Capítulo doze.

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   Estava tudo muito estranho. Chegamos em casa e falei para meu pai que meu queixo estava dormente. Ele se sentou numa cadeira e pediu pra mim deixar ele ver.

- Vem Maria, me deixa ver esse “arranhãozinho” – falou enquanto tirava o bandete, que parecia que estava rasgando minha pele.
- Ai pai! Agora eu senti doer – reclamei.
- Meu Deus! – meu pai falou chocado.
- O que foi pai? – perguntei assustada.
- Vá se trocar, vou te levar no hospital, isso não foi um arranhão, foi uma queda e feia, isso ai pega pontos – falou indignado.

      Corri pra casa pra me trocar e peguei um espelho do meu pai e olhei. Nossa, eu me assustei. Tinha um buraco profundo dava até pra ver o osso do maxilar. Era muito feio, o buraco era grande mesmo. O bom, era que não doía, só estava dormente, só doía quando mexia.

        Quando eu vi aquilo, me irritei com aquela mulher, como ela pôde mentir, disse que não era nada enquanto era um buraco feio. Mas por outro lado eu entendo, ela não queria me apavorar. Acho que ela pensou que eu sairia gritando com medo, ela tinha razão, com um buraco feio daqueles!

     Minutos depois, meu pai me chamou, me ajudou a me arrumar e pegou a chave da moto e fomos ao hospital. No caminho, eu só tentava entender porque estava dormente. Era até bom, imagina só se doesse, eu não aguento nem uma dor na unha!

     Chegando no hospital, meu pai foi logo falando que era emergência e que eu tinha que ser atendida logo. A enfermeira logo nos levou pra sala do médico, onde ele rapidamente preparou tudo.

- Vamos lá Mocinha, eu vou te dar uma anestesia pra você não sentir dor, vai ficar dormente certo?! – disse o doutor André.
- Eu ri – Doutor meu queixo já está dormente, desde a hora da queda.
- Hum. Isso é normal, a região do maxilar é uma área que contém mais osso, que carne e, a pouca carne que tem é uma carne que ela está ali por estar, pra cobrir o osso, ela meio que é “morta” – o interrompi.
- Fazendo assim com que eu não sinta dor e a dormência é devido ao fato dela ser “morta” – falei olhando para o médico.
- Muito bem! Parece que temos uma médica mirim papai! – falou sorrindo
- Que nada doutor, isso está muito óbvio! – meu pai me olhava com cara de espanto, aposto que ele não sabia que eu era esperta demais!
- Vamos, deite-se que vou começar a pontear – pediu o médico.
- Só deito se meu pai ficar comigo. Ele pode, não pode doutor?
- Ele riu – pode sim mocinha.

     De repente o doutor colocou um pano sobre meu rosto, deixando de fora somente meu queixo. Aquilo me deu muita raiva sabe?! Agarrei a mão de meu pai, quando senti uns beliscões enquanto o médico ponteava. Não deveria estar totalmente dormente?

     Enfim, acabou os beliscões, doutor tirou o pano do meu rosto e BAN! Estava tudo ponteado, pegou três pontos. Fomos embora do hospital e meu pai resolveu passar na casa da minha tia pra ela me ver. Antes de chegarmos lá, ele ligou pra minha mãe.

- Claudia, estou ligando só pra avisar que Maria caiu no meu trabalho e cortou o queixo.
- O que? Como ela está? Onde ela está? – perguntou minha mãe aflita.
- Calma, ela está bem, isso foi de tarde, acabei de sair do hospital com ela, pegou três pontos.
- Pegou três pontos e você manda eu ficar calma? Depois que aconteceu tudo isso é que você vem me avisar? Cadê ela? Quero falar com ela.
- Depois você fala com ela. Não te avisei antes porque fiquei tão aflito quanto você agora, depois te ligo, tchau.

     Foi só isso que conversaram. Ah, eu ouvi porque o celular do meu pai era muito alto e quem estava do lado ouvia, eu estava do lado, por isso ouvi! E fomos para a casa da tia, que alegria (só que não). No caminho, eu fui tentando abrir a boca e percebi que estava tudo dolorido, mal conseguia mastigar. 

     Ai, veio todo aquele drama dos parentes, dando um de preocupados. Todo mundo perguntando como eu estava e eu repetia a mesma coisa umas 20 vezes. Que estava tudo dolorido quando eu mexia a boca e nada mais. Eu já estava exausta. Chamei meu pai para irmos embora e fomos. Ele cuidava de mim tão bem, que me sentia a filha mais honrada do mundo inteiro.

Se eu pudesse voltar atrásOnde histórias criam vida. Descubra agora