Prólogo

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- Sabrina é a última vez que eu te chamo. Se você não aparecer em minha sala em dois minutos será demitida.

Camille está sobrecarregada hoje. Sabrina, a secretária, não ajuda com essa demora.

- Senhora Fairchild, eu suplico, tenha paciência. Eu estou com um cliente importante.

- Nenhum cliente é mais importante do que eu. Um minuto Sabrina.

- Ok. Estou indo.

Alguns minutos mais tarde...

- Senhora Fairchild, me perdoe.

- Está tudo bem Sabrina. Eu só quero que você separe um vestido de festa pra mim. Aquele longo vermelho da minha coleção pessoal. Vou a uma festa familiar hoje e não posso perder a oportunidade de aparecer mais do que minhas primas médicas que se acham as donas do Saint Paul.

- Claro senhora Fairchild. Mais alguma coisa?

- Ligue para Ben e diga para ele vir a minha casa às 18:00. Preciso do meu cabelo perfeito essa noite. E ligue também para Beatrice. E é só. Quero meu vestido aqui às 16:00.

- Sim senhora. Com licença.

Algumas horas depois...

Tudo estava pronto. Camille estava poderosa em seu vestido vermelho. Seu batom, também vermelho, realçava sua pele clara. Os olhos verdes bem marcados. Os cabelos longos e castanhos, estavam arrumados de maneira simples e despojada, dando um ar de menina para uma linda mulher.

Os sapatos, também vermelhos quase não apareciam. A fenda na perna esquerda se estendia até o meio lateral das coxas.

Se sentia a dona do mundo. Mas algo a incomodava, mas não sabia o quê.

- Menina, está tão bonita. - diz Maria a governanta/outra mãe de Camille.

- Obrigada Maria. Eu volto cedo, não se preocupe. Você pode ir descansar a hora que quiser.

- Tudo bem menina. Amanhã bem cedo nos vemos. Cuidado e juízo minha diabinha.

- Tá bom meu anjinho. Até amanhã.

O motorista, Richard, um senhor de quase 50 anos, já estava a esperando no portão. Dirigiu em silêncio até o salão de festas do hotel Gaspar.

- Richard, venha me buscar às 22:30. Não quero ficar muito tempo. Se eu demorar a sair, já sabe.

- Acionarei a segurança se necessário senhora.

- Ótimo. Até mais.

- Até senhora.

****Camille narrando****

Humberto Gaspar foi muito gentil em ceder o salão do hotel principal para a festa da família Fairchild. Mas eu sei muito bem que essa gentileza tem nome, sobrenome e objetivo: Camille Fairchild, sexo.

E esse objetivo eu não sou capaz de cumprir.

Tenho nojo desse homem. Ele me repele desde o sorriso idiota até a pose de homem cheio de si.

Não sei ao certo quando meu asco por ele começou, acredito que desde a primeira vez que o vi.

Agora ele está vindo em minha direção com toda a pompa de homem safado que acha que vai ter algo mais comigo. Baixa a bola querido, sou eu quem mando.

- Minha cara senhorita Fairchild. É um prazer reencontrá-la.

Olhei para ele e dei meu melhor sorriso.

- Pena que eu não possa concordar senhor Gaspar.

- Afiada como sempre. Gostaria de saber se é assim entre quatro paredes também.

- Pode apostar que sim. No entanto não sou capaz de realizar esse seu capricho. - Me virei de costas para ele e meu objetivo era ir até minha tia, mas ele me segurou pelo braço de maneira possessiva, e juro que se não fosse pelo nojo, eu teria cedido a ele ali mesmo.

- Vamos com calma meu doce. Eu te quero e eu te terei. Cedo ou tarde.

- Tomara que tarde. Ou nunca, que é minha preferência.

- Ainda insistindo em Camille, Humberto?

Ah, minha salvação, Adalberto Lima. Meu antigo advogado e paquera. Tive uma boa relação com ele. Uma pena ele ter se apaixonado e casado.

Bons tempos.

- Nós só estávamos conversando amenidades. Nada demais não é Camille?

- Claro. Beto querido, poderia me dizer se viu minha tia Lucinda?

- Sim, está no 2° andar.

- Obrigada. Com licença cavalheiro - olhei para Beto. - e cavalo - olhei para Humberto.

Adalberto saiu rindo me deixando sozinha com aquele idiota.

- Camille, eu só vou avisar uma vez. Um homem apaixonado é capaz de tudo para ter a mulher que ama. E se eu não posso te ter, ninguém mais terá ouviu bem?!

Eu nunca tive medo de nada e muito menos do Humberto. Mas o ódio e obsessão nos olhos dele me assustaram muito. E ele se afastou antes que eu tivesse uma reação.

****** Algum tempo depois ******

Agora são exatamente 22:20. Estou esperando Richard me buscar. Olho impaciente para o estacionamento vazio de pessoas e cheio de carros. O vento frio da noite me deixa arrepiada e uma voz ao pé do meu ouvido me faz gritar e ter a boca tapada logo em seguida.

- Oi minha dama de língua ferina. Achou que eu estava brincando?

Eu só podia me debater. Não havia mais ninguém e Richard chegaria em pouco tempo, eu só precisava distraí-lo por alguns momentos.

- Eu disse que faria qualquer coisa para lhe ter. E eu te terei nem que seja a força.

Nesse momento eu comecei a chorar.

- Agora vai chorar vadia?! Você gosta de dar pra tantos por aí e não é capaz de fazer isso por mim?! Cadela safada, eu vou te mostrar o que é um homem de verdade.

Ele puxou meu vestido com tanta força que ele rasgou e eu fiquei praticamente nua em sua frente. Me senti humilhada ao extremo. E achei que minha vida acabaria ali mesmo.

Ele começou a me apertar e eu só sabia chorar. Não tinha forças para gritar. Fechei os olhos e esperei minha vida findar. Mas de repente eu o senti se afastando de mim e ouvi um barulho de soco.

Ao abrir os olhos vi que um dos seguranças da minha empresa estava socando Humberto com toda força.

- Desgraçado. Sabe o que fazem com homens como você na cadeia?! - um soco -  Viram mocinhas no pau de homens de verdade. - um chute - Viram bonecas sexuais. - um chute nas partes e um grito de Humberto. - E depois morrem.

Aí eu percebi que meu segurança o mataria. E seria muito pior pra mim.

- Por favor, pare com isso. Você vai matá-lo. Não suje suas mãos com tão pouca coisa.

E ele parou. Se levantou, olhou para mim. E, meu Deus. Eu sei que acabei de ser atacada. Mas que homem é esse?! Ele olhou para meu corpo descoberto e veio na minha direção. Tirou o casaco e me cobriu e eu nem percebi até o momento em que ele me pegou no colo, que eu estava chorando ainda e que devido ao frio estava tremendo.

- Eu vou te matar sua vagabunda. E vou procurar esse seu segurança de merda no inferno se for preciso.

Eu ouvi Humberto dizer antes de simplesmente apagar no colo do segurança gostoso.

Blank Space [Projeto 1989]Onde histórias criam vida. Descubra agora