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Fernanda.

Ando de um lado para o outro totalmente preocupada, já é quase cinco da tarde e nada de Christopher me ligar.

─ Mermã, aquieta esse cu bem aí no sofá, tá com formiga é? Tô tonta já ─ Rosa reclama com a mão na cabeça, eu acabo rindo, mas de nervoso.

─ Ele ainda não ligou...

─ Ele tá ocupado, óbvio que não vai ligar agora.

─ E se algo aconteceu? ─ paro e a olho, sinto o bebê mexer, passo a mão na barriga. Quando eu fico nervosa ele sempre mexe, eu também sentia umas dores no pé da barriga, mas nada muito forte.

─ Te senta aqui, Fernanda... pelo amor de Deus ─ diz já sem paciência e eu me rendo. Ligo a televisão e está passando a notícia sobre a invasão em todos os canais.

Foram mais de cinco horas de pacificação do complexo do Vidigal, muitos traficantes foram presos e muitos materiais ilegais apreendidos. Até agora há cerca de dez mortos e alguns soldados do BOPE feridos. Nenhum morador foi morto ou ferido, Francisco Chagas continua foragido... logo voltamos com mais informações.

Havia muitas viaturas e ambulâncias por ali, daqui dava para escutar os helicópteros que sobrevoavam a favela. Eu estava muito nervosa, pelo o que vi no noticiário, Carlos e Francisco estavam foragidos. Christopher ainda não havia me dado qualquer notícia e a possibilidade dele estar ferido me agoniava. Fiquei assistindo o noticiário e tentando ligar pra ele... só chamava.

─ Fernanda, deixa Christopher trabalhar, não adianta ficar enchendo o saco dele.

─ Eu só estou preocupada.

─ Ele sabe se cuidar, vamos esperar.

Fiquei nervosa e decidi logo comer um pouco, comi um pedaço de bolo, dois sanduíches e quase todo o pote de sorvete. Falei com Nicole que estava fora da favela pra saber como estava tudo por ali mas ela não soube me dá informações, ela estava com a mãe na casa da tia.

Deu seis horas e nada. Rosana me chamou para fazermos o jantar com o intuito de vê se minha mente esfriava e acabou que deu um pouco certo. Fizemos carne de forno com bastante batata, eu fiz um arroz branquinho, salada e feijão preto. Christopher deveria está morrendo de fome.

Só lá pelas sete horas que a porta foi aberta e Christopher surgiu com o braço ao redor do ombro de Gustavo. Não me contive quando o vi e tive que o abraçar forte.

─ Chris! ─ estava tão preocupada.

─ Aí, acho que você abriu um ponto ─ ele fez uma careta de dor e eu me afastei.

─ Christopher levou uma facada mas está bem, levou cinco pontos e vai ter que ficar uma semana em casa.

─ Uma facada? ─ perguntei assustada.

─ Foi tirar o colete pra dá uma de herói e levou uma facada, esse bitch ─ Gustavo sentou Christopher no sofá e ergueu a camisa do mesmo onde estava um curativo enorme do lado direito.

─ Você é uma puta fofoqueira ─ Christopher rola os olhos.

─ E você um homem de ferro só quem sem ser de ferro, gostosinho ─ beija o ombro. ─ Nanda, dá dicoflenaco pra ele e não deixa por nada ele fazer força, sabemos como ele é teimoso.

Christopher já ia se levantando mas Rosana o sentou de volta, ele era muito teimoso, ia ter dor de cabeça com ele. O bom era que Rosana sabia colocar ele na linha.

─ Eu tenho que ir pro batalhão ─ ele tenta se levantar de novo.

─ Tu quer levar umas palmadas nessa bunda branca? ─ Rosana ameaça.

Um plano da vida #1Onde histórias criam vida. Descubra agora