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Fernanda.

Chega o sábado e eu estou completamente entediada. Odiava ficar presa dentro de casa, queria sair, queria ir onde Nicole e Christopher não deixava nem eu colocar a cara na porta. 

Só tinha Rosana para conversar, às vezes ficava lá no térreo vendo as crianças brincando mas não adiantava, eu queria poder conversar com alguém que me entendesse, não que Rosana fosse uma má companhia, mas ela não falava coisa com coisa. Passava meus dias assistindo televisão e olhando o movimento pela sacada. Ah, me encontrei mais uma vez com Mateus, mas ele estava acompanhado e só me cumprimentou.

Christopher e eu levávamos uma relação mais amigável possível, mas ele era ignorante e se achava o dono do mundo. Sempre que ele chegava do serviço eu ia para o quarto, nós não mantínhamos muito contato, isso era ótimo. Para mim, um bom dia e boa noite estava perfeito.

Hoje era sábado e ele tinha ido pela manhã para o serviço, já ia dá uma da tarde, eu o esperava impaciente. Sim, já havia almoçado e vomitado toda a comida, mas não o esperava para almoçar. Eu queria ir até a casa de Wesley, Nicole estava lá e isso era tudo que eu precisava. A companhia dos dois.

Estou na sacada quando a porta se abre, eu dou um pulo e me viro o olhando. Dentro daquela roupa que lhe caía perfeitamente bem, com os cabelos bagunçados e um olhar brilhante. Não, Fernanda! Sem atrações por esse brutamontes.

─ Christop... ─ tento o chamar mas o mesmo me corta.

─ Agora não, Fernanda. ─ Me corta e passa reto para o seu quarto. Quanto mal humor para um só ser! 

Não tinha pressa mesmo.

Depois de uns dez minutos ele surge. Já banhado, usando uma bermuda de tecido cinza e uma regata. Ele faz seu prato, se joga no sofá e liga a televisão. Por sua expressão era perceptível que estava cansado, ele acordava muito cedo e chegava tarde, e também né, com todos esses problemas... até eu não estava dormindo direito. Só que não, o bebê sugava minhas energias mesmo sem eu fazer absolutamente nada.

─ Christopher... eu estava pensando em ir hoje na casa de Wesley sabe, Nicole está lá e eu preciso urgentemente conversar com alguém.

─ Hum... ─ ele não dá importância.

─ Nem sei porque tô pedindo, você não manda em mim mesmo ─ vou me levantando já indo me arrumar mas o mesmo me olha.

─ Quem te deu permissão pra ir? ─ larga sua comida de lado e me olha. Seus olhos esverdeados caem perfeitamente naquele rosto sério.

─ Não preciso de permissão, sou dona de mim mesma. 

─ Não é porque deixou de ser lanchinho de traficante que é dona da própria vida, você ainda mora comigo, carrega um filho meu, não pode sair pra qualquer lugar sem me avisar.

Sei que ele tenta me magoar, é seu principal objetivo esses dias. Eu finjo não ouvir.

─ Você é surdo? Eu vou e pronto.

Caminho para o quarto e vou procurando uma roupa, pego um short jeans, uma blusa soltinha e solto os cabelos.

Ele surge atrás de mim. Sua expressão está furiosa, ele era a típica pessoa que odiava ser contrariada. Eu não digo nada, continuo me arrumando sem notar sua presença ali.

─ Fernanda...

─ Christopher!

─ Você acha que manda em si mesma?

─ Acho. O que custa eu passar um tempo lá? É seu primo e minha amiga. Eu preciso disso, preciso conversar com minha amiga, respirar um pouco, sair de casa... ─ suspiro e me viro pra ele.

Um plano da vida #1Onde histórias criam vida. Descubra agora