Tentação

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Point Of View Justin Bieber

Ouvi o barulho da porta sendo aberta, e logo depois o barulho dela sendo fechado. Não levantei meu olhar, apenas continuei lendo os contratos, que eram muitos. Depois da porta ser fechada, não ouvi nada, então, levantei meu olhar e suspirei vendo Charles sentado á minha frente. Joguei os contratos de volta na mesa, e encostei meu corpo na cadeira de couro, relaxando um pouco, antes e tornar a trabalhar.

— Justin, você tem que voltar pra casa. — tornou a dizer, o que sempre me dizia quando vinha aqui.

Levei meu olhar para o lado, tendo a visão da janela de vidro, que ia do teto ao chão. Do lado de fora, dava pra ver que chovia e, muito. Mas, meu único pensamento era: ter que voltar pra casa. Eu não queria, tinha muitos contratos para ler, e além do mais, eu era o dono da empresa. Antes de tudo, era eu que tinha que ler para chegar nas mãos de outras pessoas da empresa. Eu me preocupava, de fato. Agora que a empresa ganhou tal reconhecimento, os lucros subiram, todos queriam fazer um contrato novo; dia após dia. No começo era bom, magnífico, até que ficou cansativo isso. Era só assinar e assinar o dia todo. Minhas costas doem, meu corpo clama pela minha cama. Porém, eu tinha que terminar antes deles vencerem, claro, eu tinha meses para assinar... Era muitos contratos.

No entanto, Ryan e Christian pediram férias, eu os dei. Então, todo o trabalho deles vieram parar em minha mesa. Tudo que era para eles assinarem, era eu que assinava, por conta das férias de ambos. E eu não poderia chamá-los logo agora que eles acabaram de entrar de férias, na verdade, eles entraram três meses atrás. Seria loucura tirar férias da própria empresa? Claro, que eu nunca conseguiria isso. O trabalho me chama, então qualquer coisa, estou aqui... Por isso de não querer ir para casa. Vejo como Chaz chama a minha atenção, ele só quer o meu bem. E quero o bem da empresa. O grande fato, era que, como Chaz mesmo disse: "A fama te cegou, você largou sua mulher e filhos, só por reconhecimento". Sim, mudei e, muito. E eu não acho que a fama tenha me cegado, até porque ligo sim para meus filhos e Lorena.

Além do mais, agora eu tinha um filho vindo ao mundo. E ao menos sei se era menino ou menina, não sei de quantos meses ela estava.... Nada. Eu não sei de nada, então sim! Larguei ela pelo trabalho. Juro que não queria, mas era para o bem de todos. Só queria dar um futuro melhor para ambos.

Voltei meu olhar para meu amigo, que me olhava atento. Soltei um suspiro de frustração.

— Eu sei, mas eu tenho muitos contratos para assinar. — falei, pegando os papéis.

Chaz riu alto, olhei para frente vendo ele me olhando.

— Meu amigo, você tem uma mulher grávida... De um filho seu! — alternei meu olhar entre ele e a janela. — Grávida. Tem noção disso? Ela é mãe de primeira viagem, não sabe nada sobre ter filhos. Já você, sabe como e ter. Você ao menos sabe de quantos meses ela está?

Neguei levemente a cabeça, passo a mão sobre meu rosto cansado.

— Agora pensa: ela está grávida, cuidando dos seus filhos, tendo que fazer tudo sozinha dentro de casa. E você tá aí, lendo e relendo contratos. Você tá perdendo o desenvolvimento do seu filho. — falou. — Ontem eu fui até a sua casa... — riu. — A Blair tá diferente. — franzo o cenho. — Ela não sai mais do quarto. Bryan tenta esconder o quanto sente saudade do pai. E cara tá na cara que a Lorena já está cansada de fazer tudo sozinha, e grávida ainda. Torno a dizer: salvar seu relacionamento enquanto pode. Porque quando ela não te quiser mais, você vai estar perdido...

— Ela me ama, ela não seria capaz de me deixar, e ainda grávida. — falei, mesmo tendo uma pontada de incerteza. — Ela não faria isso, certo...? — o olhei, apenas vendo ela dar de ombros.

— Mesmo você já ter feito isso, quando Bryan e Blair nasceram.... E olha que eles não tiveram mãe. E agora você tá tendo a oportunidade de ver tudo isso, e de perto. — não sabia o que dizer. — Olha, por mim eu já teria uma mulher e filha. Mas, não, como eu não tenho posso ficar dias fora de casa. Já você não, você tem tudo isso e muito mais, e quanto mais você ficar aqui, mas você vai perder eles.

