratar bem por enquanto, tá?
- Aish - ela tenta sair de perto de mim. Puxo seu braço com força e o aperto.
- Fofa, qual o seu nome, mesmo?
- NamHye.
- Ah, NamHye-shi. Entendo. - solto ela e a deixo ir embora.
Acabei de declarar guerra.

♡♤♡♤♡

- Jagiyaaa!!! - Hoseok batia na minha porta. Eu não sei como ele tinha achado meu novo apartamento. - Abre, por favor!!! Eu sei que você tá aí.
- Aaaish, que saco. - abro a porta e o deixo entrar.
- Eu fiquei pensando sobre isso tudo e continuo achando que tem alguma coisa errada.
- É? Nossa, parabéns. Acabou de descobrir que um namoro terminou porque tinha alguma coisa errada.
Ele ri.
Meu celular vibra e eu olho a mensagem, dessa vez com uma foto junto. Hoseok e eu na porta do meu apartamento, foi tirada alguns segundos atrás, então eu corro.
Saio do apartamento, olho o elevador descendo e decido descer as escadas (três andares) até o térreo. Quando saio na rua vejo uma pessoa toda vestida de preto dobrar a esquina.
- AAAAAARG! *MERDA!*
Hoseok estava atrás de mim o tempo todo. Acho que ele tinha várias perguntas sobre o que tinha acabado de acontecer.

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