Já era manhã quando o barulho importuno de múltiplos sprinklers irrigando o gigante gramado da propriedade o despertou. Sua cabeça ainda rodopiava quando ele tentara se levantar de sua nada casual cama, e suas costas ridiculamente doloridas faziam qualquer tentativa de voltar a dormir falhar imediatamente.
Encarou as pequenas lâmpadas futuristas espalhadas pelo teto, enquanto ainda tentava acostumar-se com a claridade que invadia as longas paredes de vidro do lugar. Fez uma avaliação mental de tudo que se lembrava, e os poucos flashes da última noite o fizeram ascender de imediato de cima da mesa de bilhar, ato que se arrependeu após estatelar-se desorientadamente no chão impecável e liso.
Ele estava na casa dela. Na sala de jogos dela. Após uma cena ridícula presenciada por ela.
E a melhor hipótese que pôde pensar, era de que tudo aquilo não passava de um pesadelo meticulosamente bem desenvolvido por seu cérebro para puni-lo.
Observou o lugar, e tentou a todo custo lembrar-se de como fora parar ali, obviamente falhando. Um edredom repousava sob a mesa de bilhar, e aquilo indicava que evidentemente ela estivera ali mais de uma vez.
O salão parecia não ser utilizado com frequência, não era gigantesco ou algo que pudesse ser classificado como glorioso, mas cada detalhe no local tinha um toque moderno, e claramente combinava com a decoração de tudo que estivesse por ali. Três paredes eram inteiramente revestidas de vidro dando acesso á parte de fora, abrigando uma piscina que ele não se lembrava de ter visto anteriormente, e algumas máquinas e jogos manuais estavam espalhadas aleatoriamente pelo lugar. Por mais que sua criança interior desejasse bisbilhotar tudo por ali, John decidiu que o melhor a se fazer seria partir o mais depressa possível.
Deveria deixa-la provar do próprio veneno e ir embora sem avisar, ou esperar até que ela despertasse para se justificar?
Chegou à conclusão de que definitivamente a noite anterior necessitava de uma justificativa. Ou ao menos um pedido de desculpas.
Perambulou pela mansão tentando se recordar da noite anterior, e não foi necessário que ele a esperasse despertar, já que o barulho vindo da cozinha lhe chamou a atenção.
Adentrou o cômodo silenciosamente, e a viu manusear uma curiosa máquina de expressos, logo após a ilha de mármore no centro do ambiente. A encarou enquanto se recostava sob o parapeito da porta, e ela permanecia exatamente do jeito radiante que se lembrava. O cheiro de café tomava conta do lugar quando ela finalmente terminava de manipular o engenhoso aparelho, e servir duas xícaras do que parecia ser um sofisticado Macchiato. Um conjunto curto de pijamas cor salmão envolvia o corpo de Katy, e ele inutilmente tentou não derrapar em suas bem delineadas curvas, sentindo-se como um adolescente efervescente de dezesseis anos, ao encarar a parte de trás das coxas ligeiramente cobertas pelo tecido apertado por mais tempo que o pretendido.
Ela tinha a plena consciência de que John a observava, e o surpreendeu quando o fez despertar de seus devaneios lhe cumprimentando.
– Bom dia.
– Bom dia. – respondeu Mayer, sem emoção alguma.
– Sente-se, eu preparei um pouco de café... A única coisa que consigo fazer na cozinha sem que se torne um total desastre.
– Quanto eu devo a você?
– O que? – o encarou confusa.
– Pelo táxi.
– Nada. Você não me deve nada.
– Sim, eu devo... Quanto? – disse ele, enquanto retirava a carteira de couro do bolso esperando por algum valor.
YOU ARE READING
Montana
FanfictionKaty realmente é o tipo de mulher que confia em seus instintos, e quase sempre tenta seguir o que eles lhe dizem para fazer. Mas nem sempre eles estão certos... Ou será que estão? Seria John Mayer algo que seus instintos enxotariam ou acolheriam?