A Intercambista

Epílogo

FABÍOLA E WILLIAN 

Meses depois...

_Não consigo respiraaarrr! 

_Mas não precisa respirar. - Com muito esforço, minha mãe termina de amarrar o corset.
_Deixa para respira na lua de mel! 

_Ah claro! - Solto a respiração devagar, tentando não estourar o lindo vestido de renda branca.  
_Dai o Will vai casar com uma cadáver porque eu não vou sobreviver até lá!

Por que eu convidei minha mãe pro casamento, ein? A primeira coisa que ela falou quando me viu, foi de como eu engordei.
Eu até relevei o comentário e fiz de conta que não me importei, afinal de contas, eu estava com saudades dela e precisava de sua ajuda com o Heitor. Mas agora, depois de seis meses, ela já pode ir embora né? 
O Will vive reclamando que ela se mete em tudo e não nos deixa em paz, eu bem que tento explicar que é o jeito dela e tals, mas isso só piora e a gente acaba brigando.

Retiro o sapato da caixa e me sento no banquinho para calçar, mas é impossível.
Caramba!
Como que vou comer desse jeito? Depois de 18horas de jejum intermitente para entrar nesse vestido, preciso tirar minha barriga da miséria!
Minha mãe vendo minha agonia em tentar calçar o sapato, se ajoelha e me ajuda. 
Reparo em como ela está linda. Seu vestido verde escuro, combinou muito bem com sua pele clara e os cabelos presos num coque alto.
Olhando bem, minha mãe é uma coroa enxuta, mas é uma pena que não se valoriza e aceite as migalhas de amor do Marcos. 
Uix! Eu odeio esse cara. 
Terminando de fechar a fivela, me direciona o olhar cheio de lágrimas. 

_Ai minha filha! Te ver assim de noiva era o sonho do seu pai... - Ela seca a primeira lágrima e continua.
_Ele queria tanto te levar ao altar!

Ai droga!
Eu não posso chorar.

_Mãe, não começa! - Respiro fundo e desvio o olhar. 

Ah papai, como eu queria que você estivesse aqui!
Sei que ele iria adorar o Will, pois ele sempre enxergava o interior das pessoas. Era até engraçado, pois só de olhar a pessoa, ele já sabia se ela era boa ou ruim. Ele sempre acertava!
Céus! Não posso chorar!
Esse reboco no meu rosto demorou horas para ser feito. 

_Oh Fabíola, pare com isso! - Ela me entrega um lencinho e termina de calçar meu sapato. 
_Comigo aqui, seu pai sabe que você está bem cuidada. 

_Aham, claro! - HAHAHAHA a vontade de rir é grande, mas me contento em ficar quieta.

_É verdade filha! - Me fala muito séria, se levantando e ajustando o vestido. 
_Eu estou até vendo para o Marcos vir mês que vem e...

_OW OW OW PERAI! - Paciência tem limite, porra! 
_Que história é essa? 

_Oh filha! - Com um sorrisinho sem graça, ela se senta ao meu lado e pega a minha mão. 
_Agora que você está rica, você pode comprar meu grencar e trazer o Marcos para cá.

_HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

Agora eu não me aguento.
Caio na gargalhada, com a asneira que ela acaba de me falar.
Acho que vou procurar um médico para ela que trate de demência.
Do riso à serenidade, levanto depressa e olho bem séria para ela.

_Mãe eu te amo! Sério, eu gosto muito da senhora, mas tudo tem limite! 

_Eu sei, mas...

_E outra, nós não vamos comprar seu GreenCar americano, pois não tem lógica a senhora ficar aqui. - Ela achou mesmo que ia morar aqui?
_Eu agradeço toda sua ajuda com o Heitor, mas agora eu e o Will precisamos da nossa privacidade, sabe?