Capítulo XXII

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Marcos PDV

A tarde passou rapidamente, já que me vi totalmente ocupado. Fiz algumas consultas, realizei uma cirurgia de nariz, e dei alta a alguns pacientes. Tão logo me vi indo pra casa, não tinha intenção de demorar, pois sabia que a Emilly não tinha se aquietado durante toda a tarde, a fim de saber qual seria o assunto que eu tinha pra tratar com ela. A prova disso eram as inúmeras mensagens que ela havia me mandado pelo whatsapp.

Enquanto tomava banho, comecei a pensar como seria a reação dela ao saber do desejo da minha mãe em conversar com ela, e não dava pra prever. Se tinha uma coisa que Emilly era, é imprevisível. E eu tenho que admitir ter um certo receio dessa conversa. Sabia que Dona Enilda não iria destratá-la, mas tinha medo que o rumo dessa conversa alterasse todos os avanços que nós dois tivemos nos últimos dias.

Resolvi então contar com o cosmos, que sempre tinha mudado as coisas pra mim, e eu esperava que ele continuasse ajudando.

Fiz uma lanche rápido e fui em direção à garagem, para me dirigir finalmente ao hospital onde Emilly estava.

-Cheguei, cheguei! - digo, entrando no quarto.

- Finalmente! Não aguentava mais esperar! – ela diz, fazendo bico enquanto levantava sobressaltada para abrir espaço para eu me sentar na cama.

- Isso tudo é saudade de mim? – pergunto rindo, indo sentar na beirada da cama, após beijá-la na bochecha.

-Não vou te responder. - fala, dando língua pra mim -  Mas me conta Marrcos, tu disse que tinha uma notícia pra me dar... O que é? – me pergunta, ansiosa.

Deixo transparecer uma certa tensão em mim no momento em que ela faz a pergunta, e isso a deixa alerta, provavelmente imaginando que eu não lhe daria uma boa notícia. Decidi ser direto.

- Emy, eu não sei como tu vai reagir e se vai concordar, mas minha mãe me ligou hoje, ela tá aqui no Rio e quer vir falar com você.

-Como? - ela me pergunta com aquela cara de quem não acreditou no que eu tinha dito.

- Isso mesmo, minha mãe quer vir falar contigo.

- Marrcos, eu sei que é a tua mãe, e eu respeito muito ela, mas eu não sei se tenho estrutura emocional nesse momento pra aguentar ser xingada cara a cara.

- Bem capaz que ela ia te xingar, Emilly! Ela sabe do teu estado e disse que só deseja uma conversa de “mãe pra mãe“, palavras dela.

Ela me olha e posso perceber toda a luta interna que está se travando dentro daquela cabecinha. Ela tinha razão em ter receio, admito que ela passou por coisas demais por conta da minha família, mas, hoje, eu jamais admitiria.

Ela dá um suspiro que me faz sair dos meus pensamentos e voltar a atenção de volta pra ela.

- Eu vou fazer isso por tu, Marcos. Sei que isso é importante pra você. Não vou faltar ao respeito com ela, mas tu me conhece, sabe que não sou de relevar desaforo. – ela fala com uma cara de Demy.

- Eu sei disso... Demy. – digo rindo, enquanto ela me olha impassível –  E ela também sabe.

- Quando ela vai vir?

- Quando tu achar melhor.

- Então liga pra ela e avisa pra vir amanhã de manhã. A mana tem coisas pra fazer assim como o Papito. Vamos poder ficar sozinhas pra conversar sem interrupções.

- Obrigada por fazer isso pelo nosso bem estar. – digo me aproximando dela pra lhe dar um abraço.

- Tudo pela nossa pequena família. – diz, enquanto retribui calorosamente meu abraço. – Agora vem, deita aqui, vamos assistir algum filme ou série.

Ela se afasta pra que eu possa deitar na cama, e assim eu faço. Eu já estava pensando em como faria pra dormir pertinho dela de novo, e ela me pedindo, já resolvia meu dilema.

Depois de algum tempo decidindo o que assistir, ela escolhe começar uma série, a Orphan Black. Confesso que não sou muito de séries, mas logo nos primeiros minutos gostei do enredo. Ficamos assistindo um bom tempo, e, quando acabamos o terceiro episódio, penso que já estava na hora de dormir.

- Vamos dormir, Emy?

-Não Marrcos, eu passo o dia todo deitada nesse quarto, não aguento mais. – diz, fazendo bico – Quero ficar acordada.

- Quanto ranço, nenê... – digo, acariciando o rosto dela – Então, quer fazer o quê?

- Humm.. Ficar agarradinha, estou carente e chateada por ter que ficar aqui.

- Então tá, vem aqui. – digo, enquanto mudo de posição, me sentando encostado à cama.

De pronto ela vem sentar entre as minhas pernas, com as suas costas encostadas no meu peito. A sensação de ficar agarrado à ela era incrível, e eu aproveito a posição que estamos para alisar a barriga dela.

- Será que ele ainda demora a mexer? – pergunto.

- Não sei Marcos, mas quero que seja logo. – diz virando o rosto pra mim.

Passamos um tempo assim, no silêncio, só curtinho a presença um do outro e todas as sensações que aquele ato de despertava: intimidade, cumplicidade, carinho... Enquanto alisava a barriga protuberante dela, senti um leve tremor, e imaginei logo que ela estava com fome.

- Sempre com fome... – digo, rindo.

- Não estou com fome.

- Então o que foi esse tremor?

- Não sei, deve ter sido impressão sua, Marcos. – diz, enquanto coloca sua mão também na barriga.

Nesse momento, como que pra confirmar que não tinha sido impressão minha, sinto um novo tremor, e, pelo olhar que me lança, ela deve ter sentido também. Antes que qualquer um de nós possa falar alguma coisa, um novo e mais forte tremor é sentido.

- Ele mexeu! – ela fala, chocada – Nosso filho mexeu, meu bem!

Eu não estava acreditando no que acabara de acontecer, nosso filho tinha mexido como que pra atender nosso pedido. A sensação de senti-lo mexendo era sensacional, era como se fosse uma confirmação da presença dele ali.

Sem que eu pudesse conter, lágrimas começam a rolar pelo meu rosto, eu estava feliz demais com aquilo.

- Obrigado meu amor, obrigado por me fazer tão feliz... – digo, enquanto beijo sua cabeça.

- Não tem que agradecer, meu bem... – ela fala, se virando pra mim – Ah... meu bem... - ao ver que eu estava chorando, ela me abraça e, pelo que posso sentir, chora também .

Um pouco mais calmo, levanto o rosto e encaro aqueles olhos que eu tanto amava. E eles me diziam tantas coisas, mas, naquele momento, eu só via amor.

Não sei ao certo quem falou primeiro, de quem havia sido o primeiro passo, mas falamos ao mesmo tempo aquilo que já sentíamos há muito tempo.

- Eu te amo..

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Notas da Autora :
E aí meus amores , gostaram do final desse capítulo?! Eu sei que estou devendo uma certa conversa , mas iria deixar o capítulo grande demais por isso decidi dividir em dois. Do próximo capítulo não passa. Me falem o que estão achando, preciso desse feedback. Beijos e até o próximo capítulo 😙

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