Quando se encara os holofotes em quase todas as situações cotidianas e profissionais da vida, criar os mais variados tipos de mentira, e o conto de fadas de pessoas e mundo perfeito se torna algo extremamente fácil. A habilidade de fingir, para suprir a necessidade de se encaixar em uma realidade moldada surge de forma natural. A facilidade de se obrigar a esboçar um sorriso mesmo que não haja motivos para isto, é nitidamente parte de todo o requisito para viver no mundo que a fama cria. E no fim das contas, se torna extremamente mais difícil tentar enganar a si mesmo. Quem tem o dom da farsa pública, dificilmente consegue manejar ter o dom da farsa interna.
Mascarar o rosto é estupidamente mais fácil que mascarar sentimentos.
Ela havia decidido por conta própria viver em estado mental de transe. Isto é, basear-se em ações e decisões que muitas vezes não se deviam a sua vontade, e sim simplesmente a necessidade de que fossem feitos.
Os dias e horas se tornaram um tanto quanto indiferentes... A verdade é que tentar não pensar, a fazia perder o controle, e eventualmente sua noção de tempo e espaço.
Nunca imaginara que seria tão trabalhoso não trabalhar.
Decidiu que encher-se de conhecimento a faria se sentir melhor e talvez motivada. Mas o fato de Katheryn colocar a vida em um piloto automático psíquico, tornava sua façanha de aprendizado inútil. Tudo o que lia, assistia e ouvia imediatamente escapava-lhe pelos ouvidos. Pensou que se encher de cultura lhe traria ótimas composições, mas até que ponto isto seguia o padrão de realidade e comprometimento pessoal que suas músicas seguiam? Outras histórias e caminhos que não fossem os seus não a ajudariam.
E depois de sessenta e sete dias foi que a realização de que estava fazendo aquilo errado a atingiu.
Obviamente ele não havia atendido a ligação. E por mais que houvesse sido um engano, ela gostaria que o fizesse.
Mesmo que não soubesse o que dizer. Mesmo que ele a desprezasse. Seria, ironicamente, como música para seus ouvidos ouvir sua voz. Mas quando escutou a mensagem rouca e engraçada da caixa postal de Mayer, finalmente se determinou a aceitar que aquilo jamais passaria de um mero romance de verão. E que talvez fosse melhor se as coisas continuassem assim.
Era fato que Katy fora a única culpada, mas o pretexto "não posso me envolver com você pela sua visibilidade", com certeza não seria a explicação mais decente do mundo.
Não gostaria de começar algo que teria grandes chances de ser arruinado, pelo simples fato de ambos serem quem eram. Já estivera na mesma posição no passado, e sua lição havia sido aprendida da pior maneira.
Depois de sua longa e entediante visita ao Getty Center, lhe soava infinitamente atrativo dormir por longas doze horas sob o efeito de duas queridas pílulas. Nos últimos meses elas eram parte de sua 'dieta', e era difícil realizar qualquer tarefa no dia sem pelo menos três delas. Eram quase dez da noite quando estacionou seu nada discreto Maserati branco na imensa garagem, e caminhou preguiçosamente até a porta da frente. Girou a maçaneta de forma incessante até perceber que a porta não se moveria. Pensou em bradar o nome de sua governanta part-time ou qualquer outro funcionário para que liberasse o acesso, mas não teria sucesso já que aquela era a semana de folga de sua staff. Logo, começou a fuçar o interior de sua inseparável e ampla Chanel á procura de sua chave reserva. Obviamente, a pequena peça prateada se perderia em meio à grande quantidade de produtos, documentos e acessórios que carregava consigo. Irritada, tratou de jogar todo o conteúdo sob o concreto do hall de entrada, e depois de artefatos que nem sequer lembrava-se de manter em sua bolsa rolarem calçada a baixo, viu a pequena chave se desgrudar do fundo, seguida de um escrito que não reconhecia.
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Montana
FanfictionKaty realmente é o tipo de mulher que confia em seus instintos, e quase sempre tenta seguir o que eles lhe dizem para fazer. Mas nem sempre eles estão certos... Ou será que estão? Seria John Mayer algo que seus instintos enxotariam ou acolheriam?