******Narrador******
O clima de dor estava espalhado por todo um país. Camille era conhecida e amada por muitos, apesar de odiada por alguns.
Todos estavam aparentemente bem, exceto Arthur e Maria, que haviam se retirado do velório para o antigo escritório de Camille.
- Esse era o cômodo favorito dela. - disse Arthur enquanto passava os dedos pela mesa de madeira.
- Não é ela. - Maria disse inesperadamente.
- Como? - disse Arthur confuso.
- Aquele corpo no caixão, não é ela. - disse mais uma vez, fixando o olhar num ponto vazio além da grande janela do escritório.
- Maria, eu sei que é difícil, eu também não consigo acreditar. Mas nós precisamos ser fortes e...
- Eu já disse que não é ela. - dessa vez ela olhou para Arthur, os olhos azuis inchados de tanto chorar - eu vi aquela menina crescer, eu a reconheceria mesmo que estivesse irreconhecível, o que é o caso. Não sei quem quer nos enganar, mas aquela no caixão não é a Camille.
Arthur parou um instante e pensou no que Maria falou. Isso poderia ser verdade, ou apenas uma maneira de fugir da verdade. Mesmo assim uma fagulha de esperança surgiu em seu coração.
Ricardo entrou no escritório e se sentou num pequeno sofá que havia ao lado da porta.
- Sabe, - ele começou - desde que eu conheci Camille, nós criamos uma ligação linda, daquelas que só melhores amigos têm. Eu sempre sentia meu peito aquecer na presença dela, mesmo que estivéssemos no pior momento, vivendo a pior merda possível. Mesmo quando eu a achava insuportável ou quando brigávamos, eu sempre senti isso no meu coração. E agora eu não sinto. Quando soube da notícia quase morri junto. Mas quando olhei para aquele caixão, quando me aproximei... nada. É como se ela não estivesse ali. Eu posso vê-la, mas sinto que não é ela. Isso faz algum sentido pra vocês?
Ele perguntou olhando com expectativa para Maria e Arthur.
- Eu acabei de falar sobre isso com Arthur, aquela no caixão não é a minha menina.
- Deus, eu estou tão confuso. - disse Arthur passando uma mão pelos cabelos com certa brutalidade e repousando a outra em sua cintura.
- Nós precisamos investigar isso. Eu não acredito que ela se entregaria dessa maneira. Ela é esperta demais pra isso.
- Eu concordo com você Rick! - disse Maria - E nós vamos investigar isso agora.
- Maria, não podemos sair daqui. Não agora, durante o velório.
- Arthur, essa mulher que está no caixão será velada pela família dela, Camille não, porque ela está viva. Vamos atrás dela. Não sei por onde vamos começar, quem vamos procurar, mas nós vamos.
******Emma******
Então quer dizer que a vadia está morta? Isso é música para os meus ouvidos.
Peter e eu fomos ao velório apenas por cortesia, já que não nos importamos nem um pouco com sua perda.
Mas Humberto, eu senti a morte dele. Não porque o amava, mas ele era uma boa companhia. E também, porque agora carrego em mim um monstrinho dele.
Vou estragar meu corpo, acabar com minha beleza, apenas para parir essa coisa. O bom é que essa criança vai me garantir a herança do maldito.
O que está me alegrando mesmo, é saber que Camille morreu e que Arthur está sofrendo. Ele merece todo esse sofrimento.
Entramos na mansão Fairchild e demos de cara com o caixão. Estava parcialmente lacrado, ainda era possível ver o corpo, caso você estivesse perto.
Deixei Peter sozinho e fui procurar por Arthur. Haviam muitas pessoas ali, no fundo a vadia era amada. Que comovente!
O encontrei saindo sozinho de um escritório e fui atrás dele, se eu quisesse ter direito a herança de Humberto, precisava assinar o divórcio o quanto antes.
- Arthur, eu posso conversar com você? Só um minuto, prometo. - disse fingindo
- Emma, eu não tenho tempo para suas bobagens. - ele me disse enquanto passava as mãos nos cabelos, tentando se controlar.
- É sobre o nosso divórcio. Eu vou assinar.
- Como é? - ele perguntou me olhando incrédulo.
- É isso que você ouviu. Eu preciso assinar o divórcio, o quanto antes melhor.
- Pode ser amanhã? Hoje eu não estou com cabeça para isso.
- Claro que sim, eu entendo. E sinto muito por sua perda. - ele me olhou desconfiado e eu continuei - É realmente difícil perder alguém que amamos tanto. Conte com meu apoio se precisar.
- É.. obrigado, eu acho. Me ligue, nos encontramos amanhã.
- Certo, obrigada Arthur. - disse, porém, ele virou as costas antes que eu terminasse a frase. - Miserável.
Voltei para perto de Peter que estava tão ou mais triste que eu.
- Meu amor, vamos embora. Não gosto desse clima de tristeza.
- Claro querida, vamos. Estava apenas esperando você.
Seguimos de volta para casa, como se estivéssemos saindo de um maravilhoso passeio e afinal, estávamos mesmo.
A vadia está morta, eu ganhei. Finalmente.
________
Demorei, mas cheguei. Espero que vocês não queriam mais me matar Kkkk' vos amo!
Até a próxima!!
Bjs da Nah!!
x
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Blank Space [Projeto 1989]
ChickLitCamille Fairchild é uma empresária do ramo da moda. É a nova versão de Miranda Priestley (O diabo veste Prada). Muito exigente no trabalho (desde o funcionário da limpeza até o vice presidente). Ela é nova, tem apenas 23 anos e já herdou um grande i...