Capítulo XXIII

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Emilly PDV

Eu já tinha ouvido aquela declaração algumas vezes, mas ouvir nesse momento, tinha um significado totalmente diferente. Ele falar isso agora, passando por cima de todo o nosso passado, de todas as mentiras que contaram pra ele, tornava aquelas três palavrinhas bem significativas, e o momento, bastante especial.

E não sei ao certo em que minuto o mundo parou de girar, mas quando finalmente voltei à órbita, não tive dúvidas do que eu queria fazer. Fui lentamente me aproximando do seu rosto, olhando diretamente nos seus olhos, e eles me diziam que ele queria a mesma coisa que eu.

Nossas respirações se tocaram primeiro e depois os nossos lábios, com a delicadeza do cuidado, do carinho. A sensação de ter novamente sua boca colada à minha era sensacional... Eu achava que tinha lembranças do quão bom era o beijo dele, mas minhas memórias não faziam jus ao que realmente era. A gente se beijava lentamente, como que dizendo para o outro, todos os sentimentos ocultos dentro de nós.

Sua boca tinha a mesma forma, mas o sabor tinha um novo componente: saudade. Ahhh, como senti falta... Minhas mãos seguraram o seu rosto, sentindo a sua barba rala, enquanto as suas entranharam nos meus cabelos, inclinando minha cabeça do jeito que ele queria que ficasse.

Quando o ar finalmente se fez necessário, nos separamos e sorrimos marotamente um para o outro.

- Então, ééé... - eu tentei começar a falar, mas não sabia o que dizer.

- Pois é... - ele diz, da mesma forma.

Não contivemos o riso, e ficamos assim, sorrindo bobamente. O Marcos delineou a minha boca com os dedos e falou:

- Ainda é igual..

- O quê? - minha voz sai mais rouca que o habitual.

- A textura da sua boca... - ele continua sorrindo.

Eu o beijo de novo e ficamos abraçados, aproveitando o calor um do outro. Minha cabeça estava à mil, mas eu não queria pensar em muito mais. Não era o momento ainda. Já bastava a visita de D. Enilda amanhã.

- Meu bem, vamos dormir? - eu pergunto.

- Se é o que tu quer, então vamos. - ele assente, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

- Vamos sim. - Fiquei um pouco aliviada por não conversarmos sobre o que acabara de acontecer. O momento ainda não era aquele. Mas lembro-lhe - Não esquece de avisar a tua mãe.

- Sim, sim, vou fazer isso agora. - ele fala pegando o celular pra enviar a mensagem.

Eu saí do meio de suas pernas e deitamos novamente lado a lado. Ele me puxou pra deitar no peito dele e, no mesmo momento, nosso filho começou a mexer novamente.

- Já vi tudo! Ele vai ser igualzinho à você. - digo rindo - Totalmente inquieto.

- Eu não sou inquieto, só tenho energia demais.

- Sei, sei. - Assinto, ainda rindo.

- Ele não vai te deixar dormir. - Marcos fala, rindo também.

- Não vai deixar nós dois dormir! Como eu durmo agarrada contigo, logo tu também vai sentir ele mexendo.

- Olha o que eu fui arrumar... - Ele brinca, enquanto pega o celular de volta - Agora vem, deixa eu gravar esse guri mexendo, quero me exibir.

Eu me posiciono de barriga para cima, enquanto ele fica à postos, esperando o momento do bebê se mexer, o que não demora a acontecer.

- Ai Marcos, ficou lindo! Me manda, quero postar! - falo, após vermos juntos as imagens.

See You AgainOnde histórias criam vida. Descubra agora