Sentado a beira mar, logo nas primeiras horas da manhã, quando a luz do sol é ainda tímida, fiquei a observar o movimento das ondas e das marés, no meu rosto sopra uma brisa suave, no pensamento uma única certeza, a de que hoje, vai ser mais um dia de monotonia. Passei então a refletir no amor, afinal, o que é o amor, senão esse sentimento confuso, que nos domina e nos aprisiona, pensamos que temos controle sobre o amor, mas a grande verdade, é a de que somos seus escravos, presos em seus poderosos domínios, acorrentados em seu calabouço.
O amor é essa coisa louca, muitos tentaram defini-lo, mas não há definição para ele, muitos tentaram fugir dele, mas não tem como fugir, o amor é senhor de si mesmo, fazendo de nós meros fantoches nas suas mãos, não é nós quem o escolhemos é ele que nos escolhe, ele brinca com os nossos sentimentos, nos faz amar as impossibilidades, só para nos ver sofrer, e aflitos choramos e clamamos por ele. O amor é assim, sempre foi e sempre será, fugir dele é besteira, arranjar um novo amor para curar um velho amor, também é besteira, eu sou prova disso, eu que tanto amei, ou melhor, que tanto amo. Ontem eu fui até a casa das Tulipas, e adivinhe, para minha surpresa, quase infartei, chegando lá, como de costume, fui até a varanda colocar água nas flores, belas flores, peguei um balde e comecei a jogar água, primeiro nas Tulipas, depois nas rosas, lá estava eu, tranquilo, assobiando e cantarolando, quando de repente fui surpreendido por uma voz feminina, voz meiga, suave, que me disse em tom forte:
- O que você está fazendo aqui, quem é você, olha eu estou armada?
Eu está de costas e abaixado, levantei lentamente, me virei, e para minha surpresa, era ela, o meu anjo ledo, o grande amor da minha vida, bem ali diante dos meus olhos, a minha vontade era de abraça - lá ali mesmo, de cobri-la de beijos, mas eu não poderia, ela talvez nem fosse se lembrar mais de mim, então apenas respondi sua pergunta.
- Calma moça, tudo bem, eu moro próximo daqui, a beira da praia, eu não quero te fazer nada, é que achei por um acaso essa casa, e vendo essas flores tão bonitas, passo aqui todos os dias para cuidar delas, desculpe se te assustei moça, é você que mora aqui?
Ela me olhou fixamente, como se estivesse tentando se lembrar de algo.
- Na verdade não, eu não sou daqui, sou italiana, mas comprei uma casa na costa, e essa aqui também, venho aqui nas férias, eu nunca te vi aqui antes senhor, mas o seu rosto me parece familiar, de onde será que te conheço.
- Na verdade… Eu também sou italiano, meu nome é Giovanni Marconi, sou poeta, comprei a casa lá perto da praia, tem um pouco mais de um mês, mas você, eu me lembro bem de você, Safira é seu nome se não falha minha memória, não é mesmo, nós conhecemos a alguns anos atrás, em um bar lá na Itália.
- Um bar… Na Itália… Peraí… Ah tá... Agora estou me lembrando, vagamente, bebi muito naquele dia, era um bar bem movimentado, você chegou logo depois, mais que mundo pequeno, te encontrar aqui, seremos vizinhos, foi bom te reencontrar Giovanni.
- Certamente que sim, foi muito bom.
- Volte quando quiser, você será bem vindo.
- Obrigado Safira, muito obrigado.
Meu sorriso cortou a face de um lado a outro, agora era só ter paciência, afinal, ela se lembrava de mim, isso era um bom sinal.* * * *
Encantadora, magnífica, exuberante; ela é assim… Uma mulher excepcional, dona de um olhar que com palavras não é possível descrever, ainda que eu fosse um poeta, nem assim seria possível mensurar com palavras toda sua beleza.
Encantadora, magnífica, exuberante; ela é assim… Simplesmente maravilhosa demais aos olhos, enfeitiça o coração, enlouquece a alma, eu já não sei o que faço da minha vida, estou perdidamente apaixonado por ela.
Encantadora, magnífica, exuberante; ela é assim… Anjo ledo que veio do céu para me deixar louco, sem forças, sem palavras, sem reação, meu coração é inteiramente para a minha amada e o coração da minha amada é inteira para mim.
Deusa da beleza, o teu olhar seduz até o mais alto do monte Olimpo, não há mortal que não se encante por sua grandiosa beleza de anjo ledo.
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DIÁRIO DA SOLIDÃO.
RomanceEste livro é a relato da vida do poeta Giovanni Marconi, exilado em uma ilha nas proximidades da costa Catarinense, o poeta escreveu em um diário dia após dia, a sua vida, lembranças, e fatos referente a ilha, nada se sabe a respeito da vida do poet...