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Fernanda.

Hoje acordo cedo, o que é raro. Geralmente durmo até Rosana chegar, por volta das oito, das oito e meia ou nove. Ela sempre me acorda colocando as músicas estranhas dela, mas hoje, eu havia acordado por mim mesma, ou melhor, o bebê havia me acordado.

Estava usando uma calça flanela bem folgada e uma camisa com vários ursinhos estampados. Meu gosto para pijamas era exótico.

Calcei minha chinela e fui coçando o olho até o banheiro, minha bexiga parece que ia explodir só de cheia. Eu estava tomando bastante água e chá ultimamente, dona Maria me enchia de chá e Rosana não ficava atrás. Dona Maria inclusive mudou a posição do bebê na minha barriga, ela sabia fazer essas coisas.

Depois de escovar os dentes e lavar meu rosto eu fui até a sala, era seis da manhã, não demorava muito e Christopher estaria de pé. Caminhei até a sacada e abri as portas de vidro dando entrada para o ar gélido. O dia já havia amanhecido e o movimento já crescia lá embaixo.

Liguei a televisão, peguei um cobertor e me deitei no sofá assistindo televisão, passava desenho. Não tinha nada melhor que assistir desenho de manhã cedo, ainda mais no friozinho que fazia. Fiquei um tempo ali e acho que até cochilei. Só despertei mesmo porque Christopher sentou na poltrona e mudou o canal que eu ''assistia''.

─ Eu estava assistindo ─ protestei enquanto bocejava.

─ Ah, com certeza... estava mais babando que assistindo.

Eu me levanto e sento no sofá me espreguiçando, o pego me observando, ele ri e balança a cabeça. Fico sem entender mas não digo nada, Christopher era de veneta. Tinha hora que ele estava um amor e tinha hora que estava azedo que nem eu.

─ Já acordou faz tempo? ─ ele quis saber. ─ Ou melhor... já veio para o sofá faz tempo?

─ Uhum, eu e esse sofá temos uma relação.

─ Ah, verdade ─ ele se levanta. Estava dentro de uma calça jeans folgada e com uma camisa também folgada.

─ Já vai pro serviço?

─ Uhum, mas venho para o almoço. Vou fazer café da manhã, você quer?

─ Quero sim.

Me levanto e vou espiar ele enquanto o mesmo coloca dois ovos no frigideira, pega pão, manteiga, requeijão e coloca o café na cafeteira. Christopher sabia cozinhar, ou melhor, se virar. Durante todo esse tempo ele sempre procurou se virar quando Rosana não estava, mesmo que fosse no Google ler as receitas.

Fico o observando cozinhar e em como ele ficava aéreo enquanto estava ágil na cozinha. Tinha curiosidade de saber com quem ele havia aprendido... Uma namorada antiga? Será que Christopher já havia namorado na vida? Com o humor que tem acho meio impossível.

Ele termina de preparar o café da manhã e eu o ajudo a pôr a mesa. Nós nos sentamos e só assim pude saciar minha fome e daquele bebezinho guloso. E como sempre, Christopher mal tinha começado e eu já havia comido tudo. Eu não era assim, fui transformada.

Christopher foi se arrumar para o trabalho e eu lavei as louças, se Rosana estivesse aqui não deixaria nem eu tocar naquelas louças.

Depois que terminei voltei para o meu bendito sofá onde me sentei tentando ainda despertar. Christopher logo chegou com sua farda, ah, ele ficava lindo vestido daquele jeito. A bota preta, a calça militar, a jaqueta de mangas cumpridas, a boina caída...

─ Nanda, ajeita aqui... ─ ele me chama de forma carinhosa, coisa que era difícil. Ele queria que eu fechasse os botões da jaqueta bem em cima. Me levantei solícita e fui o ajudar. Eu perto dele era tão pequena, ele me intimidava de uma forma imensa usando aquela farda. Fechei com delicadeza os botões e deixei dois abertos revelando um pouco do seu busto, ele passava as mãos pelo cabelo de um jeito harmônico.

Um plano da vida #1Onde histórias criam vida. Descubra agora