Capítulo treze.

16 0 0
                                    

Dias depois...

- Bom dia bela adormecida! – disse Ana Alice soltando seu belo sorriso.
- Bom dia! – respondi atordoada a Ana Alice, ela é a esposa do meu tio, irmão do meu pai.
- Hoje é dia de tirar esses pontos do seu queixo. Seu pai pediu pra te levar, pois não liberaram ele.
- Ok. Fico pronta em 20 minutos! 

      Eu estava achando aquilo um absurdo. Eu caí no trabalho do meu pai, eles sabem que meu pai tem que cuidar de mim, e não liberaram ele meia horinha sequer. Mas tudo bem, meu pai devia ser muito talentoso e insubstituível mesmo!

      Fomos ao hospital, me livrei daqueles pontos horríveis. Enquanto o médico tirava aqueles pontos, lembrei de outra vez em que estava com os pontos chatos, mas dessa vez, eram no meu olho. Isso, no meu olho. Fui inventar de dar uma de adivinha, é não deu muito certo.

      Isso foi antes de meus pais se separarem, eles estavam andando atrás de mim e conversando. Enquanto eu fui na frente e inventei de fechar os olhos pra adivinhar quando alguma coisa estivesse na minha frente, quando eu sentisse que tinha algo eu desviasse. Assim pensei eu, porém a cerca me pegou. Não senti a cerca quando meu olho passou raspando, por pouco eu não fico cega.

     Pegou no meu olho esquerdo, bem no canto. Era sangue pra todo lado e meu pai e minha mãe desesperados. Enfim, ganhei um tapa olho feito de gases enorme, fora os pontos chatos. Ah como eu era maluca!

     Voltando, fui pra casa e voltei a rotina de sempre. Acordar, Tv, escola, Tv, as vezes sair, dormir e, assim sucessivamente. Eu parei pra pensar naquela rotina, era a mesma coisa da casa da minha mãe, só que lá parecia mais uma prisão, por conta da casa enorme e muros por todos os lados.

Dois anos depois...

    É, já faz dois anos que moro com meu pai e eu já não aguento mais a mesma coisa. De alguma maneira, eu preferia a casa da minha mãe, não sei como, nem porque. Eu amava e continuei amando meu pai mas, eu queria voltar.

- Pai, preciso falar com o senhor.
- Fala filha, estou aqui.
- Não quero que o senhor fique com raiva de mim, nem fique triste.
- Tudo bem, o que você quer? – falou preocupado.
- Eu quero voltar pra casa da minha mãe.
- Eu já imaginava isso. Você não aguenta mais essa mesmice não é?
- Não é isso pai. Eu vejo o quanto o senhor trabalha pra me dar o melhor e eu não quero mais que o senhor trabalhe tanto.
- Eu ando muito ausente eu sei, me perdoa filha. Talvez seja melhor você ir mesmo, sua mãe sabe cuidar melhor de você. 

     Eu falei aquelas palavras com uma dor enorme no peito. Estava deixando mais uma vez, meu paizinho pra trás. Só que dessa vez vai ser diferente, eu vou ligar pra ele com frequência e vou vir visitá-lo nos finais de semana. Agora eu só preciso ligar pra minha mãe pra avisá-la.

     Liguei, disse tudo pra minha mãe e passaram-se alguns dias e voltei pra casa da minha mãe. Minha irmã já estava grandinha, bem esperta, a coisa mais linda que eu já tinha visto nesse mundo. Voltei pra minha escola, para minhas amigas, pra igreja, voltei pra vida antiga.

Part. Naldo

    Não sei o que aconteceu, o que houve pra Maria querer ir embora. Talvez eu tenha sido falho em algum momento, ou deixei de dar a atenção que ela merecia. E agora ela foi embora, tudo bem, eu posso ir buscá-la nos fins de semana. Só não quero me afastar das minhas filhas de novo.

Part. Claudiana

      O que será que aconteceu pra Maria querer vir embora? Talvez ela tenha sentido minha falta, sei que Naldo cuidou bem dela, mas mãe é mãe. Eu deveria ligar pra ele pra perguntar? Acho que se ele soubesse teria me dito. Acho que ele está tão confuso quanto eu. Crianças!

Um ano depois...

Part. Maria

      Aquela confusão toda de eu ir embora e depois voltar, passou. Ainda bem que meus pais não vieram questionar comigo, até porque nem eu sabia o porque que eu mesma fui embora e depois voltei. Complicado né? Pois é, eu também acho! 

      É, já está quase no final do ano de 2010 (ainda está no meio do ano, é que sempre fui exagerada), próximo ano eu faço nove anos e meu pai já me ligou dizendo que quer fazer meu aniversário. Sim, claro, esqueci de contar que quando eu morava com ele, eu passava meu aniversário com minha mãe, por isso ele nunca fez uma festa ou coisa do tipo pra mim e próximo ano ele queria fazer e, não abria mão disso por nada. 

     Eu estava bem animada, meu pai iria fazer meu aniversário de nove anos e eu não podia estar mais feliz. Na escola, eu era um poço de alegria, era impossível ficar triste perto de Victória e Verônica. Elas eram umas peças, e eu era o carro que sem essas peças, eu não funcionava! Sim, elas eram minhas amigas, sabe, únicas e especiais.

     Certo dia, ao chegar da escola, meu pai me ligou, umas 17:30Hrs e disse que ia me buscar para ir pra casa dele, percebi a voz dele meio rouca, mais não dei importância ele ligou na sexta, eu disse que tudo bem. Fui arrumar a bolsa, não coloquei muita coisa afinal, eram só dois dias, sábado e domingo. A noite chegou e fui dormir ansiosa pra chegar na casa de meu pai.

Se eu pudesse voltar atrásOnde histórias criam vida. Descubra agora