[Capítulo Bônus]
ponto de vista do Michel
Eu sempre fui contra.
Não queria adotar o Gustavo. Achava que não precisávamos ter um filho e só teríamos gastos. Alguns amigos me falaram que filhos adotados sempre destruíam a família.
Mas, toda vez que Marta me pedia uma coisa com aquela voz manhosa, eu acabava cedendo.
—Amor, soube de um menino recém-nascido num hospital aqui perto. Disseram que eram trigêmeos. Um nasceu morto, um está muito doente e o terceiro é o que podemos adotar. Está na nossa vez na fila.
Ela disse com tanto entusiasmo que não tinha como eu negar a ida ao hospital ver o menino. Nós nos arrumamos e dirigi sem pressa para o Hospital. Chegando lá, a Assistente Social nos recebeu e nos levou para o berçário.
—Senhores, ali está o menino. Dos três, é o único saudável. O irmão gêmeo dele é aquele ali, o menor. Tivemos que colocá-lo na incubadora, porque ele nasceu com um peso muito baixo. Além disso, ele está com uma doença rara, precisa de operação para ter vida longa.
—Isso é terrível. Coitado deste menino. O que houve com a mãe deles?
Marta se apressou a perguntar
—Ela morreu no parto.
Uma enfermeira com um olhar estranho apareceu ali do nosso lado do nada. Eu até me assustei um pouco. Dava para ver que ela estava censurando a Assistente Social.
—Isso é terrível! Eu posso ver o menino?
Conhecia minha mulher. Essa história triste a comoveu e ela já estava com vontade de levar esse para casa. Já havia falado que adotar um filho não era adotar um cachorro. Mas, não adiantava.
A assistente nos deixou ver o menino e confesso que até eu fiquei balançado. De fato, era um menino bonito e forte. Atrevo-me a dizer que era o mais forte daquele berçário. Quando nós saímos, via um sorriso enorme do rosto da Marta e tive certeza: aquele menino seria nosso filho.
Eles tinham pressa para que eu fizesse logo a adoção. Estranhei que no Cartório me deram uma Certidão como se ele fosse meu filho legítimo. Pelo o que eu sabia, deveria constar que era uma adoção. Eu cheguei a perguntar, mas a tabeliã me lançou um olhar esquisito e disse que era o procedimento normal.
Pronto, agora o menino se chamava Rafael Lincon.
Eu estava feliz, agora era pai. Apesar de tudo, de os meus sentimentos contra essa adoção, eu estava feliz sim. Segurava aquele menino tão pequeno em meus braços e sentia a missão que teria a partir daquele dia: criar um homem.
*******
—Vamos, Rafael. Não vamos deixar seu pai esperando para festa.
Eu já estava me preparando para ir para o carro e Marta resolveu chamar pelo nosso filho. Mas, pelo visto, ela mudou de ideia e resolveu gritar por ele mesmo. Ele desceu as escadas com pressa, pediu desculpas e entrou no carro, sendo ela a última a entrar.
—Está atrasada!
Rafael gostava de brincar com a mãe, que fez uma cara feia de início, mas logo percebeu a brincadeira do filho.
—Porra, vocês competem para ver quem demora mais para se arrumar.
Falei com uma cara braba para os dois.
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Chegou o amor! (Finalizada!)
Romance[Continuação de Entre o amor e a sobrevivência] Gustavo tem 20 anos e sempre foi rico e mimado. Por ter crescido em um lar com três pais, nunca foi segredo para ele o fato de ser adotado. Quando começa na faculdade, se envolve em muitas confusões e...