20

46.8K 3.8K 1.5K
                                    

Christopher.

─ Mesmo sobrenome, mesmo nome do pai e mãe... eles são irmãos ─ Gustavo diz. ─ O pai de Fernanda é irmão de Carlos.

Minha cabeça gira, a história é bem mais nojenta do que eu imaginava. O tio abusando da própria sobrinha.

─ Será que ela sabe? ─ ele pergunta.

─ Não... ela acha que Carlos é um amigo do pai dela.

─ Puta merda... isso é horrível. O tio abusando da própria sobrinha, cara... pensei que já tinha visto de tudo.

Gustavo também achou uma certidão de nascimento, ele havia passado todos os dados de Fernanda pro nome dele virando o responsável legal dela como tio... e todo esse tempo ela foi enganada.

Um ódio enorme me consumiu. Um ódio que me fez tremer.

─ Eu preciso achar esse maníaco, Gustavo... preciso achar ele e dá uma boa surra.

─ Você vai contar pra ela? ─ ele guarda tudo de novo na caixinha.

─ Ela vai saber... mas não vai ser por mim. Não quero que Fernanda sofra mais do que já sofre, ela precisa de um pouco de paz, ela precisa de pelo menos um dia sem chorar e quando estiver com suas forças revigoradas ela irá saber disso ─ digo suspirando, ainda arrasado. ─ Vamos interrogar os amiguinhos desse ser, agora mais que nunca eu quero o encontrar.

O ser humano não tinha limites, pensava que já havia visto tudo, claro que no mundo de hoje tudo pode acontecer, como há casos de pais que estupram seus filhos, crianças que morrem após abuso, crianças que perdem sua inocência desde cedo vendo a mãe ser surrada pelo pai, mas é meio inacreditável quando ocorre com alguém que gostamos e convive conosco. Por isso que desde de pequeno sempre respeitei qualquer mulher que fosse, nunca fui aquele adolescente que passava a mão nas amigas de turma ou fazia piadinhas, já levei uns tapas de mamãe mas nunca pensei ou levantei a mão pra ela. Apanhava calado. Mulheres são seres essenciais, sem mulher nenhum homem vive, mulheres não são objetos, elas merecem respeito, merecem valor.

***

Enfio o canivete na mão do vaporzinho de Francisco o vendo urrar de dor.

─ Onde eles estão? ─ rodo o canivete e o mesmo agoniza.

─ Eu não sei de nada não, tio ─ grita.

─ Claro que sabe... ─ meu celular toca, é Fernanda. ─ Gustavo assume aí.

Eu, Gustavo e Guilherme estávamos tentando arrancar alguma coisa dele mas estava difícil, o moleque não abria o bico de jeito nenhum, minha paciência já estava se esgotando. Atendi meu celular rápido.

─ Oi, nanda... ─ solto o suspiro.

─ Onde você tá? Acordei e você tinha sumido, pensei que estava no banheiro com dor de barriga de novo.

─ Eu vim aqui no batalhão ao chamado do chefe, mas já estou voltando.

─ Tá fazendo o que aí?

─ Nada ─ me virei e vi Gustavo cortando o dedo do carinha enquanto Guilherme tampava a boca do mesmo. Traficantes torturam policiais... por que não podemos torturar traficantes?

─ Ei, tem como trazer chocolate e pão? Tô morrendo de vontade de comer.

─ Tem sim... não me diz que começou com esses desejos.

─ Não sei, só sei que preciso comer pão com carne moída e chocolate.

─ Vou levar, em meia hora chego aí.

Um plano da vida #1Onde histórias criam vida. Descubra agora