William

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_WILLIAM! - Ezequiel grita me tirando dos devaneios.

_Que foi?

_Porra, estou a meia hora te contando sobre o banco de Cancún e você está em outro lugar! - Não consigo me concentrar.

Não paro de pensar nela. Depois da nossa noite, Fabíola não conversou comigo. Largou sua mala na sala e se trancou no seu quarto.

_Conversamos outra hora, tenho que resolver um assunto. - Me levanto depressa, ajustando meu terno e pegando a pasta.

_Que assunto é mais importante, que seu banco estar sendo roubado no México?

_Não te diz respeito! Resolva do banco e me passe um relatório.

Abro a porta me retirando.
Passo pela minha secretária, mandando cancelar todos meus compromissos de hoje.

_Não sou sua secretária pra te passar um relatório William! - Ezequiel me alcança entrando no elevador.

Ficamos em silêncio aguardando chegar ao térreo.
Mando uma mensagem para Fabíola perguntando se está tudo bem.

_Além de ser seu advogado, sou seu amigo, seu bosta! - Ezequiel se apoia na parede do elevador.

_Mas que porra Ezequiel! O que você quer? - Ele parece irritado, cansado e triste, está descontando sua raiva em mim.

_Beber! Vamos ao Jones? - Jones é um bar que fica próximo a empresa, além de ter um bom charuto, tem sinuca e o melhor Whisky.

"Estou bem sim!" Fabíola.
Só isso?
Quando eu acho que vamos nos acertar de vez, as coisas parecem piorar.

_Acho que você está precisando transar e não beber. - Ezequiel bufa derrotado, passando a mão no cabelo visivelmente irritado.
_Olha sua cara de acabado!

_Deu tudo errado! Não consegui encontrar nenhuma prova no banco, meu avô está gostando cada dia mais de Agnes e o pior... - Dá um soco na parede frustrado.
_Ela não quer mais fingir o namoro.

"Queria te levar para jantar, já fiz a reserva." William.
A resposta não vem.

_Cobre o dinheiro dela que ela ira voltar na hora!

_Acha que já não fiz isso? Ela vai fazer um empréstimo pra me pagar.

"Não quero. Obrigada!" Fabíola.
Mas o que essas mulheres têm? São sádicas querendo ver nosso sofrimento?

_Eze, vamos ao Jones! Estamos precisando.

-/-

_Arturo Fuente - Leio a marca gravada no charuto que degusto. Enquanto Ezequiel está no quinto copo de Whisky e não para de falar na italiana braba. Agnes está mexendo com a cabeça do meu amigo.

_A melhor marca cubana, Sins! - Jones, o dono do bar, senta na nossa mesa, pegando um para fumar.

_O que os trás aqui, depois de tanto tempo?

_Mulheres! - Respondemos juntos.

Jones começa a rir alto e chama o garçom.

_Traga a garrafa de cinquenta anos e gelo.

_Eu parei por aqui, só vou acabar meu charuto e já vou - Aviso Jones, saboreando mais um pouco.

_Agora que cheguei à mesa, você já quer ir embora, Sins?

_Não é isso, é que convidei minha namo...éé..mul... PORRA! Não sei o que Fabíola é de mim.

_Su s sua mul..hh... - Ezequiel tenta pronunciar, mas cai bêbado na mesa. Merda!

Não posso ficar pra cuidar dele.
Quero conversar com ela e ver o que vamos fazer. Não temos mais um acordo de seis meses e não sei o que ela quer fazer agora.

_Jones, você pode cuidar dele? - Pego minha carteira e as chaves, me despeço de Jones.

-/-

Chego em casa e Fabíola está na sala vendo Tv.
Fico com receio de sentar ao lado dela. Não sei como está seu humor agora.

_Oi? - Falo colocando as chaves na mesa.

_Oi! - Não me direciona o olhar, apenas responde seca.

_Nós precisamos ter uma conversa.

Ela desliga a Tv e me dirige a atenção.
Não sei ao certo o que conversar, pois já disse tudo à ela.

_Você deveria procurar um psicólogo! - Ela começa quebrando o clima.
_Isso que você sente não é paixão e sim possessão.

_Nada disso... - Começo a me explicar, mas ela me corta.

_Só me ouça Will! - Me calo e concordo.
_Você é um homem maravilhoso que pode ter todas mulheres aos seus pés. Mas você é tão inseguro que prefere ter relacionamentos onde você é quem manda.

_Inseguro? Ficou louca, é?

_Olha quanto tempo você paga acompanhantes na Cameron? - Nada respondo, mas sei que são alguns anos.
_Isso não é sadio. É um comportamento inseguro, onde você é quem manda e não deixa o outro ter opinião. E eu não aguento mais isso Will! 

_Eu gosto de estar no controle e isso não quer dizer que sou inseguro.

_Você não vai aceitar minha opinião, mas eu te digo que você deveria procurar ajuda.

Era só o me faltava Fabíola me vir com essa.
Uma coisa não tem nada haver com a outra. Sou controlador e gosto de tudo no meu controle.

_Por isso Will, eu tomei uma decisão e espero que você respeite. - Fico apreensivo com sua decisão, esperando o pior.
_Eu vou me mudar daqui. 

_Mas por que? 

_Será o melhor para nós dois!

Não estou preparado para isso.
Sinto meu coração acelerar em imaginar ela indo embora.
Agora que eu realmente vi o quão a amo e a quero em minha vida, não posso deixa-la ir.

_Fabíola me escuta! - Me aproximo e pego sua mão. 
_Uma vez eu li em um jornal que nosso cérebro leva seis meses para amar alguém. Mas isso aconteceu no primeiro dia que te vi. E eu sei que você sente o mesmo por mim...

_Will não... - Tenta retirar sua mão, mas a seguro.

_Por favor Fabíola! - Seguro com delicadeza rosto, pedindo para olhar para mim.
_Me olha nos olhos e diz que não sente o mesmo!

Ela reluta.
Fica em silêncio.
E como se quebrasse por dentro, ela me olha.
Seus olhos estão cheio de lágrimas que caem de forma silenciosa.

_Will, você não pode fazer isso comigo! - Seca uma lágrima e contínua.
_Eu sou frágil e quando você não me querer mais, quem vai sair quebrada sou eu!

_Isso não vai acontecer preciosa!

Nada fala.
Me observa.
Dou um selinho em seus lábios e ela não retribui.

_Tome seu tempo e descanse. - Me levanto e beijo sua testa.
_Mas me prometa que não vai sair daqui assim. Demorei tanto para te encontrar e não estou pronto para te perder!

Me retiro da sala.

A IntercambistaOnde histórias criam vida. Descubra agora