Hospital

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_Ai graças a Deus, você acordou...

Mesmo sonolenta, reconheço a voz. Agnes!
Estou numa sala branca, com vários fios e monitores do meu lado. Parece ser um hospital... Sim! É um hospital.
Os últimos acontecimentos surgem na minha memória e tento me levantar da cama, mas não consigo. Tem um monte de fios no braço e estou meio dopada, que não consigo nem me sentar.

_Ei, ei, mocinha! Pode ficar ai. - Agnes proteção chegou.

_Não! O Will...

_Xiuuu! Você tem que descansar. - Seus os olhos estão vermelhos, provavelmente, Agnes está chorando desde o dia que fui sequestrada.
_Que susto você me deu! Eu te avisei para ir no jantar...

_O Will ele... - Começo a chorar lembrando dele todo ensanguentado.
_Ele ele llevou uuum tirooo e...

_Ee eu vou chamar errh o o médico. - Ela gagueja e sai da sala.

Mas... o que??
Aiiii! A fisgada voltou.
Não posso estar em trabalho de parto, ainda falta quatro semanas pro meu baby vir. A porta se abre e o médico bonitão entra no quarto.
Deus, nem vem querer me distrair com esse filézão, por que eu quero saber do Will.

_Ah, olá Agnes! A senhorita por aqui - Aii esse sorriso lindo.

_Oi doutor! Pois é, eu tive uma forte dor na barriga.

_Vamos ver seu prontuário. - Ele mexe nas folhas e franze a testa intrigado.
_Acho que peguei errado. Aqui marca Fabíola Mo...

Ops!

_Aiii doutor! Minha barriga... - Abraço minha barriga e disfarço que sinto dor. Deus me livre ser presa por falsidade ideológica.

Preocupado, rapidamente ele larga o prontuário e verifica o monitor.
Ele estranha a minha dor, pois já estou numa dosagem alta de morfina. Mas eu não estou sentindo nenhuma dor, só fiz isso pra ele não ver que sou uma farsa!
Ele explica que minha pressão foi nas alturas e que quase tiveram que fazer uma cesária de emergência, mas conseguiram estabilizar. E que preciso ter cuidado dobrado agora. Nada de emoções fortes!

_Vou deixar você descansando e qualquer coisa é só apertar esse botão. - Ele me entrega um bip e se vira para sair do quarto.

_Doutor! - Já na porta, ele para e me olha.
_Sabe alguma coisa do paciente William Sins?

_Hum não, mas posso verificar!

_Eu agradeceria. - Exibi os lindos dentes brancos e sai da sala.

-/-

As horas se passam e ninguém veio me visitar.
Apertei diversas vezes o botão e toda hora vinha uma enfermeira diferente, ver o que eu queria. Perguntei pra todas sobre o Will e nenhuma soube me responder.
Toda essa agonia, me fez comer todo o estoque de gelatina deles.
Não é culpa minha! Eu fico aflita, imaginando mil coisas na cabeça e só a comida pra me ajudar nesse momento.
Com batidas leves na porta e um andar cheio de receio, Rick entra no quarto.

_Como você está?

_Cadê o Will? - Não aguento mais.

_Eu não sei, só vim pegar seu depoim...

_Rick para! Por favor, para! - Com os olhos cheios de lágrimas e o coração na mão, eu preciso saber a verdade.
_O médico já veio aqui e disse que não posso ter fortes emoções. Mas se vocês não me contarem o que está acontecendo, eu vou infartar do mesmo jeito!

Rick me olha preocupado e vai até a porta ver se alguem está vindo.
A ordem de ninguém me contar, foi bem clara. É por isso que ninguém veio me ver. Só Agnes que teve coragem de vir, mas saiu correndo assim que perguntei do Will.

_Bem, como você já sabe o Will pulou na sua frente e levou um tiro. Ele passou por uma cirurgia de emergência e conseguiram tirar a bala, mas ele perdeu muito sangue.

_Mas ele recebeu uma transfusão?

_Não conseguiram. - Vejo Rick com os olhos cheios de lagrimas e disfarçando que estava coçando o olho.
_Na hora da cirurgia, já usaram seis bolsas, mas mesmo assim, não puderam terminar.

_Meu Deus! - Passo a mão na barriga, sentindo meu pequeno chutar. Ele sabe que o papai precisa de nós.
_O que isso quer dizer? Eu não entendo nada de medicina e...

_Que o Will tem que passar dessa noite para sobreviver!

Toda a angustia e aflição volta me perturbar.
Abraço Rick, chorando igual uma criança no ombro dele. Ele alisa meu cabelo, me consolando e sentindo o mesmo desespero que eu.
Não quero perder o Will.
Não posso perder ele.
Céus, ele deu a vida por mim e nós ainda temos tudo pela frente. Não tivemos tempo...

_Euu q quero ve ver ele! - Entre lágrimas e soluços, consigo falar.

_Fabíola, você tem que se acalmar e eu não sei se pode...

_Po por favv favor!! - Me acalmar como? O Will pode morrer a qualquer minuto!

Rick se arrepende de me contar, mas vai falar com o médico.
Fico sentada esperando ele voltar e refletindo sobre tudo que passou.

Como minha vida deu uma volta muito louca e quase me matou! Me fez passar por tantos momentos... Uns bons, outros nem tanto.
Colocou pessoas incríveis no meu caminho, mas também, teve outras que eu deveria ter passado por cima.
Talvez vir pro Canadá foi um grande erro, mas um erro que eu cometeria de novo. De tudo que me aconteceu, levo comigo a maior benção que Deus pode me conceder.
Meu filho!
Que vou cuidar e amar pra todo sempre.

_Boa noite senhorita Mors! - Doutora Carla, que acompanha minha gestação, entra toda sorridente na sala.

Mas peraí!
Ela me chamou de Mors? Eitaaa.
Descobriram minha farsa e eu não tenho dinheiro para pagar a conta do hospital.

_Doutora, eu queria pedir desculpas por ter mentido, mas eu...

_Ah fica tranquila. - Ela retira o óculos e se abana com a plaqueta.
_O delegado gostoso... Ops, quero dizer, o delegado Rick! Ele me contou tudo e já resolvemos esse detalhe.

_Ãn? Ah claro. - Safadinha!
_Mas então, eu posso ver o Will?

_Minha querida, seu namorado se encontra numa situação muito delicada e você pode se alterar um pouco. Nós não podemos deixar sua pressão subir, pois seu bebê corre risco. Então se você me prometer que vai tentar manter a calma, nós vamos. Ok?

Balanço a cabeça concordando e segurando as lágrimas. Bem, o que ela me pediu é meio impossível né?
Mas pelo meu filho, preciso manter a calma e controle de tudo.
Ela me ajuda a descer da maca e sentar na cadeira de rodas. Me sinto um pouco fraca, mas ela disse que é normal.

_Ah e só para corrigir. - Ela se aproxima de mim, enquanto empurra a cadeira.
_Ele não é mais meu namorado!

_Minha filha! - Ela gargalha e diminui os passos.
_Se um homem pulasse na frente de uma bala por mim, eu nunca deixaria esse homen escapar! Casava na hora!

Ah Will, acho melhor você não morrer, se não eu te mato!








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