A Intercambista

William II

_Mii perdoa Will...

_Xiuuu! Está tudo bem. - Passo a mão no cabelo de Matilde, fazendo ela se acalmar.

Cara, como eu esperei por esse abraço. 

Minha mãe esteve todos esses anos na minha frente e eu nunca soube. Em certas vezes eu até desconfiei e cheguei a perguntar pra ela, mas ela negava e se demonstrava indiferente a isso.
Confesso que estou surpreso com tudo, mas não tanto como deveria. Talvez meu coração já sabia que ela era minha mãe e agora, só teve a certeza disso.

_O advogado está lá fora com dois policiais e...

_Calma, calma! Nada vai acontecer com você. Eu não vou deixar! - Matilde sorri, limpando as lágrimas dos olhos. 

_Ah meu filho, eu tenho tanta coisa para te contar! 

_Eu sei! Mas vamos falar disso outra hora - Ela concorda e me escuta com atenção. 
_Eu preciso que me ajude numa coisa...

_O que você precisar! - Aceno com a cabeça e um sorriso bobo se forma no meu rosto.

_Quero ver a Fabíola!

_Você sabe que ela está aqui, né? 

_Sim! O que aconteceu todo esse tempo que eu dormi?

_Sim! No dia que você levou o tiro, ela ficou tão nervosa que sua pressão ficou descontrolada. E desde então, ela está internada aqui.

Mas que porra! Quando eu acho que fiz alguma coisa certa, eu descubro que continuei fazendo merda! 
Era para ela estar bem, em casa descansando e cuidando do nosso filho. Mas nãoooo! Ela passa mal e fica internada no hospital. 
Caramba! 

_O que foi meu filho? Que carinha é essa? - Matilde me faz sorrir com suas palavras, ainda é estranho ouvir ela me chamar de "meu filho".

_Prometo que quando me sentir confortável, eu vou te chamar de mãe. - Ela sorri e pega na minha mão. 
_E sobre isso da Fabíola, eu sei que sou o responsável pelo sofrimento dela, e o certo de se fazer, é me afastar dela. Mas eu não consigo! Esses meses que ficamos separados, foi como a morte para mim e eu não posso mais perde-la.

_Como eu rezei por isso, Will! - Os olhos brilham de admiração e amor.
_E Deus ouviu todas minhas preces. Te fez um homem responsável, batalhador e acima de tudo, um cavalheiro apaixonado.

Ahh mamãe, acho que não é bem assim! A senhora não sabe nem da metade da história...
Será que estou mais pra um cavalheiro ou um cavalo? 
Diz a lenda que palavra de mãe é palavra de Deus, né? Então a resposta é cavalheiro!
Haaa, essa eu já sabia.

_Com certeza ele ouviu! - Agora preciso surpreender Fabíola, e sei perfeitamente como fazer isso! 
_Matilde, antes do meu pai morrer, ele me deixou uma caixinha de jóias e disse que eram da minha mãe. Dentro dessa caixa, tinha um anel que...

_Por acaso você está falando desse? - Matilde tira do bolso o anel que eu tanto quero.

_Esse mesmo! Mas peraí... Como você sabia?

_Esse era o meu anel da sorte! - Com um sorriso dócil, ela admira o anel de brilhantes. 
_Hoje, antes de vir para cá, eu tive um pressentimento que eu precisava dele. 

Sim! Eu te chamei aqui.
Eu precisava de ajuda e só a minha mãe poderia me ajudar. 
Meu pai apareceu e me guiou até você... Falando assim, até parece que é fácil explicar, algo que é inexplicável!
Algo que só eu passei, senti e vivi.
Respiro fundo para espantar todas as emoções e sigo com o plano.

_Vou pedir ela em casamento! - Matilde me entrega o anel, sorrindo de orelha a orelha.
_Você pode conseguir uma cadeira de rodas e ver qual quarto ela está? 

Matilde sai saltitando do quarto, dizendo que o filho dela vai se casar. Aff, mães!
Começo a sentir algo estranho no meu estômago... Deve ser fome, né? 
O que?
Nervosismo? Não, capaz!
Um homão como eu, nervoso por causa de casamento? 
Começo a tirar os fios, que estão ligados em mim e me viro para sair da cama.

_WILLIAN!!!

_PORRA MATILDE! Que susto! - Matilde entra com tudo e quase me faz perder o anel, que cai no chão perto da cama.

_A FaFaf... - Ela para de falar e respira fundo várias vezes, buscando fôlego.
_Ela tá vindo!

_QUE?

Diabos!
Agora quem tá sem fôlego é eu!
Nãoooo.
Ela não pode vir aqui! Vai estragar todo meu plano e.... Droga! Eu não gosto quando as coisas saem do meu controle.

_Eu nem sei o que vou falar...

_Will, se você quer surpreender ela, essa é a hora certa!

_Mas eu não to preparado e...

_WILL! - Matilde pega o anel do chão e me entrega.
_Vai!

Eu to nervoso!
É.
É eu to bem nervoso.

Me apoiando nas paredes, abro a porta e respiro fundo dando o primeiro passo para fora do quarto.
Uou! Uma leve tortura me faz segurar depressa no corrimão e me lembra que não estou tão bom assim...
O corredor está cheio de gente.
Alguns médicos, enfermeiras e doentes, andam pra lá e pra cá.
PQP!

_Quer ajuda? - Matilde segura no meu braço, agradeço e continuo.

_Não! Eu to bem.

Eu acho!
Algumas pessoas passam por mim e ficam me olhando, mas eu não dou bola. Tenho uma missão a cumprir! E missão dada, é missão cumprida.

Andando numa cadeira de rodas, vejo Fabíola vindo na minha direção.
Como ela está abatida.
Céus!
Nunca mais quero vê-la assim.

CARALHOOOOO!

Eu to parecendo um broxa.
Minhas pernas estão tremendo, meu coração está acelerado, minhas mãos estão suando e meu estômago não para de roncar.
Não sei se é de nervoso ou estou tendo uma parada cardíaca de novo.

_Oi!

_Ah meu Deus Will! - Fabíola se levanta rápido e fica toda preocupada em me ver ali.
_Vem! Senta aqui...

_Eu to bem! - O que eu faço agora?

_Você levou um tiro e estava em coma...

As palavras vão diminuindo, quando ela percebe o que estou prestes a fazer.
Com dificuldade, mas põe dificuldade nisso, ein! Eu quase caio no chão, mas puxo forças e consigo me ajoelhar perante ela.

_O que você...

_Fabíola Mors! - Estendo o anel brilhante e vejo seus olhos cheios de lágrimas.
_Aceita se casar comigo e ser a senhora Sins?