Capítulo 27

131 8 9
                                    

******Camille******

Minha cabeça doía terrivelmente. Minhas vias respiratórias queimavam como se ácido puro estivesse circulando por ali em vez de oxigênio.

Eu havia corrido desesperadamente pela floresta, não fazia ideia de onde estava, porém sabia que não era tão longe da cidade.

Tropecei e caí inúmeras vezes e isso me rendeu ferimentos por todo o corpo e eles doíam, doíam como o inferno.

Me sentei embaixo de uma grande árvore para respirar e colocar os pensamentos no lugar.

Penélope havia me ajudado a fugir e não consegui convencê-la a desistir de sua ideia suicida.

Eu estava tremendo, havia atirado em Humberto. Ele estava morto. Eu o matei. Eu destruí quem tentou me destruir.

Estava procurando uma saída pelos imensos corredores escuros e cheios de fumaça, quando uma mulher gritou meu nome.

- Camille, espere. - conforme se aproximava de mim, eu pude notar sua semelhança comigo. Aparência, altura e até mesmo os olhos eram iguais.

- Não temos tempo para esperar, vamos embora. - disse nervosa, o medo de morrer queimada invadia minha mente a cada passo que eu dava.

- Eu sei como sair daqui, eu posso te ajudar se você me ajudar.

- Quem é você? - perguntei analisando sua expressão, que tentava em vão esconder o ódio por algo ou alguém, provavelmente o maldito.

- Sou Penélope, eu fui estuprada várias vezes pelo Humberto e eu quero me vingar. Vigiei ele todos esses anos e segui ele até aqui. Ele ainda está vivo, não é?

- Olha, eu sinto muito que você tenha passado por isso. Eu quase passei e mesmo assim ele conseguiu ferrar com meu psicológico. Ele deve estar morto uma hora dessas, se Deus ajudar e o diabo não atrapalhar mandando ele de volta.

- De qualquer maneira, só de vê-lo morto estarei vingada.

- Mas do que você precisa?

- Quero que você troque de roupa comigo. Eu não tenho ninguém para sentir minha falta, pelo menos uma vez em minha existência eu quero ser amada.

- Você é louca. Eu vou embora daqui de um jeito ou de outro. - disse antes de me virar e ela sacar uma arma.

- Você vai me dar sua roupa e vai vestir a minha, se não, vamos morrer os três nessa porra de galpão. Me entendeu vadia?

Pensei por um tempo, eu já tinha matado um, matar dois não faria diferença. Mas mais um cadáver não iria me tirar dali, então aceitei de bom grado fazer o que ela mandou.

Assim que trocamos de roupa, ela me indicou uma porta.

- Essa é a saída, sua liberdade.

- Mas e você? Vai morrer por causa de um maníaco sadomasoquista?

- Eu não vou morrer por ele. Eu simplesmente quero morrer. Minha vida deixou de valer qualquer coisa desde o dia em que ele me tocou com aquelas mãos nojentas.

- Você não pode desistir, eu posso ajudar.

Quando disse isso, um taco de madeira pegando fogo caiu entre nós. O galpão estava sendo tomado pelas chamas.

- Vá Camille! Vá e seja feliz como eu nunca fui.

Disse e me virou as costas, antes que eu pudesse dizer alguma coisa. Tentei ir atrás dela, mas minha covardia me impediu.

Então eu corri para fora do galpão e vim parar aqui. A essa hora, todos devem estar me procurando. Logo eles vão me encontrar.

Tive um acesso de tosse e cuspi um pouco de sangue. Tudo em mim doía, tanto pelas quedas, quanto pelas pancadas que levei de Humberto.

Eu o matei. Eu matei Humberto e deixei Penélope morrer.

Passei as mãos por entre os cabelos, irritada comigo mesma. Eu sabia que ele merecia morrer, mas eu não tinha direito de tirar a vida dele. Eu me sentia suja além do físico.

E me sentia ainda mais culpada por ter deixado Penélope para trás.

Eu fui covarde. Mais covarde do que eu fui em toda a minha vida. Eu era Camille Fairchild, eu tinha coragem no sangue e no momento em que mais precisei, eu fugi. Fugi como um rato de rua foge de um gato astuto.

E com esse pensamento nublando minha mente, achei ter tido um vislumbre do tio Fernando, falecido marido do meu anjinho. Acompanhando eles, estavam meus pais, eu quase podia tocá-los. Deixei de sentir a dor que estava sentindo, minhas vistas se escureceram e aos poucos uma sensação de leveza inundou meu corpo.

Então a morte era assim...

________

Demorei mas cheguei..

Pessoal, me perdoem pela demora nas atualizações.. tô passando por alguns problemas e tô mais dedicada ao meu outro livro (de poemas). Falando nele, dêem uma passadinha no meu perfil e procurem Poemas Aleatórios é um livro pequeno e vale a pena ler e lá eu atualizo com mais frequência, já que tenho poemas prontos..

Espero que vocês ainda me amem.

Até a próxima!

Bjs da Nah!!

x

Blank Space [Projeto 1989]Onde histórias criam vida. Descubra agora