Capítulo 11

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Scott

- Gente... Vocês viram aquilo? Ela saiu divando, e aquele cabelo, aquela roupa... Ela tava...

- Sexy...- O Avi falou um pouco desacreditado.

- Até de mais. - O Jeremy falou. Eu pigarriei, e olhei pra ele tipo " ce ta sobrando migo " - É... Eu tenho que ir. 

- Tchau querido. - Eu disse 

- Delicadeza não é seu forte - O Kevin falou dando uma risadinha aguda. - Enfim... A gente vai ainda?

- Ah, não to afim - O Avi falou. 

- Você não ta afim? Jura? 

- Não to, eu já não tava antes, eu estou cansado. 

- Também... A noite foi longa. - O Kevin falou.

- Candace? - Eu perguntei.

- Tori. - O Kevin respondeu 

- Tori? Tori... Kelly?

- A própria. - Kevin disse 

- Mas e a Candace?

- A Candace? Ta bem, falei com ela hoje depois que acordei. - Avi respondeu colocando as mãos no bolso.

- Mas vocês não estão juntos? - Eu estava um pouco confuso com a situação, não vou mentir, não conseguiria fazer isso com tanta naturalidade.

- Não. Veja bem jovem... Nós... Não somos NAMORADOS, não somos um do outro... Embora eu gostaria disso.

- Você... O que? - O Kevin parecia não acreditar no que ouviu. - Repete.

- AAAAAaaaai ele ta apaixonado gente. 

- Calados insolentes. 

- Mas a gente vai ou não vai? - Eu perguntei meio impaciente - A gente já ta aqui, todo mundo arrumado, de banho tomado... Sério que vocês preferem ir pra casa?

- Ta bom vai, vamos. - O Avi respondeu - Eu espero que tenha comida.

- Comida, comida... Sua vida gira em torno de comida - Eu respondi enquanto andávamos em direção a festa.

- Ué, eu vou comer mesmo... Boca foi feita pra cumê. E eu gasto muitas calorias.

- Não precisa dizer como. - O Kevin falou colocando as mãos no ouvido.

Eu estava bem animado com a noite dos meninos, fazia tempo que a gente não saía junto, mas pra ser sincero eu estava um pouco apreensivo, afinal de contas a gente nunca saía de boa, sempre acontecia alguma coisa, sempre dava barraco, e pra falar a verdade eu não estava muito afim disso, eu só queria curtir. 

Eu estava bem triste com o Kirk, ele não me respondia com tanta frequência, e não me ligava mais, se eu queria falar com ele, eu tinha que ir até ele. Da ultima vez que nos vimos, ele recebeu um ligação misteriosa e o rolê simplesmente acabou, ele me levou em casa, e foi isso. Eu estava bem desconfiado, mas hoje... Eu não queria pensar nisso, eu só queria beber e me divertir.

A gente chegou na fraternidade e a festa estava bombando, entramos e fomos em direção ao balcão onde estavam as bebidas, o Avi pegou uma cerveja, o Kevin ficou no refri mesmo, como sempre, mas eu queria algo mais forte, eu queria ferver, peguei um drink, doce, sabe o que dizem sobre os drinks doce, eles sobem rápido que a gente nem vê. O Avi foi dar um giro, o Kevin estava numa boa, era a primeira vez que eu não via ele com o celular na mão desde que a Session passou, parecia que estava tudo em ordem. 

- Nossa, você aqui, que bom te ver. 

- Oi Zach, tudo bem? 

Zach era um colega da classe de harmônica, o mais inteligente da sala, e o mais bonito também, mas ele era muito na dele sabe? Ninguém nunca via ele por ai fazendo besteira, nem expondo a vida dele, além de ser o único que conseguia falar comigo sem olhar pra cima. Ele era alto, cabelos castanhos claros, barba por fazer, olhos castanhos, sorriso timido, enfim... Um sonho, e era muito simpático também.

A gente acabou passando uma boa parte da festa juntos, e como o Kevin e o Avi já estavam se divertindo bastante eu decidi que não tinha nada ir dar uma volta com ele. Era mais ou menos umas 3 e meia da manhã quando a gente começou a andar pelas praças do campus, ele era tão inteligente que as vezes não conseguia acompanhar o raciocínio dele sobre a vida, ele era daqueles que gosta de filosofar sabe?

- Mas o que você acha? As coisas são tão passageiras, nós mesmos estamos no mundo por um período, e o que queremos deixar pras pessoas que vão vir depois? Qual é o nosso legado? Qual é o seu papel? - Ele dizia inspirado.

- Meu papel? De trouxa né? - Eu respondi e ri sem graça.

- Como assim? Por que está falando isso?

- Nada. Foi... Um modo de dizer.

- Hm... - Ele me olhou um pouco desconfiado e parou de falar com um segundo.

- As vezes a gente faz mais esforço do que deveria por alguém que não quer corresponder aos seus impulsos. - Ele continuou olhando pra frente, absorvendo o que eu estava falando - A gente insiste em esperarmos por coisas que provavelmente não vão acontecer, coisas que não vão dar certo. 

- E pra que insistir em algo que você sabe que não vai dar certo?

- Acho que... Esperança. - Eu respondi cruzando os braços enquanto a gente andava.

- Sabe... Se for pra dar murro em ponta de faca, que seja de soco inglês. 

- Nossa, que agressivo. - Eu disse e ri, mas fez muito sentido pra mim.

- As vezes, a gente tem que parar de insistir no que não vai dar certo, abrir os olhos e ver as milhões de oportunidades de coisas diferentes que estão na nossa frente, ou a nossa volta...

- Mas as vezes, a gente não quer largar o osso. 

- Mas as vezes Scott... - Ele fez eu olhar pra ele nessa hora - As vezes têm ossos muito maiores e mais frescos pra gente pegar. Mas eu não gosto dessa comparação com animais.

- Eu sei... Você está certo. Por isso eu disse que eu faço papel de trouxa. 

- Não tem nada de errado em amar alguém. Mas tem de errado se prender a uma pessoa que não te corresponde. - Viado... Como ele sabia que eu tava falando de alguém? Lógico, só podia ser de alguém... Eu não estaria falando de um carro desse jeito. - Tem tanto a se experimentar.

- Tem? - Eu falei num tom meio incrédulo.

- Sim. Mas... Bom, a gente acabou andando até a porta do meu alojamento, eu... Acho que vou entrar. Tudo bem? 

- Tudo, obrigado por me escutar, eu estava precisando disso. Obrigado pelo tempo. - Eu falei abraçando ele.

- Tudo bem, tranquilo. Você... Pode falar comigo, se estiver precisando. 

- Obrigado.

Ficou um silencio constrangedor, ele sorriu e colocou a mão na nuca me olhando e soltou um " Então... Boa noite ", eu sorri e acenei com a cabeça começando a fazer o caminho de volta pra festa, de repente, Zach segurou no meu braço e puxou me dando um selinho. Meu coração parecia que ia sair pela boca, me deu uma queimação louca no estomago, parecia que eu tinha comido um quilo de pimentão, a bebida tava na minha garganta, mas eu não consegui me afastar. Ele lentamente se afastou dando outros pequenos selinhos em mim e sussurrou " Tem tanto pra se experimentar ". E... FOI... EMBORA.

Eu nem sabia que ele era gay.

A Capella Academy IIOnde histórias criam vida. Descubra agora