Eu não sabia como me arrumar, não sabia sequer como fazer meu corpo se mover depois daquela notícia; foi como um tiro no peito, me sentia culpada, triste, e sentia que minha existência já estava começando a ficar insignificante.
-Alyce não é melhor você se arrumar logo?-perguntou Brooke colocando a mão no meu ombro.
dei de ombros pra tirar a mão dela dali e comecei a me mexer, mais no automático do que por vontade própria, por que tudo parecia cinza, meu mundo colorido estava ruindo, eu estava me perdendo. Coloquei um casaco preto, jeans velhos, um tênis e o cachecol que Brooke havia me emprestado, meu pescoço tinha passado de um vermelho vivo pra um roxo bem escuro, estava bem dolorido, mas era o menor dos meus problemas.
sem perceber o tempo passar, fazendo as coisas meio que no automático me vi no interior de um carro, era uma limusine, havia uma iluminação fraca em seu interior; uma máscara de gás no outro banco e um caderno de desenhos, eu não tinha reparado em nenhuma dessas coisas quando havia entrado; mais era obvio que a CAUS não ia ser tão descuidada, ali atrás virado na minha direção estava um homem com óculos escuros e um terno preto. não sabia se ele estava me encarando mas estava com medo que estivesse. Peguei o caderno de desenhos, e o lápis em cima dele, pensei em algo pra desenhar; Nada, não saia nada, toda minha inspiração tinha se esvaído; eu estava triste, me sentia como um robô, fazendo as coisas no automático, não deixando o desespero tomar conta de mim.
-Ei mamãe!-eu puxava a manga da minha mãe.-Eu quero aquele! eu quero!-apontava para a vitrine da loja de brinquedos; um coelinho super rosa com olhos de botões estava ali, eu adorava pelúcias; não entendia por que as outras garotas gostavam de bonecas cheias de coisas, coisas simples eram tão lindas.
-aquele ali?-minha mãe me puxou e me pegou no colo, apontando pra vitrine.-ou aquele? Ei, olhe aquele querida! é muito mais bonito!-minha mãe sorria ao falar, seus cabelos loiros estavam soltos em cachos, seus olhos verdes brilhavam, minha mãe era a mulher mais bonita do universo; principalmente quando estava feliz, oque ela sempre estava.-Não se preocupe Ally querida, mamãe vai comprar pra você no natal.
Um barulho de freio me acordou, aquela lembrança era tão real; queria poder voltar pra aquela época, quando as coisas eram fáceis, claro que Jessie batalhava muito mais ela ainda era saudável, viva.
-chegamos srta Harris.-Falou o homem sentado à minha frente com uma voz grossa que me fez estremecer.
ao sair da limusine me deparei com um hospital, não era muito grande e parecia particular; era todo cinza por fora com todas as janelas fechadas.
-Aqui Srta-ele me entregou a máscara de gás super brega.-não queremos que se contamine com o ar.
-isso me pouparia uns bons anos de vida.-sussurei, minha voz saindo como um grunido; porém o homem não percebeu nada, apenas deu de ombros.
Hospitais tinham aquele cheiro de cândida e álcool, algo monótono e vazio; sabia que aquele lugar era o cúmulo das doenças e o odiava mais que tudo, já tinha ido a vários hospitais com Jessie, antes de ela descobrir o câncer e depois, não tínhamos dinheiro para o tratamento então eu a levava quando a situação estava realmente muito ruim.
-foram vocês que pagaram tudo isso?-perguntei, sussurando.
-Sim, fomos a sua casa falar com seu responsável e sua mãe estava muito mal, depois descobrimos sobre o câncer; pagamos o hospital mais ela não estava melhorando.-o homem respondeu.
-Olá, quem desejam ver?-perguntava a secretária que ficava atrás do balcão, ela usava uma roupa cor de rosa, mais seu sorriso era plástico quase como o de nossa professora robô.
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Dystopia
ActionEm um mundo onde a tecnologia e os avanços dominam também há suas partes ruins, mortes, doenças, um governo autoritário com classes sociais oprimidas que são o cúmulo da sociedade. nesse cenário desordeiro uma empresa luta em causa das crianças e ad...