13# Feridas que nunca se curarão

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-Vá se divertir um pouco, tome um drink, vai perceber que o mundo é muito mais interessante se você não estiver sóbria.-dizia a mulher de cabelos louros, dando uma piscadinha, enquanto fumava em um beco.

-Eu...tô com medo...-Eu fazia um biquinho.

-relaxe querida, seus problemas vão sumir com uma dose, confie em mim.-ela me oferecia a bebida que estava em sua outra mão.

quando peguei, era uma bebida rosa que queimou minha garganta e me deixou zonza; sentia as lágrimas descendo pela minha bochecha quente, a sensação foi horrível no começo, aquele êxtase no final; o mesmo êxtase que eu sentia aos 12 anos, eu ainda sentia com 18, tantos anos depois.

Acordei com olhos cor-de-rosa me olhando, grandes olhos, que eram a única coisa em destaque. Alyce estava apoiada na minha cama, me encarando.

-oque está fazendo?-perguntei enquanto me levantava e arrumava os cabelos, que estavam desgrenhados.

-nada, você é só muito bonita, Brooke.-ela sorriu.

então percebi algo que não havia percebido na na noite anterior, eu havia chegado tão cansada; mais uma festa, mais bebida, mais música; não que eu não gostasse, só não aguentava o ritmo como antigamente. DJ não havia aparecido e eu devo ter pegado alguns caras, minha cabeça estava explodindo. percebi que o braço de Alyce estava enfaixado.

-oque aconteceu com o seu braço?-perguntei, e percebi o incomodo dela com a pergunta, o sorriso desapareceu rapidamente, virando uma expressão passiva.

-Eu tentei me matar.-ela disse como se tivesse sido algo casual, que acontecia as vezes, e deu um suspiro.-Eu bebi e percebi que a minha existência não era nada menos que insignificante.

-MAS QUE PORRA!?-gritei boquiaberta.-ALYCE HARRIS!

-oque? eu estava sofrendo iria acabar com aquilo de uma vez por todas.-a voz dela era suave, não estava gritando, na verdade estava até estranhando tanta calma.

-TÁ MAIS MESMO ASSIM, NÃO SE DESISTE DAS COISAS ASSIM; DYLAN, EU, A GENTE SENTIRIA A SUA FALTA! NÃO PODE FAZER UMA COISA DESSAS NUNCA MAIS!-gritei, segurando os ombros dela para olhar nos olhos, estavam de um rosa claro agora; percebi que ela usava uma camisa maior que ela mesma, branca e de botões, ela parecia um fantasma totalmente branco.

Alyce apenas suspirou

-Nunca mais faça isso!-eu a abracei, e ela me abraçou de volta, pra minha surpresa; senti o cheiro do Dylan na roupa dela, e me perguntei oque ele havia feito no dia passado já que não o tinha visto.

-Brooke, Brooke!-senti os tapinhas nas costas.-já chega, preciso te perguntar uma coisa.

-pergunte oque quiser.-respondi me afastando um pouco.

-por que você me defendeu lá no refeitório? você conhecia a minha mãe? estive me perguntando isso desde que cheguei e você citou o nome dela.

-conhecia, há muito tempo, ela...ela foi uma como uma mãe pra mim e só nos vimos duas vezes, e mesmo assim, ela era incrível...-me perdi em devaneios de novo.

Os homens me olhavam com desejo e prazer, era fácil conquistar qualquer um deles, bastava um olhar e já estavam se derretendo pra cima de mim, aos 14 comecei a usar roupas mais ousadas; queria ser desejada, sempre me lembrava da voz da mulher loura dizendo que tudo melhorava com um drink.

precisava do amor daquelas pessoas, precisava que elas sentissem inveja e quisessem ser como eu; meus pais nunca haviam me amado, precisava daquele amor. Até que uma noite, quando tinha 16, eu vi, no bar daquela boate, os cabelos esvoaçantes e louros, os olhos verdes, as roupas justas e o sorriso malicioso e doce.

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