Belief (I)

8 1 0
                                    


Esgueirando-se como um criminoso prestes a atingir sua vítima, Katy adentrara a casa de Judy na ponta de seus pés nas primeiras horas da manhã, e o fato de isto não incomodar a loira de forma alguma provocava certo incômodo na própria. Ela claramente estava indo e vindo por um motivo óbvio: coito.

Coito.

Era o nome dado mentalmente por ela á situação. Não era fácil de maneira alguma admitir em voz alta, que estava casualmente fazendo sexo e talvez se apaixonando por John Mayer.

Se apaixonando.

Ela também não conseguia dizer isto em voz alta.

Após todos os acontecimentos da noite passada e devido á sua clara sonolência, diferenciar, assimilar e lembrar-se do que havia sido dito pouco tempo atrás era uma tarefa complicada. Com a roupa do corpo e arrumação nula de sua cama, ela simplesmente seguiu sua rotina básica e entediante de férias forçadas em Montana, que consistia em dormir exageradamente em grande parte do dia.

Depois de um tipo humano de hibernação, ela acordara e a primeira coisa que reparou era o fato de o sol não atravessar as cortinas e a cegar imediatamente como de costume. Já era noite, e até mesmo a temperatura que normalmente a deixava com a sensação de estar no inferno parecia aceitável.

Descalça e envolta em uma camiseta xadrez masculina três vezes maior que seu próprio corpo, ela desceu as escadas e encontrou Judith cercada de blocos de anotações, canetas, documentos e uma calculadora no balcão da cozinha.

– Boa noite senhorita!

– Olá... – respondeu em uma voz ainda sonolenta.

– Isto chegou para você. – ela apontou para um envelope branco que repousava sob outro lado do balcão.

O envelope era razoavelmente grande, ele havia sido selado com um emblema feito de cera escarlate e continha uma frase escrita em uma caligrafia surpreendentemente bonita:

"Posso invadir seus pensamentos esta noite? – JCM"

Alguns segundos se passaram até ela finalmente lembrar-se do que se tratava, ela abriu o envelope e dentro dele haviam dois ingressos e um crachá, com uma estranha caricatura de Olivia Palito e seu nome logo abaixo.

Ela sorriu involuntariamente segurando o conteúdo do envelope, e quando verificou os dizeres no ingresso um choque de adrenalina a atingiu.

O show havia começado há exatos cinco minutos.

Judy encarou a expressão da morena, e com uma voz cuidadosa indagou:

– Existe algo que você queira me contar? – ela largou sua caneta e escorou-se nos próprios cotovelos. – Você sabe... Algo que envolva quatro paredes... Corpos... Gemidos...

– Ew Judy.

– Só uma dica! Ele é bom? Qual o tamanho? Vocês já tentaram a posição da mola?

– Eu não faço ideia do que você está falando. – disse ela em uma carranca confusa.

– Ora vamos não me deixe a ver navios! – a loira implorou.

– Ok... Ele é... Tão bom com a guitarra quanto neste aspecto. – Katy respondeu, e logo em seguida seu rosto corou.

– Então ele é do tipo que te faz atravessar paredes? Oh, eu nunca o imaginei desta forma e...

– Judy! – berrou envergonhada interrompendo os devaneios da loira.

– Bem, a imagem já foi plantada em minha mente. – ela gargalhou, e voltou a repousar seus óculos de leitura em seu rosto.

MontanaWhere stories live. Discover now