Montana

Kindness?

Era como se um peso invisível desaparecesse das costas de Katy, após a aceitação incrivelmente rápida de Judith surgir. A verdade era que, o tipo de aprovação procurado sequer existia. As coisas em Bozeman eram simplesmente assim, aprazíveis e sem a parte melodramática que um assunto de cunho amoroso poderia envolver. Apesar de Judy não demonstrar objeções quanto ao tipo complicado de relacionamento entre Katy e John, ela não deixava de presumir que passara dos limites ao leva-lo para a casa de sua hospedeira. E esta não era sua única preocupação, seu carro finalmente estava em seus ajustes finais, e não havia mais nenhum empecilho ou pretexto que a mantivesse ali. Judith deixara claro desde o começo que não aceitaria nenhuma forma de pagamento por sua hospitalidade, e aquilo a deixava desconfortável. Por mais que todo e qualquer evento da cidade ainda não fosse de forma alguma do feitio dela, Katy sentiu que o mínimo a se fazer era oferecer ajuda em qualquer um deles, já que eram de suma importância para Judith.

Os avisos correram por toda a semana pelo pequeno município, e era impossível não estar á par da lavagem de carros beneficente em que a loura obviamente se envolvera. Aproveitando-se da súbita e de não tão boa vontade caridade oferecida por Katy, ela fez com que a experiência de prestar bens á comunidade fosse um pacote completo, começando pelas roupas ridiculamente minúsculas que a fez usar.

– Você tem certeza que é um evento beneficente? – falou ironicamente, enquanto puxava a barra de seus shorts para baixo incessantemente – Porque isto não aparenta ser capaz de me dar nenhum benefício.

– Posso afirmar que este par de benefícios em sua blusa, irá arrecadar mais que o suficiente – retrucou ela, apontando para o suntuoso decote da roupa que designara a Katy.

O dia em Bozeman começava em um mormaço, que aparentava se estabelecer por ali por certo tempo. Cerca de vinte garotas, mulheres e até mesmo algumas senhoras se concentravam no pátio da pequena (e única) concessionária da cidade. Todas também haviam sido designadas á vestir o mesmo modelo indecente de Judy, e por mais estranho que parecesse, nenhuma delas aparentavam estar descontentes com os mais novos trajes, exceto é claro por Katheryn.

Em pouco tempo, o pátio vazio começou a se abarrotar de carros que em sua maioria apareciam perfeitamente limpos, e era óbvio que noventa por centos dos habitantes de sexo masculino na cidade, não perderiam a chance de ter uma amostra barata e abundante de corpos femininos de todos os tipos e tamanhos propositalmente quase seminus.

Por mais que o número de pessoas que haviam descoberto sobre a estadia de Katy em Bozeman fosse mínimo, sua presença ainda chamava a atenção, e não devido a qualquer talento ou fama que ela ostentasse, mas simplesmente por sua beleza opípara.

Os carros dividiam-se em filas, e nas lacunas entre eles as garotas se posicionavam com suas esponjas, baldes e mangueiras. Alguns grupos eram visivelmente ignorados pelos motoristas voyeurs, enquanto a repartição comandada por Katy e Judith começava a gerar um congestionamento quase que caótico. Duas horas repletas de olhares extremamente maliciosos e nem um pouco discretos se passaram, e a verdade é que Katy consideraria alguns até mesmo lisonjeiros, se não fosse pelo fato de que cada um deles lhes rendiam menos de dez dólares.

Uma das mulheres na fileira ao lado, começava a cochichar em um tom irritante sobre um dos carros que acabara de adentrar os portões. Não era um carro popular e nem ao menos comum se comparado ao estilo de vida de Bozeman, e logo a maioria dos olhares do local focaram-se nele. Uma Ferrari 599 preta e aparentemente tinindo, seguiu o trafego dos carros e adentrou uma das filas pacientemente. O burburinho feminino se alastrava a cada metro que o carro percorria, e quando ele finalmente se aproximou de seu grupo de lavagem, Judy não hesitou em deliberar seus cochichos.