Capítulo 12

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Foi fácil deletar as fotos, mas eu tinha certeza que ela tinha cópias fora essas da nuvem e do celular. Algum pen drive, alguma coisa, o que?
Encosto na maçaneta do banheiro, não abro. Ouço uma conversa.
- Mas eu não bebo dessa marca de suco. - era a voz de Hoseok.
- Era a única que tinha na loja da frente.
- Olha, eu odeio te incomodar assim, sério, mas não posso tomar essa marca. Eles maltratam os animais, sabia?
Imagino NamHye revirar os olhos. Espero um pouco e saio do banheiro. Hoseok me espera com um sorriso enorme no rosto.
- Eu mereço um beijo, né?
- De novo isso de beijo? - respondo rindo.
- Excluiu tudo?
- Uhum, mas foi tão fácil. Acho que ela tem mais cópias.
- Então - era Jooheon falando - você expulsa a staff pra vocês ficarem sozinhos.
O olhar dele me apunhalava. Ele não sabia de nada. Pra ele a escrota, a traidora, a pessoa que usa as outras sou eu.
- Exatamente - Hoseok responde. - Por que você não vai dar uma voltinha? Eu tô resolvendo assunto de gente grande aqui.
Hoseok me puxa pra um abraço de lado, o braço sobre meu ombro. O movimento me pegou de surpresa, mesmo assim eu tento me afastar, ele me puxa de novo.
Olho pro Jooheon, abro a boca querendo explicar tudo.
Quero dizer que não, não era isso que ele estava pensando, por mais que usar esse argumento fosse clichê e nada original. Droga.
- Eu já entendi. - Jooheon diz e ia passar pelo nosso lado, mas me sinto ser puxada de rompante.
Agora eu já estou na parede sendo beijada por Jooheon. Não entendo muito do que acontece a seguir. Eu estava confusa e desnorteada. Instantes depois eu vejo os dois no chão, esmurrando um ao outro.
- Parem! Droga, não façam isso! *Que droga*
Tento puxar Jooheon pela camisa, mas não tenho força, então corro até a sessão de fotos e chamo discretamente três dos meninos que correm pra ajudar.
Kihyun, Changkyun e Shownu separam os dois e eu agora vejo os danos.
Os rostos estavam tão machucados, tão vermelhos, ainda por cima sangrando...
- Rápido, coloquem os dois na van. - é Shownu quem fala - Digam que eles comeram alguma coisa no sanduíche hoje de manhã que fez mal. Jagiya
- Sim?
- Você vai com eles. Ninguém pode saber disso.
- Certo.
Pego minha bolsa e notebook rápido e vou pro carro. Entramos na van. Eu sento no meio, entre os dois, e fico evasiva quanto as perguntas do motorista.
Só no meio da viagem eu reparo que estou com um celular na mão e que não era o meu.

♡♤♡♤♡

Droga, droga, droga. Mas que grandissíssima droga. Ótimo momento pra vocês brigarem.
Agora ela vai reparar nossos movimentos e ser mais cautelosa.
Descemos no apartamento deles e eu subo até lá, o lugar onde eu costumava morar. Hoseok coloca a senha do teclado e entramos, os três.
- Tem kit de primeiros socorros?
- Tem. - surpreendentemente é a voz de Jooheon. Eu queria mantê-lo falando nesse tom que era tão semelhante ao meu Honey de antes.
- Onde?
- Pergunta pro Hoseok. - e o momento de nostalgia durou quase nada.
- No armário do banheiro do corredor, Jagiya.- Hoseok fala.
Achei sem muitos problemas, mas quando voltei a sala e vi um na poltrona e um no sofá, percebi que teria que escolher quem tratar primeiro. Outra droga.
- *Mamãe disse pra escolher esse daqui* - o dedo para em Jooheon e vou até ele, por que o que a mamãe diz tá dito. Sento na mesinha de centro, de frente pra ele.
- Fui escolhido num jogo de sorte.
- É. - respiro fundo e separo algodão, álcool, bandaid e uma pomada. Estico minha mão com o algodão molhado com água, pra limpar as feridas, mas ele recua quando encosto.
- Aish - ele reclama.
- Dói?
- Não. - ele faz biquinho e olha pra cima. Eu abro um sorriso sem querer enquanto continuo a limpar. Depois de passar pomada e de colocar dois bandaids na sua testa e bochecha, olho atentamente o seu rosto.
- O que foi? Tem mais alguma coisa?
- Não. - Eu suspiro e me afasto.
Puxo a mesinha de centro para o lado até que eu pudesse sentar nela para cuidar de Hoseok.
- É a primeira vez que você cuida de mim, Jagiya. - ele diz com um sorriso no rosto. Um pouco menos machucado que Jooheon, eu observo. - Ai! - reclama quando começo.
Depois de um tempo ele só me olha fixamente.
- Também é a primeira vez que eu brigo por você.
- Você fala muito, Hoseok. - paro de limpar as feridas e agora aplico a pomada.
Ouço a porta abrir e fechar e soube que Jooheon tinha saído. Acho que não queria escutar Hoseok flertando comigo.
- As suas mãos são tão leves. - ele pega minha mão e começa a passar o polegar na palma dela. - Será que um dia você me olha do jeito que olha pro Jooheon? - dessa vez não identifico brincadeira ou sarcasmo na voz dele. Não sei como reagir. Parte de mim queria aceitar todo o carinho dele, a outra parte me lembrava Jooheon e meus sentimentos por ele.
Tiro devagar minha mão da dele e coloco o bandaid na sua bochecha.
- Pronto. - guardo os materiais do kit e levanto para guardá-lo, Hoseok me puxa de volta e eu sento na mesa outra vez.
- Você não pode me dar uma chance? - Ele segura minha nuca e se aproxima devagar. Os lábios entreabertos tão próximos, tão perto, tão...
A porta abre outra vez e levanto para guardar o kit.
- Atrapalhei? - Jooheon pergunta - Agora que você acabou o que tinha pra fazer, por que não vai embora?
- Jooheon - Hoseok começa - você vai se arrepender tanto depois.
- Eu já estava de saida mesmo. - pego minhas coisas e saio rápido pra chorar de novo, mais uma maldita e patética vez, no meio da rua.
O coração dolorido por causa de Jooheon e acelerado por causa de Hoseok.

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