Capítulo quinze.

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Part. Maria

     Expliquei tudo pra minha mãe e imediatamente ela ligou pra vários médicos se informando.

- Mãe, acho melhor ligar pra meu pai pra ele te explicar melhor isso tudo.
- Tem razão, vou ligar pra ele agora.
- Ajuda meu pai mãe, não deixa nada acontecer com ele.
- Não vai acontecer nada Maria. Agora vai, hora de ir pra escola.

      Eu fui pra escola, torcendo pra semana passar bem rápido, eu queria ver logo meu pai, ele é grande mas só tem tamanho, é teimoso quanto uma criança, acho que sei a quem eu puxei. Contei para minhas amigas a situação e elas como sempre, ficaram do meu lado me ajudando, me dando força. Tocou o sinal. Hora de ir pra casa.

- Então mãe, falou com meu pai? – perguntei tirando a bolsa das costas.
- Sim Maria, falei.
- O que ele disse?
- Que foi ao médico e passaram apenas um remédio pra dor, e que ele não se preocupasse, podia ter sido apenas uma picada.
- Picada é? Eu sei que picada foi essa. Se eu pudesse mandar prender esses médicos, iriam todos pra cadeia. Tá vendo que meu pai está doente, eu sinto isso mãe – falei chorando.
- Calma Maria, vai dar tudo certo. Vou ajudá-lo no que eu puder. Também pediram repouso pra ele, que ele de maneira nenhuma pegasse quentura e fizesse esforço.
- Conhecendo ele, não vai fazer nada disso. Ele não sabe ficar parado.

     Mais um motivo pra me preocupar. Pediram descanso total pra ele porque? Se é apenas uma “picada” não vejo motivos pra descanso. Vou tentar me acalmar, talvez eu esteja neurótica demais. Vai ficar tudo bem, eu sei que vai. 

      Enfim, a semana passou rápido, já é sábado e vou ligar agora mesmo para meu pai, espero que ele esteja bem.

- Alô, pai?
- Oi filha! – sua voz ainda estava rouca.
- Como o senhor está?
- Estou bem. Você vem hoje?
- Vou sim, liguei pra saber se o senhor vem me pegar.
- Vou sim filha, chego ai a tarde.
- Te espero. Te amo.
- Também te amo filha.

    É, está na hora. Meu pai chegou, avisei minha mãe, peguei minhas coisas e fui. Durante o caminho, meu pai já não cantava mais, não tinha mais aquela alegria de antes, não entendo o porque. Vou esperar chegar em casa, na esperança dele me dizer algo.
     Chegando em casa, fiquei esperando ele tirar o capacete da cabeça pra mim ver a tal “picada” e eu quase desmaiei de susto. Meu pai estava com o pescoço muito inchado e vermelho, quase não dava pra ele virar a cabeça. O inchaço era do lado direito, e eu sabia que aquilo não era uma picada.

- Pai o que é isso? Por que seu pescoço está assim? – meu sangue ferveu de raiva.
- Eu não sei. Desde aquele dia que vem inchando cada vez mais, parece que cresce um pouco a cada minuto – ele falou com desespero nos olhos.
- O que os médicos falaram? Eles não te pediram repouso pai, porque não obedeceu?
- Eu achei que não fosse nada filha, eu não posso parar de trabalhar, isso dói muito, agora nem o capacete eu aguento mais colocar porque aperta e minha audição está cada vez pior.
- É porque o senhor já tinha esse problema na audição e agora está piorando não é?
- Sim filha, está, eu não devia te contar isso desculpa, mas está cada vez mais difícil te esconder algo.
- Pai, o senhor vai ficar bem logo. Eu te prometo pai – saí correndo pra não chorar na frente dele.

    E foi assim, o fim de semana que eu achava que ia ser feliz, foi vendo meu pai deitado com o pescoço inchado, fraco, e sofrendo. Eu sentia que algo ruim ia acontecer, mas eu evitava pensar nisso. Então fui até meu pai e conversei com ele, até que me deu vontade de mexer na cômoda dele e procurar um filme bom pra assistir, enquanto não chegava a hora de eu ir embora.

     Eu não achei filme, mas vi um DVD de um show de um cantor, o nome dele é Eduardo Costa, perguntei se podia colocar, ele disse que sim. Começou o show, tinha cada música linda, me apaixonei pelas músicas desse cantor, mas chegou em uma que mexeu comigo o nome da música é O fora, que na verdade era de Leo Magalhães, era um show em que os dois cantavam juntos.

Olhei para meu pai e ele estava de cabeça baixa, terminou essa e começou outra, Você foi atriz.

Se eu pudesse voltar atrásOnde histórias criam vida. Descubra agora