12# Assassino

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Aqueles corredores sem vida, aquela mulher andando de salto na minha frente, a luz azul que se refletia no branco, eu estava neurótico, prestando atenção nos detalhes, sabia que se pensasse muito sobre oque Nathan havia dito ou sobre qualquer outra coisa eu iria enlouquecer, definitivamente enlouquecer. só que eu também sabia que o tic tac da bomba ainda estava lá, eu só precisava tirar o pino e tudo explodiria.

-Aqui Sr Moore- a mulher abriu uma porta branca, eu nem havia percebido o caminho de como chegamos até ali.

uma sala toda branca com uma mesa de metal e cadeiras do mesmo material; ao entrar reconheci o porte alto, a jaqueta de couro e os cabelos castanhos grisalhos; meu pai estava encostado na parede oposta, perdido em pensamentos, quando me viu, foi até mim e me deu um abraço; aquele dia era o único do ano que ele não queria me bater. ele colocou a mão no meu ombro e ficou me olhando, olhos cor de mel, a barba a fazer, a expressão sempre carrancuda e cansada.

-Faz 8 anos hoje, filho.-ele deu um aperto no meu ombro.

eu o estava encarando, pensando, quando iria explodir tudo, analisando, só que sentia minha expressão de decepção, de tristeza, como se 8 anos atrás fossem hoje, só que eu tivesse a chance de vingar a minha mãe. só que eu não reagia a nada, ele estava falando alguma coisa, não prestava atenção, só pensava em como ele tivera coragem pra mata-lá.

-Ei! Garoto! preste atenção em mim quando estiver falando com você!-ele engrossou a voz, e sabia que se não fosse hoje ele já teria me dado um murro.-por que está com essa cara de merda? não tive todo esse trabalho de vir te ver pra ver você emburrado.

-você matou ela.-sussurei, e senti o pino sendo solto na minha cabeça.

-Quem? oque? não escutei.-ele respondeu e sua cara ficou mais carrancuda.

-você matou ela.-repeti.-VOCÊ MATOU ELA! POR QUE FEZ ISSO!? VOCÊ A AMAVA!-gritei.

-OLHA AQUI GAROTO NÃO QUERIA TOCAR EM VOCÊ HOJE, MAIS NÃO VOU TOLERAR QUE FALE ASSIM COMIGO!-ele me puxou pela camisa e me imprensou contra a parede.

-MATOU ELA!? ADMITE! VOCÊ MATOU A MINHA MÃE!?!? MATOU KATHERINE MOORE!? A MULHER QUE VOCÊ AMAVA!?-joguei tudo, ele se afastou de mim instantaneamente, como se tivesse levado um tiro, ele estava de boca aberta e parecia...triste ou culpado? eu não sabia ao certo.

-Eu não queria, eu a amava, amava mais que tudo, quando descobri sobre a vida dupla eu...eu...fiquei maluco filho...não podia aguentar ela tendo outro homem; então, fiz oque tinha que ser feito...-o pesar sumiu no final da frase, dando lugar a raiva.-ELA TINHA OUTROS FILHOS DYLAN! NÃO ERA SÓ VOCÊ, ENTENDE!? ELA ERA UMA CRIMINOSA CONTRA O GOVERNO! VOCÊ QUERIA QUE A SUA MÃE ESTIVESSE NA CAUSA DESSES REBELDES!?

-E DAÍ!? VOCÊ A AMAVA! QUANDO SE AMA, VOCÊ SUPORTA ATÉ O INSUPORTÁVEL E NÃO DESISTE! EU NÃO LIGO SE ELA TINHA OUTROS FILHOS, OUTRO MARIDO OU SE ERA REBELDE! ELA ERA MINHA MÃE! NÃO TINHA O DIREITO DE MORRER PRA UM IDIOTA COMO VOCÊ! EU TENHO NOJO DE VOCÊ! ME SINTO ESTÚPIDO POR TER PENSANDO EM ME TORNAR COMO VOCÊ!-eu soltei tudo.

-filho, olha, me desculpa...-ele começou e veio na minha direção.

-não! eu não quero te ver nunca mais, não quero ver o assassino da minha mãe. não ligo se você é o meu pai, nunca foi o pai que eu precisava; quer dizer, não conseguiu cuidar de mim e me mandou pra cá...se você estiver no meu caminho, eu não vou medir esforços pra acabar com você.-Eu passei por ele, que estava encolhido no canto da sala, seus olhos cintilaram quando passei, só que eu não liguei, não ligava mais pra aquele assassino, todo o orgulho que eu sentia por ele, tinha se transformado em ódio.-ah e mais uma coisa, eu sou um rebelde agora.-disse por fim e sai pela porta.

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