Capítulo XXIX

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Marcos PDV

Eu tinha saído mais cedo que o normal hoje pra fazer uma coisa bem importante. Eu tinha dito pra Emy que estava indo antes pra agilizar as coisas, mas, na realidade, eu tava indo conversar com o pai dela. Eu sabia o quanto ele era importante pra ela, principalmente depois do falecimento da sua mãe. Seu Volnei meio que acabou acumulando as duas funções, se tornando ainda mais primordial, tanto pra ela, quanto pra irmã.

No programa, a gente já tinha conversado diversas vezes sobre eu ter que pedir a autorização do pai dela pra gente poder namorar. Confesso que, no início, achei isso uma bobagem, mas passei a ver o quanto a benção dele era fundamental. Por isso, como eu não tinha tido a oportunidade de pedi-la em namoro, agora eu pediria a benção dele para o nosso casamento.

Eu estava bem nervoso. Apesar de termos estreitado os laços nesses últimos dias por causa da internação da Emilly no hospital, isso não apagava tudo que eu tinha feito pra ferir a filha dele. Sim, agora eu consigo enxergar que fui bem babaca com ela durante um tempo. Além de tudo isso, eu só tinha conversado com ele francamente uma vez, então essa conversa me deixava meio receoso.

Havia combinado com ele de nos encontrarmos em uma cafeteria que ficava próximo à casa deles, pra evitar que ele se deslocasse muito. Cheguei um pouco antes do horário combinado e sentei em uma mesa mais reservada. O café não estava cheio, mas, ainda assim, queria evitar que fôssemos atrapalhados no meio da conversa.

Cerca de 10 minutos depois, vejo-o entrando pela porta. Ele olhou ao redor na tentativa de me achar, e acenei pra que ele me visse. Assim que o faz, ele vem caminhando em direção a mesa.

- Bom dia rapaz! - ele fala enquanto me cumprimenta com um apertar de mãos.

- Bom dia seu Volnei! Vamos sentar, a gente pede e já vamos conversando.

- Pode me chamar de Volnei, Marcos. Afinal, nem sou tão mais velho que você - ele tira sarro da minha cara. Deixo escapar uma risada e concordo com ele:

- É mesmo Volnei! - pego o cardápio e rapidamente escolho o que vou querer. Noto que ele faz o mesmo. Chamo o garçom, que tira os nossos pedidos e volta a nos deixar a sós.

- Então, eu fiquei curioso quando tu pediu pra gente se encontrar. Aconteceu alguma coisa? Sei que minha princesa está bem, falei com ela antes de sair. Ela só estava empolgada com a ideia de descobrir o sexo do bebê de vocês na consulta de mais tarde.

- Pois é, ela tá que não se aguenta de tanta ansiedade. Tá louca pra descobrir se tem razão, já que ela cismou que é um guri.

- Ela me contou isso, falou que tinha sonhado... Mas então, sobre o que tu quer falar?

- Então... O senhor deve estar sabendo que estamos juntos, que deixamos o passado no lugar dele e decidimos só olhar pra frente na tentativa de sermos os melhores pais para o nosso guri.

- Sei sim, e achei uma atitude bem madura da parte de ambos, mas continua.

- Não é novidade pra ninguém o que sinto por ela... Posso ter sido bem babaca por um tempo, mas foi uma tentativa de chamar a atenção dela. Durante os meses que passamos longe, eu, em momento nenhum, esqueci da tua filha. Saí daquele programa amando ela e continuei amando aqui fora, mesmo tendo algumas atitudes estúpidas.

- A carta... - ele solta, deixando no ar.

- Isso, a carta. - falo, pesaroso - Mas, enfim, amo a Emilly e não duvido que ela me ama também, e agora, com o nosso filho, a gente precisou amadurecer. Não dá mais pra termos um relacionamento igual tínhamos no programa, com todas aquelas brigas e sem nenhuma "seriedade".

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