Eu não queria que isso acontecesse.

— E sou seu amigo de anos. Eu vi você passar por tudo: mulher grávida, você sempre brigava com a sua mãe, filhos, brigas, perdeu a mulher, discussões fora do limite, hospital de madrugada. Justin, você pode ter tudo isso, mas agora você tem a Lorena, mãe de um filho seu. — disse, tudo o que ele estava dizendo era verdade; já passei de tudo. — Agora pensa: você ainda quer perder tudo isso em assinar contratos? Pensa nisso. — após dizer, saiu da sala, batendo a porta.

Não. Eu não queria. Olhei para os contratos, passei meus olhos pelas datas do vencimento: daqui a um ano. Eu tinha tempo, se assinava ou não. O que eu estava fazendo aqui? Eu só queria um tempo com a minha mulher e filhos.

É melhor ficar e assinar tudo isso. — Disse, meu subconsciente.

Olhei as horas, meia-noite e vinte. Voltava apenas sete contratos... Dava tempo de assinar tudo hoje. Reli um contrato, e assino, e foi assim por diante. Reler e assinar. Reler e assinar. Não quero perder minha família. Não quero perder a mulher que custei para ter. Mesmo que Lorena seja apenas minha namorada, eu já a trato como minha mulher. Minha esposa. Isso soa tão bem. E pensar que ela poderia não ter aceito ter esse relacionamento louco comigo. Não ter mais ninguém aqui — apenas Kate — como uma família, me fez ter a plena certeza que ela seria a mãe para os meus filhos. Isso pode soar meio ridículo, mas já pensei em trair ela. Sim, trair. Eu só pensei, pois, não consegui, não poderia fazer isso com ela. Eu a amava.

Na noite em que pensava a trair, Chaz estava comigo. Fomos em uma balada, ela estava fervendo como fogo. Eu já me encontrava bêbado, entornando tudo. E acabei por quase, quase a trair. E na mesma hora que a garota foi tentar me beijar, virei meu rosto e Charles me levou embora, percebendo meu estado. Da balada fui direto para sua casa, já que eu podia chegar assim em casa. Me senti um lixo quando soube que estava a ponto de atrair. Me sentiria ainda mais se a traísse. A mulher que eu amava iria ser traída e por mim. Por mais que isso pode ser normal para casais que tenha problemas no relacionamento... O problema era que eu não tinha um problema tão ruim para a trair, decerto ponto.

Percebi que já tinha assinado todos os contratos que estava na minha mesa. Olhei para o relógio da mesa, e era exatamente três e quarenta. Coloquei os contratos na maleta, e arrumei tudo no escritório. Após terminar de ajeitar tudo aqui, me retirei da sala. Andei até o elevador e apertei para a garagem. Só se encontrava eu na empresa, e alguns homens que sempre entravam a essa hora na empresa. Afrouxei a gravata, e a porta metálica se abriu, passei o olhar em volta, podendo assim ter a visão de meu carro. Andei até ele, e entrei no mesmo.

Como a casa não era tão distante assim, estacionei meu carro no jardim mesmo, sai do carro pegando minha maleta. Entrei em casa, tendo ela com um silêncio enorme. Subi silenciosamente, e cheguei em frente ao meu quarto. Respirei fundo. Soltei o ar. Abri a porta, e logo entrei a fechando. A luz da lua ia direto para o rosto de Lorena, que dormia tranquilamente. Deixei a maleta sobre uma cômoda, e tirei meus sapatos os deixando ao lado da cama, tiro minha roupa e vou ao banheiro; tomo um banho rápido, porém, relaxante o bastante. Me sequei, vesti minha cueca, peguei as roupas que se encontravam no chão e as coloquei no cesto de roupas.

Desliguei a luz. Voltei para o quarto calmamente, deitei-me bem devagar ao lado dela. Selo sua testa demoradamente. Eu sentia saudade dela.

— Amor? — se preparou para se levantar, mas não deixei e abracei, ela fez questão de pôr sua perna e braço sobre meu corpo o prendendo a ela.

— Continua a dormir. — dou um beijo em sua bochecha, logo acariciando a mesma. — Eu te amo tanto... — suspirei, e recebi um resmungo de volta, e ela já voltou a dormir.

"A tentação de trair pode ser grande. Se tente a tentação; ela pode ser sua maior burrada, e perda de tudo."

A Babá 2Onde histórias criam vida. Descubra agora