Daylight

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Eram nove da manhã quando aos poucos, os pequenos raios de sol atravessam preguiçosamente as persianas entreabertas do quarto de John. A usual amnésia matinal ainda se apossava da consciência de Katy, e foram necessários cinco minutos completos para que começasse a compreender onde estava.

Algo a alertava de que uma de suas atitudes na noite passada precisariam ser explicadas. Ou melhor, desculpadas. Ela tratou de refazer mentalmente os exatos passos que a levaram para lá, e por fim lembrou-se do detalhe que a deixou cair no sono no quarto dele.

Dormir enquanto alguém lhe mostra uma música, seria um elogio ou uma crítica da mais terrível espécie?

Preocupada, ela se arrastou vagarosamente pelo carpete até a porta, torcendo para que John não fosse obrigado a dormir em um lugar desconfortável. Era possível ouvir uma respiração alta e tranquila ecoando pelo corredor superior da casa, Katy marchou até o quarto de hóspedes e o adentrou do jeito mais silencioso que pôde. O observou em seu sono com um sorriso culpado no rosto, e então em uma voz delicada chamou por seu nome até que ele acordasse.

– John?

Ele suspirou de um jeito alto e coçou os olhos freneticamente até estar cem por cento desperto.

– Bom dia! – sibilou ele em uma voz baixa, sem nenhum indício de mal humor.

– Posso? – a morena perguntou, apontando para o espaço vago na cama ao lado do rapaz.

– Não precisa me pedir. – respondeu sorrindo, em uma carranca adorável ainda carregada de sono.

Katy saltitou até o beiral da cama, e se sentou recostando nos milhares de travesseiros que ele mantinha.

– Me desculpe.

– Por?

– Por dormir enquanto você estava comigo... – olhando para a camiseta dele em seu próprio corpo, ela completou - Aliás, por dormir aqui.

– Shhhh, não. – John levou o indicador até a própria boca a interrompendo – Não se desculpe, não existe nada de errado para se desculpar... Estou feliz que você ficou, e bem... Por tudo o que aconteceu ontem.

– Tudo? Até com a lama e o constrangimento?

– Até com a lama. – ele afirmou com a cabeça e riu lembrando-se da cena na noite anterior.

– Tenho que ir embora. – disse, agora enrolando um de seus dedos no cabelo bagunçado dele.

– Não.

– Judy deve estar preocupada, especialmente por que eu não disse pra onde iria.

– Os níveis de preocupação serão os mesmos, independente de quanto tempo você ficar...

Ela ponderou a possibilidade de inventar algo que convencesse Judy, mas a esta altura nenhuma desculpa seria convincente.

– Você ainda me deve uma refeição. – afirmou Katy, retirando subitamente os cobertores de cima dele – E estou com fome.

– E se eu arruinar o café da manhã também?

– Que tipo de pessoa arruína um café da manhã?

– Eu sou o tipo de pessoa que arruína lasanhas congeladas, acredite. – John se levantou e estendeu os braços em um tipo de alongamento que consequentemente expunha todas as suas tatuagens, já que a única coisa que ele trajava era uma calça de moletom verde-oliva.

Katy o observou fixamente, mas focou-se no que iria dizer antes que ele reparasse em seu olhar particularmente predatório.

– Bem, posso tentar te ajudar, mas quero alguma recompensa.

MontanaWhere stories live. Discover now