A Intercambista

William ll

_Quero você nua na minha cama AGORA!

Subo as escadas tranquilamente.
Ela fica parada na escada me observando, mas logo vem atrás de mim.
Me viro para falar com ela e um vaso de flor é arremessado na minha direção.
Consigo desviar.
O vaso se parte em mil pedaços ao colidir contra a parede.

_VOCÊ FICOU LOUCA?

Seu olhar é de puro ódio.
Ela está vermelha e chora sem parar.

_EU NÃO SOU NENHUMA PROSTITUTA SEU VERME!

Do que ela me chamou?
Ela perdeu o juízo?
Me vejo em vermelho.
Com passos rápidos, ando até ela.
Ela que antes tinha um olhar de ódio agora tem medo e arrependimento.

_Quem você pensa que é pra falar assim? EIN?

Aperto seu braço com fúria.
Ódio.
Raiva.
Não consigo me controlar.
Sua maquiagem escorre sob seu lindo rosto que fica banhado em lágrimas.

_Eeuu na nãaoo soou p putt aa...

Gagueja e não consegue terminar a frase.
Aperto ainda mais seu braço. A raiva me consome.
Odeio ceninhas e não é a primeira vez que elas fazem isso.
Inventam uma história triste e emocionante achando que vou acreditar e liberar elas.

_Acha que sou idiota? Não caio nessas ceninhas senhorita Mors!

_NÃO É CENA SEU BABACA, EU FUI TRAFICADA!

Grita com raiva.
Ela fecha os olhos aguardando um tapa. Não!
Jamais bateria no rosto de uma mulher.
Posso ser um babaca, mas covarde não!

Que historinha é essa de traficada? Essa é nova ein!
Já ouvi história de filho doente, mãe desabrigada, irmã com câncer... Mas essa de traficada é nova.
O que o dinheiro não faz né? Drama e choradeira para ser devolvida.

_Pode chorar o quanto quiser. Eu não vou te devolver assim fácil est...a..

_NÃO NÃO NÃO POR FAVOR NÃO - Grita e se ajoelha desesperada.

Que porra é essa?
Ela agarra minhas pernas e me com súplica.

_Eu faço o que você quiser, mas não me devolva!

Com desespero, ela começa abrir o cinto da minha calça e suas mãos descem a boxer branca.
A cena perfeita pra um boquete. Mas meu pau não subiria nem fodendo. Não agora com ela nesse estado.

A puxo pelos ombros e ela fica de pé, chorando e soluçando alto.
Arrumo minha calça e a pego no colo levando-a para meu quarto.
Ela chora em silêncio.
Parece frágil.
Devo dizer que ela está atuando muito bem, mas vou ver até onde ela vai com essa história.

A deito com cuidado sobre a cama e vou encher a banheira.
Ela fica em silêncio.
Não chora mais.
Seu olhar fica vago olhando para o teto sem nenhum brilho.

_Venha!

Pego sua mão ajudando a se levantar Tiro seu vestido com cautela.
PORRA!
Foco!
Meu pau da sinal de vida ao ver seu lindo corpo nu.

-/-

Massageio seu couro cabeludo e ela suspira. Seu corpo está relaxado, alinhado sob o meu.
Estamos deitados na banheira já faz meia hora. O silêncio está cada vez mais agoniante, mas não quero pressiona-lá a falar algo.
Está gostoso esse momento.

_Eu vi um anúncio na Internet sobre intercâmbio no Canadá... - Começa de forma tímida.
_...Conheci o senhor Welneer no Brasil, ele fez toda papelada do curso e no outro dia já estávamos aqui. Eu e mais duas garotas, fomos levadas àquela casa e descobrimos que tudo não passou de um golpe. Somos vítimas de tráfico internacional de mulheres.

Ouço a tudo em silêncio, absorvendo sua mais perfeita atuação.

_Uma das meninas tentou escapar e levou um tiro na perna. Eu não apanhei tanto porque a loira me colocaria a venda e com um corpo machucado ninguém compraria. A loira me ameaçou diversas vezes dizendo que se você soubesse disso, iria reclamar pra ela e na mesma hora eles iram matar minha mãe no Brasil. Bem, o resto do leilão você já sabe...

Ela se vira e me olha esperando uma resposta.
Não consigo dizer nada. Estou confuso.
Cameron seria capaz disso?
Ou será que ela está mentindo?

_Vamos sair a água já está ficando fria!

Ela me olha.
Me olha e me olha, reluta e sai da banheira. Cobre seu corpo e sai para seu quarto.
Fico na dúvida se vou atrás e a obrigo a se deitar comigo ou se me alívio no chuveiro. Acabo optando pela segunda opção.

-/-

"Não Não Não Não"

Acordo com gritos que ecoam por toda casa.
Diabos! Outro pesadelo?
Vou até seu quarto.

"Socorroooo!
Não Não Nãooooo"

Merda! O que eu faço?
Se eu segurar ela vai ser pior.
Se eu a sacudir ela se desespera.

_FABIOLA ACORDA!

Ela está suando e se debatendo ainda mais. Água!
Pego um pouco de água no banheiro e jogo no seu rosto.

_Acorda! - Assustada, ela senta na cama sem entender nada.

_Você estava tendo outro pesadelo achei água a melhor idéia pra te acordar.

_Nossa! Eu..., é.., hum

_Não precisa dizer nada apenas volte a dormir.

A atuação já me esgotou a paciência.
Volto para cama e tento pegar no sono, mas não tenho sucesso.
O olhar dela de súplica não me sai da cabeca. E a incógnita fica martelando na minha mente. Estaria ela falando a verdade?

-/-

Depois de uma noite mal dormida, chego mais cedo que o habitual no banco.
Ligo pro Rick, um grande amigo detetive que descobre tudo! Desde o número do seu sapato até seus últimos passos.

_Rick. Preciso de um grande serviço!

_Fala Wil!

_Fabíola Mors, uma brasileira de 27 anos. Quero um relatório sobre tudo de sua vida!